A vitória sobre o Cruzeiro — que nunca havia ocorrido — no dia do aniversário de 68 anos e a manutenção na primeira divisão
Tiro a capa da imparcialidade para destacar o que, na minha opinião, é o fato mais importante que aconteceu na história de quase sete décadas do Clube Atlético Patrocinense: uma vitória histórica no Estádio Pedro Alves do Nascimento, 2 a 1 no Cruzeiro de Belo Horizonte. A torcida presente, vibrante e apaixonada o tempo todo, testemunhou esta história. Ainda hoje (domingo), estarão no ar os melhores momento e toda história deste encontro.
Primeiro: neste sábado, 19 de março de 2022 o CAP completava 68 anos. Estava com problemas sérios. Pelos menos três de seus principais jogadores lesionados e sem dúvida a situação mais complicada era ficar sem Reis, principal atacante. Para o seu lugar, a diretoria contratou Jônatas Obina (um veterano que valeu cada centavo do que custou aos cofres do clube, e pelo que rendeu em campo no único jogo com a camisa grená).
Segundo: o Patrocinense nunca havia vencido o Cruzeiro — um gigante do futebol — e esta vitória veio quando o time mais precisava. Se não vencesse, estaria rebaixado para o Módulo II do Campeonato Mineiro.
No sentido horário: Nilton Santos, Gilmar Uberaba, João Henrique e Enéas, atletas do primeiro time da volta do Patrocinense ao profissional (1985/1987). Fotos: Rede Hoje
Terceiro: o jogo foi assistido presencialmente por ex-atletas que estiveram no time que voltou ao profissional em 1985: o lateral Gilmar (que veio de Uberaba para assistir e dar força), o volante João Henrique (que veio do Prata), o meia Enéas, um dos maiores camisa 10 da história grená (que veio de Irai também ver o jogo), além de patrocinenses que atuaram na época: o atacante Marcelo Fernandes (hoje dono da Escolinha do Cruzeiro na cidade), o zagueiro Fábio Avelar e o grande lateral Nilton Santos. Eles pertenceram ao time de 1985/1987, o começo de tudo na fase atual do clube. Outros, como lateral Jair, da mesma época (hoje morando em Lodrina – PR) e o preparador físico Barrela (em Ribeirão Preto - SP), não puderam comparecer, mas acompanham tudo do CAP de perto e com a mesma paixão de quando atuavam.
Do Rio de Janeiro, o ex-delegado de polícia, atualmente jornalista especialista em Fluminense, onde registra entrevistas com ex-atletas (Pintinho, Valdo, Assis, Renato Gaucho, etc), declarou ao não menos fanático com o CAP, Eustáquio Amaral, que torceu mais para o Patrocinense que para o Flu (que saiu da Libertadores esta semana). “Torci mais pro CAP que pro Fluminense, acredita? Patrocínio em primeiro lugar”, disse. O Eustáquio replicou: “primeiro a pátria-mãe. Eu torço pro CAP até contra a Seleção Brasileira. Sou Galo, mas entre os dois, sou CAP”.
Tanta energia positiva só podia dar no que deu. O CAP classificado para disputar pela sexta vez consecutiva a elite do futebol mineiro, no dia do seu aniversário. Sem esquecer que gigantes da região como URT e Uberlândia foram rebaixados e lá já estão Mamoré e Araxá. O Uberaba tenta voltar este ano. Então, o Patrocinense é o único representante do Triângulo e Alto Paranaíba — o que não é bom, porque quanto mais forte a região for, mais pode reivindicar e mais qualidade terá.
Pra posicionar o leitor, vamos à história do jogo:
O primeiro tempo começou com chances para os dois lados, mas pegou fogo de verdade apenas nos minutos da etapa inicial. Aos 41 minutos, Jônatas Obina recebeu cruzamento dentro da pequena área e só precisou empurrar para abrir o placar para o Patrocinense. Logo na sequência, na saída de bola do Cruzeiro, Matheus Silva errou passe e Samuel roubou a bola. O jogador do time grená saiu em disparada pelo lado esquerdo e bateu cruzado, sem muita força, mas Ezequiel foi enganado pelo quique no gramado e os mandantes ampliaram a vantagem. Ainda no primeiro tempo, a Raposa diminuiu. Aos 47 minutos, após escanteio, a bola bateu no travessão e, na sobra, Adriano apareceu em cima da linha para diminuir. Assim, o jogo foi para o intervalo com 2 a 1 a favor do CAP no placar.
No segundo tempo, o jogo ficou tenso, com muitas faltas para os dois lados. O Cruzeiro chegou a ter as melhores chances e ficou próximo do empate, mas não aproveitou. Já no final do jogo, Ezequiel defendeu chute de Júlio César, cara a cara, e impediu o terceiro gol do time de Patrocínio. Assim, o placar não sofreu novas alterações e terminou com vitória histórica de 2 a 1 para o Patrocinense que garantiu a permanência na elite.
PATROCINENSE: Jacsson; Douglas Dias, Marcão, Alisson Brand (Rayan) e Samuel; Matheus Santos, Michel Elói e Juninho (Igor Maduro); Wellington (Julio César), Jônatas Obina e Márcio Jonatan (Cesinha). Técnico: Max Sandro
CRUZEIRO: Ezequiel; Bruno José (Marcelinho), Weverton (Geovane), Mateus Silva e Bidu; Adriano (Jhosefer), Marco Antônio (Miticov) e Giovanni; Vitinho (Ageu), Daniel Júnior e Vitor Leque. Técnico: Paulo Pezzolano.
GOLS: Patrocinense: Jônatas Obina (41’, 1ºT) e Samuel (43’, 1ºT)
Cruzeiro: Adriano (47’, 1ºT)
Valeu CAP, esse resultado só reforça o amor de tanta gente pelas cores grená e branco, pelo Patrocinense.
Meia hora antes do jogo o torcedor começou a chegar ao Pedro Alves. Foto: Rede Hoje