
Sistema de identificação animal contribui para gestão individualizada e agrega valor à carne brasileira. Foto: Divulgação/MSD Saúde Animal
A pecuária brasileira vive um processo de transformação impulsionado pela rastreabilidade, um sistema de identificação individual de animais que vem ganhando espaço dentro e fora das propriedades rurais. A tecnologia, além de atender às exigências sanitárias e de exportação, tem se consolidado como instrumento de gestão, permitindo maior controle, transparência e ganhos financeiros para o setor.
Segundo dados da MSD Saúde Animal, uma das empresas que atua no fornecimento de identificadores, o mercado de rastreabilidade apresentou crescimento expressivo em 2024. Apenas a marca Allflex, especializada nesse tipo de tecnologia, registrou aumento de 20% no faturamento em comparação ao ano anterior. O resultado reflete a demanda crescente por soluções que garantam eficiência e rastreabilidade na produção.
A fábrica da companhia em Joinville (SC), voltada exclusivamente à produção de identificadores visuais e eletrônicos, abastece não apenas o Brasil, mas também países da América do Norte, Europa, América Latina, África do Sul e Austrália, mostrando a abrangência da cadeia de suprimentos do setor.
Na prática, a tecnologia tem se mostrado decisiva para propriedades rurais que buscam maior eficiência. A Fazenda Terra Madre, em Goiás, adotou a identificação eletrônica em 2014 e desde então conseguiu ampliar seus resultados. O gestor executivo e médico-veterinário Rodrigo Albuquerque relata que a estratégia garantiu valorização de R$ 7 por arroba na comercialização do gado e proporcionou ganhos de até 25% em produtividade, graças ao uso de dados que permitem conhecer detalhadamente o desempenho de cada animal.
Aumento de 20% no ganho de peso
Outro benefício destacado foi o aumento médio de 20% no ganho de peso diário dos bovinos, além de um retorno de R$ 10 para cada R$ 1 investido em rastreamento. Os chips eletrônicos, reutilizáveis, apresentam durabilidade comprovada, chegando a oito anos de uso contínuo na propriedade.
Especialistas apontam que o avanço da rastreabilidade no Brasil também passa por políticas públicas. Programas como o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos e iniciativas estaduais, a exemplo do Sistema de Rastreabilidade Bovina Individual do Pará (SRBIPA), reforçam a tendência de expansão da prática.
Para Albuquerque, a rastreabilidade não apenas garante acesso a mercados mais valorizados, como também atende à expectativa de consumidores que exigem transparência sobre a origem da carne. “O gado rastreado comprova segurança alimentar, responsabilidade social e respeito ao meio ambiente”, destaca.
Já para Luciano Lobo, gerente de negócios da MSD, a identificação individual representa o primeiro passo para uma gestão de precisão. Ele ressalta que o processo eleva o padrão das decisões produtivas e comerciais, reduz erros, melhora o bem-estar animal e amplia a sustentabilidade do setor.
Com resultados práticos e alinhamento às exigências globais, a rastreabilidade se consolida como um dos pilares para o futuro da pecuária brasileira, combinando inovação, eficiência e valorização da produção.