
O cartunista Jaguar, de batismo Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe (Foto: ABI/Divulgação)
Da Redação da Rede Hoje
O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido nacionalmente como Jaguar, morreu neste domingo (24), no Rio de Janeiro, aos 93 anos. O artista estava internado no Hospital Copa D’Or, na zona sul da capital fluminense.
Em nota oficial, a instituição informou que Jaguar enfrentava uma infecção respiratória que evoluiu com complicações renais. Nos últimos dias, ele estava sob cuidados paliativos. A direção do hospital manifestou solidariedade à família, amigos e admiradores.Jornal O Pasquim com charge de Jaguar
Jaguar nasceu em 1932 e iniciou sua carreira artística ainda nos anos 1950, quando trabalhava no Banco do Brasil. O primeiro desenho publicado foi na coluna Penúltima Hora, do jornal Última Hora, em 1952.
Na década seguinte, o cartunista passou a colaborar com a revista Manchete, onde consolidou seu estilo e adotou o pseudônimo Jaguar, sugestão do jornalista e colega Borjalo.
Sua trajetória ganhou destaque nacional nos anos 1960, com a fundação do jornal O Pasquim, um dos veículos mais influentes da imprensa alternativa durante a ditadura militar.
Entre os personagens mais lembrados de Jaguar está o rato Sig, mascote de O Pasquim. A figura tornou-se símbolo de resistência e ironia em um período de forte repressão política.
Durante a ditadura, o artista foi alvo de perseguições, chegou a ser preso e enfrentou processos judiciais, mas manteve seu trabalho em defesa da liberdade de expressão.
A irreverência de Jaguar conquistou gerações e influenciou toda uma escola de cartunistas e chargistas brasileiros. Seu traço satírico é considerado um marco na comunicação visual do país.Jaguar com Marcelo Madureira (do Casseta e Planeta). Foto: Agência Brasil
Nas redes sociais, diversos artistas e colegas de profissão lamentaram a morte. O chargista Angeli o definiu como “o maior” e destacou sua importância para a consolidação do cartum nacional.
Laerte Coutinho classificou Jaguar como “mestre querido” em publicação no X (antigo Twitter), ressaltando o impacto de sua obra na formação de novos artistas.
O cartunista Allan Sieber lembrou a generosidade de Jaguar, que chegou a editar um de seus livros no início da carreira.
Outros nomes do humor gráfico, como Genildo Ronchi e Chico Caruso, também prestaram tributos, reconhecendo a dimensão cultural da perda.
Jaguar participou de momentos marcantes da história recente, como o ato em solidariedade ao jornal francês Charlie Hebdo, em 2015, após o atentado que vitimou cartunistas e jornalistas em Paris.
Na ocasião, ao lado de colegas como Ziraldo e Miguel Paiva, defendeu a liberdade de expressão como princípio inegociável.
Em entrevistas ao longo da carreira, Jaguar costumava afirmar que o humor não pode ser contido e que o cartum deve sempre questionar estruturas de poder.
Suas charges frequentemente transitavam entre a crítica política, o humor cotidiano e a provocação cultural.
A produção de Jaguar foi publicada em diferentes jornais e revistas, além de livros que reúnem suas principais charges e reflexões.
Reconhecido também internacionalmente, o cartunista participou de exposições e encontros que reuniram nomes de destaque do humor gráfico mundial.
O legado deixado por Jaguar atravessa a história da imprensa brasileira e está registrado tanto em publicações quanto na memória de quem acompanhou sua trajetória.
Até o fechamento desta edição, não haviam sido divulgadas informações oficiais sobre o velório e sepultamento do artista.
O falecimento de Jaguar representa o encerramento de um ciclo fundamental para o humor gráfico no Brasil, marcado por ousadia, resistência e criatividade.
Sua obra permanece como referência para o jornalismo crítico e para a cultura brasileira, em um espaço de diálogo entre arte, política e sociedade.
Aos 93 anos, Jaguar deixa um vasto acervo de imagens, textos e memórias que ajudam a compreender parte da história recente do Brasil.
Fonte: Agência Brasil