Igreja e praça Santa Luzia em 30 de abril de 1962. Fotos: acervo Rede Hoje 

Eustáquio Amara |  Primeira Coluna

História. A de (nossa) querida Patrocínio é rica em todos os aspectos. Como amostra simples, e tendo o mês de agosto como referência, a história patrocinense dos anos dourados (1950-1984) tem fatos e coisas que merecem ser revividos. “Mata” a saudade, aumenta o conhecimento e materializa bons exemplos. Tais como, quem foi Joaquim Tiago Antônio dos Santos. Como era o rádio (emissoras e receptores) há 70 anos, em Patrocínio. Um rigor dos padres holandeses seria denominado hoje de ditatorial e incrível. E mais, um ator de cinema, um dos três maiores “superstar” de Hollywood, foi amigo de um patrocinense “da gema”; o primeiro arranha-céu (termo da época) da cidade e cenas inesquecíveis do começo dos anos 80.

1950: UM CULTO VIGÁRIO – Padre Tiago foi vigário da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio no período de 1916-1930. Músico e professor, foi um dos fundadores da Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio. Sua casa era na Praça Tiradentes (hoje, Rua Furtado de Menezes, nº 614). Faleceu em Belo Horizonte, no dia 22 de agosto de 1950 (logo após, a Praça da Matriz passa a ser denominada Praça Monsenhor Tiago). Assim, Pe. Tiago é o Joaquim Tiago Antônio dos Santos.

1958: ENERGIA FRACA, “TRANSFORMADOR” PARA RÁDIO – Na década de 50, a energia elétrica era tão fraca (fornecida por uma pequena hidroelétrica da Prefeitura) que a Rádio Difusora iniciava suas atividades às 7 horas, encerrando-as às 17 horas. A noite de Patrocínio era uma penumbra... Em algumas casas o rádio (Philips, Semp e GE, os mais comuns) funcionava à custa de pequenos transformadores (proporcionava o aumento da potência energética, unicamente para o rádio funcionar). E só dava Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Às vezes, aconteciam a Record de São Paulo, Tupi do Rio, Tupi de São Paulo, Nacional de São Paulo e principalmente, Mayrink Veiga do Rio (cassada em 1964 pelo Governo Militar). O rádio era a maior diversão da época.


Em 1962: chega a Cemig, inaugurada dia 1 maio

1959: SEM DÓ, SEM PIEDADE: “TEM QUE IR À MISSA– Nos Anos Dourados, o Ginásio Dom Lustosa exigia de seus alunos um inabalável compromisso religioso. Na primeira sexta-feira do mês, orações e comunhão no pátio da escola, próximo à imagem de Cristo. Nos domingos a Santa Missa. Para tanto, a caderneta do aluno, onde registravam-se o presente/ausente nas aulas e as notas escolares, era recolhida antes do início da missa, na porta da Igreja Matriz, carimbada com a palavra “missa” na sacristia, e devolvida, após o término da celebração. Se faltasse à missa, o aluno deveria apresentar atestado médico. Ou senão, perdia pontos nas provas mensais.

1974: ADVOGADO SEM DIPLOMA – Dia 23 de agosto de 1974, aos 73 anos, morreu Benedito Caldeira. Folclórico morador da Rua Cassimiro Santos (região da Santa Casa). Foi funcionário da Estrada de Ferro Oeste, Correios e Telégrafo e fiscal municipal. Entretanto, Benedito, era mais conhecido por ter sido entendedor de leis (rábula), que sobretudo orientava juridicamente à classe menos favorecida. Pai do radialista Leonardo Caldeira e do grande professor de História Israel Caldeira (residente em BH).

1978: PRIMEIRO PEDIATRA PATROCINENSE FALECEU – Afrânio Amaral é o prefeito realizador. Êxito administrativo. XXXX Padre Bertrando é o vigário. XXXX Homero Santos e Lourival Brasil são os candidatos a deputado federal e estadual, respectivamente, pela Arena (ala do PSD). Dario Tavares e Mário Pacheco pela Arena (ala da antiga UDN). XXXX Primeira Coluna do “Jornal de Patrocínio” revela ocorrências minerais no Município e comenta sobre o titânio, pela primeira vez na cidade. XXXX Morre aos 83 anos o médico e ex-vereador Gustavo Machado, chefe do Posto de Puericultura. Dr. Gustavo era filho de Tobias Machado e residia à Rua Presidente Vargas, em frente à Escola Honorato Borges. XXXX Antônio Augusto apresenta o “Show da Tarde”, aos sábados, na “TV Uberaba”, da Rede Tupi. Patrocínio participou do quadro “Cidade contra Cidade”.

1980: O MUNICÍPIO JÁ É DESTAQUE NO CAFÉ – Primeira Coluna do “Jornal de Patrocínio” entra em contato direto com o DNER para saber qual foi a empresa consultora vencedora da concorrência do trecho Patrocínio/Perdizes. XXXX Frigorífico Dourados e Primo, e, Reunidas são os maiores contribuintes de ICMS de Patrocínio. XXXX Cine Patrocínio apresenta o filme “Butch Cassidy”, um western, com Paul Newman (era amigo do patrocinense João Borges Alves, hoje residente no bairro Morada Nova e sócio do Clube Catiguá) e Robert Redford. Em três sessões: 13, 19 e 21 horas (domingo). XXXX Afrânio Amaral continua prefeito nomeado, com excelente administração. XXXX Patrocínio já tem a maior área coberta por cafezais em Minas. E o jornal “Estado de Minas” prevê que Patrocínio poderá converter-se num polo expressivo da agroindústria (a previsão do jornal acertou quanto ao café e errou quanto à indústria).

Prefeito em 1983: Amâncio Silva. Reprodução POL
1983: MAIORES AUTORIDADES DA CIDADE – A “Primeira Coluna” no Jornal de Patrocínio divulga a história de Padre Eustáquio, com sucesso. XXXX São João da Serra Negra exporta 700 caixas de tomate para Buenos Aires. XXXX Prefeito: Amâncio Silva (PMDB); presidente da Câmara: Ocacir Siqueira (PMDB); juiz de Direito: Silvério Carvalho Nunes; delegado de Polícia: Walter Luiz de Melo.

1984: QUASE TODA POPULAÇÃO DE PTC DECLARA SER CATÓLICA – 93% da população patrocinense é de católicos. É o que revela a “Primeira Coluna” no JP. XXXX José Maria Campos retorna à Difusora, depois de passagens nas rádios Princesa, Clube de Patos e Integração de Carmo do Paranaíba. XXXX É lançado o “Edifício Serra Negra” pela construtora Walmaq, de Uberlândia. É o primeiro prédio alto da cidade, muito combatido pelo Pe. Feliciano, inclusive durante a celebração das missas. XXXX No Cine Patrocínio, o cartaz é “Os Deuses Devem Estar Loucos”.


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