As comparações da FMF com a CBF e a Federação Paulista são inevitáveis em termos de competições, estruturas e apoio para os clubes
Os clubes de Minas pedem mais apoio da FMF. Foto: Pedro Souza, Atlético
Da redação da Rede Hoje
O Clube Atlético Patrocinense está propondo modificações na estrutura do futebol mineiro para viabilizar a participação de clubes em todas as divisões. O presidente Ronaldo Correia de Lima, dá como exemplo o próprio CAP. Lógico que teve problemas administrativos, mas não foi só isso que causou a derrocada do time grená de Patrocínio.
Há algo que precisa mudar no futebol mineiro. “Enquanto a Federação Paulista paga R$ 12 milhões por competição para o Bragantino (que é um clube intermediário), Atlético e Cruzeiro (que são os principais clube de Minas), recebem R$ 4 milhões cada da FMF. O que sobra para os clubes do interior?”, pergunta Iverson Mariano, economista, que atua no departamento financeiro do CAP
Com este tipo de argumento, o presidente do Patrocinense, Ronaldo Correia de Lima, mostra a inviabilidade dos clubes do interior disputar qualquer competição no estado. “Se a Federação Mineira de Futebol não encontrar uma forma de fortalecer os clubes do interior, não há saída”, explica o presidente.
E não é choro de perdedor. O departamento financeiro do CAP mostra que, para viajar a Tombos ou Governador Valadares, equipes do Triângulo colocam seus atletas dentro de um ônibus para viajar 1.500 quilômetros ou mais (ida e volta), numa tabela maluca, que não dá tempo para recuperação dos jogadores. “O clube se Tombense ou Patrocinense, quando vai como visitante, paga pelo menos 4 diárias de hotel e alimentação, o custo disso é absurdo”, diz o dirigente.
Mineiro mais rentável e atraente
Ronaldo Correia de Lima, presidente do CAP. Foto: Rede Hoje
Ronaldo Correia de Lima entende que a FMF poderia juntar os clubes do Módulo I, Módulo II e Segunda Divisão e regionalizar a competição. Faria uma divisão sub-23 e outra acima e regionalizaria. Por exemplo: clubes do Triangulo em um grupo, do Sul em outro e assim por diante. O nível de rivalidade entre os clubes do Triangulo e Alto Paranaíba, por exemplo é grande. “E a gente almoça e dorme em casa todos os dias”, diz Ronaldo Correia. “Viagens para Patos de Minas, Uberlândia, Uberaba, Araguari, Araxá, Paracatu, são muito menores para quem sai de Patrocínio e vice-versa; e assim é nas outras regiões do estado”, pondera o presidente.
O dirigente explica que para viabilizar, os clubes campeões de cada região, disputariam no ano seguinte, as oitavas de final do campeonato com os grandes da capital. “Seria um calendário anual e sem rebaixamento e quem montasse melhor time, chegaria. Porque todos querem enfrentar os grandes, mas para isso são muito sacrificados”, argumenta Ronaldo Correia.
Outra coisa é o regulamento, que coloca para disputar clubes de três chaves diferentes. Ou seja: pode ter uma equipe, que em número de pontos fica à frente do clube de outra chave e disputa o torneio da morte.
Gustavo Lopes, especialista em direito esportivo de Belo Horizonte. Foto: Acervo pessoal
Gustavo Lopes, especialista em direito esportivo de Belo Horizonte, diz que o problema nisso tudo é que os clubes todos que jogar com os grandes, mas, na mesma linha, sugere: "eu concordo. Mas, todos querem jogar com os grandes. Poderiam classificar 5 campeões regionais e fazer dois grupos de 4 com os grandes, semi e final. Seriam menos datas", pondera
Série D do Brasileiro
“Patrocinense repara-se para a Série D do Campeonato Brasileiro que vai disputar com muito mais folga de caixa”, explica Iverson Mariano
O que a CBF oferece
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) paga diversos benefícios para os clubes que disputam a Série D do Campeonato Brasileiro. Alguns desses benefícios incluem: ajuda de custo para as despesas de viagem e logística durante a competição; valor fixo por partida disputada, ajudando a cobrir os custos operacionais do clube; apoio na organização e logística dos jogos, como transporte de delegações e segurança nos estádios; divulgação e visibilidade para os clubes participantes, através de transmissões de TV e mídias digitais; possibilidade de obter premiações em dinheiro em caso de bom desempenho na competição; oportunidade de os clubes menores competirem em um torneio nacional e enfrentarem equipes de todo o país, gerando experiência e crescimento para os atletas e comissão técnica.
Esses benefícios ajudam a manter a competitividade e a estrutura dos clubes que disputam a Série D, possibilitando que eles continuem participando de competições nacionais e se desenvolvendo no cenário do futebol brasileiro.
Federação Paulista
Iverson Mariano, departamento financeiro do CAP. Foto: Rede Hoje
O Programa de Excelência da Federação Paulista de Futebol foi criado em 2016, com o objetivo de promover o desenvolvimento e aprimoramento do futebol no estado de São Paulo. O programa consiste em uma série de ações e iniciativas que visam aprimorar a gestão dos clubes, oferecer suporte técnico e administrativo, capacitar profissionais do futebol, além de promover a ética e a transparência na modalidade. Oferece aporte financeiro e condições para todos os clubes de todas as divisões. Com a implementação dessas iniciativas, a Federação busca tornar o futebol paulista cada vez mais profissional e competitivo.
Iverson Mariano, que é paulista, diz que “até o isotônico e impressora — para o clube imprimir os ingressos —, a Federação Paulista oferece para os clubes da série A3. Aqui em Minas, a FMF cobra dos clube R$ 0,49 por ingresso” informa.
“Se a Federação Mineira de Futebol quiser fortalecer os clubes do interior e até os grandes é preciso mexer, fazer alguma coisa, não há outra saída”, conclui o presidente