Audiência na ALMG discute criação do Dia do Heavy Metal em reconhecimento ao legado cultural do gênero em Minas Gerais


Bandas Sepultura, Sarcófago, Overdose e NADA participaram da reunião na Assembleia — Foto: Alexandre Netto

Da Redação da Rede Hoje

Artistas e representantes do poder público participaram, nesta terça-feira (8), de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para debater o Projeto de Lei 3.388/25, que propõe instituir o Dia do Heavy Metal em Minas Gerais, com celebração em 1º de novembro. A proposta também prevê a criação do Mês do Heavy Metal, com ações culturais e educativas ao longo de novembro.

O projeto, de autoria do deputado Professor Cleiton (PV), foi discutido na Comissão de Cultura e ainda será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir à votação em 1º turno no Plenário da ALMG.

“A cultura mineira tem a marca da resistência, da rebeldia, da revolução, e o heavy metal tem uma página importante nessa história”, afirmou o parlamentar.

Referência mundial

A data escolhida faz referência ao lançamento do álbum “Morbid Visions” (1986), da banda Sepultura, considerado um marco mundial nos estilos death metal e black metal, lançado pela gravadora Cogumelo Discos, em Belo Horizonte.

Foto: Alexandre Netto


O guitarrista Jairo Guedz, um dos fundadores do Sepultura, afirmou que o movimento do metal em Minas não foi apenas musical, mas uma manifestação autêntica da juventude.

“Belo Horizonte tem o metal extremo, esse legado precisa ser transformado em política pública”, defendeu Guedz, sugerindo ainda a criação de editais culturais, um museu temático e um circuito turístico voltado ao gênero.

Reconhecimento da cadeia produtiva

O baixista Gerald “Incubus” Minelli, da banda Sarcófago, destacou que, nos anos 1980 e 1990, o crescimento do metal em Minas impulsionou uma cadeia produtiva envolvendo estúdios, técnicos, fabricantes de instrumentos e profissionais da sonorização.

Luiz Henrique de Vasconcelos, da banda NADA, relembrou episódios de repressão vividos por músicos no passado e celebrou o debate atual como um reconhecimento à história do movimento:

“A ALMG está fazendo justiça para um movimento esquecido na sua própria cidade.”

Já Cláudio David, do grupo Overdose, apontou o heavy metal como um dos gêneros mais ricos da música, com o Sepultura sendo a banda brasileira mais conhecida no exterior.

Apoio institucional

A superintendente de Fomento da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Maria Luiza Reis Jardim, afirmou que a contracultura também é cultura e defendeu que o reconhecimento do heavy metal como patrimônio cultural é necessário para sua inserção em políticas públicas, como leis de incentivo e programas de capacitação artística.

O projeto, ao propor uma data comemorativa, busca preservar a memória do movimento e fortalecer a identidade cultural de Minas Gerais, que se tornou uma das referências mundiais no gênero musical.


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