Município acompanha tendência nacional apontada pelo Censo 2022, que mostra queda no catolicismo e avanço da diversidade religiosa

Patrocínio segue a tendência nacional de transformação religiosa. Foto: Rede Hoje

Da Redação da Rede Hoje

Patrocínio, MG, reflete as transformações religiosas do Brasil reveladas pelo Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que os evangélicos seguem em expansão, enquanto os católicos continuam como maioria, mas em queda.

Em Patrocínio, 68,35% da população com 10 anos ou mais se declara católica apostólica romana, número ainda expressivo, enquanto a média nacional atual são de 56,7%. Já os evangélicos somam 23,72%, acompanhando a tendência de crescimento observada no país, onde esse grupo passou de 21,6% em 2010 para 26,9% da população em 2022.

Segundo a pesquisadora do IBGE Maria Goreth Santos, o crescimento evangélico se explica, entre outros fatores, pela maior exposição social do grupo. “Estão se impondo mais na sociedade, colocando seus valores, suas ideias, sua fé”, disse.

Outros grupos religiosos aparecem de forma mais discreta em Patrocínio: espíritas representam 2,07%, umbandistas e candomblecistas, 0,21%, enquanto pessoas sem religião somam 3,8%. Não houve registro de seguidores de tradições indígenas, e 1,74% se declararam adeptos de outras religiosidades, como islamismo, judaísmo ou budismo.

Tendência nacional

O Brasil vive um processo contínuo de mudança no perfil religioso. Em 1872, o catolicismo era praticamente absoluto, com 99,7% dos brasileiros. Em 2022, caiu para 56,7%, mantendo-se como maioria, mas mais próximo da metade da população. A queda mais acentuada ocorreu entre 2000 e 2022, período em que o índice de católicos caiu quase 18 pontos percentuais.

Enquanto isso, os evangélicos cresceram de forma constante: eram 15,1% em 2000, 21,6% em 2010 e 26,9% em 2022. A expansão, embora ainda robusta, desacelerou. Entre 2000 e 2010, o avanço foi de 6,5 pontos percentuais, enquanto entre 2010 e 2022, o crescimento foi de 5,3 pontos.

O Censo também apontou o aumento da diversidade religiosa. As religiões de matriz africana, por exemplo, passaram de 0,3% para 1%, enquanto o grupo sem religião subiu de 7,9% para 9,3%.
Fieis em passeata evangélica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Faixa etária e gênero

Os evangélicos são mais numerosos nas faixas etárias jovens. Entre crianças de 10 a 14 anos, representam 31,6%, um indicativo de que a tendência de crescimento pode se manter nas próximas décadas. Já o catolicismo predomina entre os mais velhos, chegando a 72% na população com 80 anos ou mais.

As mulheres representam a maioria em praticamente todas as religiões. No grupo evangélico, 55,4% são mulheres. Já entre os sem religião, os homens são maioria (56,2%).

Perfil por cor e escolaridade

Entre os declarados brancos, 60,2% são católicos, 23,5% evangélicos e 8,4% sem religião. Já entre os pretos, 49% são católicos e 30% evangélicos. O grupo indígena é o mais evangélico proporcionalmente, com 32,2%.

Quanto à escolaridade, os católicos têm a segunda maior taxa de analfabetismo (7,8%), atrás apenas dos adeptos das tradições indígenas (24,6%). Entre os evangélicos, a taxa é de 5,4%.

Patrocínio segue a tendência nacional de transformação religiosa, com uma população cada vez mais plural. Enquanto o catolicismo ainda reina, o avanço evangélico e o crescimento das outras crenças apontam para uma sociedade mais diversa e multifacetada também no interior de Minas.


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