Jefé Consolação ou Gerson do Tó não tinha barreiras: aqui com Chacrinha (um dos melhores comunicadores do Brasil) e Juscelino Kubstcheck (o grande presidente, contrutor de Brasília). Foto: autor desconhecido
História. Felizmente, a amada cidade possui. Por isso, relembrá-la, às vezes, colabora na sua perenidade. Assim, como “petiscos” da eternidade, fatos rápidos sobre Olímpio dos Santos, Bernardo Guimarães, onde foi o começo de tudo e a razão das terras patrocinenses serem de Goiás em época distante.
PRIMEIROS CIVILIZADOS – Possivelmente, no tempo do descobrimento do Brasil, a região de Patrocínio era habitada pelos índios araxás e cataguás. Mas, somente em 1668 (alguns historiadores registram 1675), os primeiros homens brancos pisaram o solo patrocinense. Vinda de São Paulo, através do Sul de Minas, rumo à região de Paracatu, passou por Patrocínio, a bandeira de Lourenço Castanho Taques, que massacrou os indígenas. Quase trinta anos após, o famoso Anhanguera, Bartolomeu Bueno, comandou a segunda bandeira, que passou (com pernoite e descanso) pela região de Patrocínio. Ela veio de Sabará, via Pitangui, em direção às terras dos índios goiazes (hoje, Goiás).
EMBLEMÁTICO PRIMEIRO CAMINHO – Na gênese patrocinense, a abertura da Picada de Goiás (caminho para tropas), em 1729, torna-se o grande passo para o surgimento de Patrocínio. A Picada ligava Pitangui a Goiás (região de Catalão), passando pela gleba de José Pires Monteiro, situada entre o Ribeirão Feio e a Lagoa Seca (futura Patrocínio).
A SAGA DO SURGIMENTO – A atual cidade começou a ser erguida na região da Escola Dom Lustosa em direção à região do hoje Bairro Morada Nova. Eram verdes campos à beira de um límpido córrego. Posteriormente, batizado de “Córgo” do Rangel. Em etapas sucessivas foram surgindo a fazenda Bromado dos Pavões, entreposto, aglomerado de casas, lugarejo, povoado, arraial, vila e cidade. Nessas duas etapas (1842 a 1874), a urbe já alcançava a Praça da Matriz (com duas torres). Por isso, a primeira Matriz e a sede do primeiro prédio da prefeitura lá estão (hoje Casa da Cultura).
PATROCÍNIO JÁ FOI GOIÁS – Padre Félix José Soares, português, foragido da capital, Mariana, chega a Desemboque (hoje, município de Sacramento), que torna-se a 2ª Comarca de Minas. Pouco depois, com petição assinada por diversas pessoas da região, dirige-se à Vila Boa de Goyás, quando pede a anexação dos Sertões da Farinha Podre (Triângulo e Alto Paranaíba) à Capitania de Goyás. Obtém êxito. Ele alegava que em Goyás não tinha cobrança do Quinto (mas isso era um engodo).
MEIO SÉCULO DEPOIS A VOLTA – No dia 4 de abril, por meio de Alvará do Rei D. João VI, a região retornava à Capitania de Minas Gerais. A Comarca de Paracatu (sede da Ouvidoria), criada em 1815, possuía a jurisdição dos Julgados de Desemboque e São Domingos do Araxá (a quem Patrocínio pertencia). A versão mais aceita sobre a volta da região a Minas diz que D. Beja teve atuação decisiva. Anos antes, ela foi raptada pelo Ouvidor Joaquim Inácio da Mota, em uma de suas visitas a Araxá. Jovem, bonita, inteligente, Ana Jacinta (D. Beja) morou com o Ouvidor em Paracatu desde então. Sobre ele, D. Beja tinha grande influência (ela teria feito o pedido para o retorno da região a Minas). Com a morte da Rainha D. Maria, a Louca, Inácio Mota resolveu voltar à Corte, no Rio de Janeiro. Nessa viagem, D. Beja, o acompanhou até Patrocínio, onde se separaram de vez. Ele, pela Picada de Goiás, rumo ao Rio. Ela, para Araxá.
ESCRITOR FAMOSÍSSIMO! – Bernardo Guimarães, de Ouro Preto, era juiz em Catalão-GO, nos meados de 1860. Usuário constante da Picada de Goiás, sempre hospedava na Pousada da Rua das Pedras, pertencente a Antônio Alves de Oliveira, na região hoje da Escola Dom Lustosa. Bernardo era jornalista, poeta, professor e garimpeiro. A sua obra “O Garimpeiro”, cita as cavalgadas no Largo do Rosário. E ele foi o primeiro a identificar o patrocinense mais célebre de todos os tempos, o Índio Afonso. Inclusive, um de seus livros mais lidos, escrito em 1872, denomina-se “Índio Afonso”. Esse livro narra a primeira fase do personagem. Bernardo teve mais uma ligação com Patrocínio: o seu irmão foi juiz na Vila de Nossa Senhora do Patrocínio, por volta do ano de 1853.
PRIMEIRO PROFESSOR NOTÁVEL – No final do século XIX, por volta de 1890, Olímpio Carlos dos Santos ensinava aos patrocinenses ler e escrever. Era músico, escritor e carnavalesco também. Sua casa ainda existe na rua que leva o seu nome, nº 181 (na região da Escola D. Lustosa). Sua neta Olga Botelho administrou o belo casarão por anos. O folclórico e saudoso Jefé Consolação era bisneto do professor Olímpio (Jefé era filho do dentista e craque do Ipiranga nos anos 40/50, Cristovam Botelho Júnior).
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