Eustáquio Amaral | Primeira Coluna

Lenda. Ou mito. O patrocinense nato, revivido e homenageado agora, é os dois. Lenda (fatos reais, alguns folclóricos, e, históricos) e mito (forte componente simbólico). Político amigo (mesmo!) de JK, Alkmim e integrante do (antigo) PSD patrocinense. Educador, diretor de escola, dentista, idealista, filho do mais longevo e importante comerciante de Patrocínio. Pessoa simples, político que não utilizava recursos públicos. Nem para se promover, nem como salários. O seu exemplo teve raros seguidores. Patrocínio era e é feliz por ter tido um filho como Abdias Alves Nunes. Nesse mês, completa 44 anos de seu falecimento.

VEREADOR DO SÉCULO XX Como um dos fundadores (antigo) PSD, juntamente com Dr. Amir Amaral e família Alves do Nascimento, Abdias Alves Nunes foi eleito para vereador, pela primeira vez, no mandato de 1947 a 1950. Continuou sendo eleito nos subsequentes mandatos 1951-1954, 1955-1958, 1963-1966, 1967-1970 e 1971-1976. Portanto, vereador por seis mandatos por idealismo e desejo de servir a Patrocínio. Não havia remuneração nem diárias na Câmara Municipal, naquela época. Por isso, conseguiu diversos benefícios para Patrocínio, viajando de trem (RMV) ou Expresso União, utilizando recursos do próprio bolso. Não foi difícil coroá-lo como o “Vereador do Século XX”. Também foi presidente da Câmara Municipal (1963-1964).

E O QUE ACONTECEU EM 1958? O Brasil ganhou a sua primeira “Copa do Mundo” (com Pelé e Garrincha), e, a UDN (adversária maior do PSD) venceu, pela primeira vez, as eleições municipais em Patrocínio. Enéas Aguiar (prefeito) e Benedito Romão de Melo – Ditinho (vice-prefeito) comandaram a Prefeitura no período 1959-1962. Os derrotados pelo PSD foram Dr. José Figueiredo (candidato a prefeito) e Abdias Alves Nunes (candidato a vice-prefeito).

EDUCADOR VISIONÁRIO Além de suas atividades como dentista (na Praça Honorato Borges), político e construtor de casas para comercialização, Abdias dedicou-se de “corpo e alma” à educação. Na década de 50, juntamente com o seu amigo e prefeito Amir Amaral, criou a primeira escola do ensino secundário (hoje, Fundamental e Médio) gratuita do Município. Instalado graciosamente no Grupo Escolar Honorato Borges, com aulas somente à noite, o Colégio Prof. Olímpio dos Santos–CPOS deu vez e oportunidade aos jovens de famílias menos favorecidas. Ou seja, alunos que trabalhavam durante o dia e/ou que os pais não tinham recursos para pagar escola. O Ginásio Dom Lustosa e a Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio (hoje, Belaar) eram ensino pago (pelos pais).

EDUCADOR À FRENTE DE SEU TEMPO Logo, logo, sob o comando de Abdias, foi construído a sede própria do Colégio Prof. Olímpio dos Santos, à Avenida José Maria Alkmim. E mais, implantou o ensino Médio em Patrocínio. Com professores de Uberaba e de Patrocínio, criou o “Científico”. Como também foi modernizado o curso “Comércio” (três anos), destinado a formar técnicos em contabilidade. Abdias foi professor e diretor do CPOS, em dois mandatos.

Abdias Nunes num comício com pessoas importantes de Patrocínio na década de 1960: João Batista Queiroz, Paulinho Constantino (ao fundo), Não identificado, Carlos Silva, Sebastião Eloi dos Santos

CLUBE PTC VALEU UMA LATA DE JABUTICABAS No mandato de governador de Juscelino Kubitschek (1951-1954), ele esteve em Patrocínio para inaugurações. Em uma delas, em solenidade na Escola Normal N. S. do Patrocínio houve o diálogo entre JK e o desportista-vereador Nonato Matias Junior (Natinho), visando recursos para a construção de uma Praça de Esportes. JK concordou desde que Natinho conseguisse uma lata de jabuticabas para Dona Sara Kubitschek. Nessa hora, apontou para a jabuticabeira na casa do vizinho Hélio Elói (pai de Tânia Elói). E para lá foram JK, Natinho, Abdias Alves Nunes, dentre outros pessedistas, e, Sebastião Elói (jornalista) que se deliciaram com as jabuticabas. Em pouco tempo depois, vieram os recursos para a construção da Praça de Esportes, que é hoje o PTC-Patrocínio Tênis Clube. Em resumo, uma lata de jaboticabas viabilizou o PTC!

ESSE É O ABDIAS Nascido em 29/9/1916, faleceu em 26/7/1981, aos (quase) 65 anos. Filho de Manuel Nunes, criador da eterna “Casa Manuel Nunes”. Casado com a prof.ª Célia Aquino Nunes (falecida) e pai de Tomaz Eustáquio Nunes (fazendeiro e ex-empresário). Honesto. Abdias, um batalhador pela cidade sem nenhum interesse pessoal. Um legado para ser sempre lembrado. Exemplar político.

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