Em municípios como Patrocínio o aumento do preço do café impulsiona os crimes rurais, gerando preocupação entre produtores e autoridades.
O combate ao roubo de café nas fazendas do Sul de Minas pautou o debate da Comissão de Segurança Pública nesta segunda-feira (17). (Foto: Willian Dias)
Da redação da Rede Hoje
O aumento histórico no preço do café tem deixado os cafeicultores de Minas Gerais, especialmente em regiões como Patrocínio e região do Alto Paranaíba, cada vez mais apreensivos com a segurança nas fazendas. À medida que a colheita se aproxima, os produtores temem os roubos de grãos e equipamentos, já que o valor da saca de 60 kg está prestes a ultrapassar os R$ 3 mil, impulsionado pela alta demanda internacional, principalmente da China, e pela queda na produção nos principais países produtores.
Durante audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada no dia 17 de março de 2025, cafeicultores de diversas regiões, incluindo Patrocínio e Alto Paranaíba, expressaram seu receio com o crescente número de crimes nas áreas rurais. O deputado Professor Cleiton (PV), que solicitou a audiência, afirmou que a escassez de policiamento nas zonas rurais tem deixado essas áreas vulneráveis a furtos e roubos, afetando diretamente a economia local.
Patrocínio, um dos principais municípios produtores de café de Minas Gerais, tem enfrentado sérios desafios relacionados à segurança rural e tem combatido a prática. O município, que é referência na produção de café de alta qualidade, viu um aumento no número de furtos e roubos nos últimos meses. cafeicultores dizem que a falta de policiamento adequado nas zonas rurais tem colocado em risco não apenas a safra de café, mas também a segurança de trabalhadores temporários e moradores das regiões produtoras.
No Alto Paranaíba, situação semelhante preocupa os produtores. A região, que também se destaca na produção de café, tem sido alvo constante de organizações criminosas, que aproveitam a falta de efetivo policial para agir impunemente. O aumento da criminalidade na área tem gerado traumas tanto em produtores quanto em trabalhadores rurais, que estão cada vez mais receosos ao realizar atividades na lavoura.
A insegurança se reflete em outras cidades como em Conceição do Paranaíba, onde produtores de café se organizaram para contratar segurança privada, já que a presença policial é insuficiente. O prefeito local, assim como os de outros municípios tem solicitado mais investimentos para a segurança pública, principalmente na contratação de mais policiais e no reforço da infraestrutura de vigilância.
O deputado Professor Cleiton, que também é filho de cafeicultores, alertou para a crescente insegurança nas regiões cafeeiras. Ele ressaltou a necessidade de soluções mais eficazes, como a implementação de ações de inteligência policial e o uso de novas tecnologias, como drones e câmeras de segurança, para monitorar as áreas rurais e prevenir crimes. O parlamentar enfatizou que a segurança não pode ser garantida apenas por patrulhamentos em terra, mas deve incluir um controle mais preciso e tecnológico.
"Campo Seguro"
Em resposta a essas preocupações, a Polícia Civil já implementou o projeto "Campo Seguro", que visa combater crimes rurais em diversas regiões de Minas Gerais, incluindo o Alto Paranaíba e o Triângulo Mineiro. Felipe Costa Marques de Freitas, chefe do Departamento Estadual de Investigação de Crimes Contra o Patrimônio, destacou que o projeto tem gerado resultados positivos, com uma queda significativa nos roubos e furtos, e que novas unidades serão criadas no Sul de Minas para reforçar a segurança nas áreas de maior risco.
Porém, a falta de efetivo da Polícia Militar continua sendo uma das principais dificuldades. O coronel Ralfe Veiga de Oliveira, diretor de Operações da PM, garantiu que um novo planejamento de segurança será lançado em breve, com ações específicas para a zona rural, incluindo o aumento da presença policial nas regiões cafeeiras de Patrocínio e Alto Paranaíba. A PM também está adotando a utilização de aplicativos de monitoramento para facilitar o trabalho dos policiais e aumentar a eficácia nas operações.
O aumento da criminalidade também tem preocupado os deputados, como o deputado Rodrigo Lopes (União Brasil), que destacou o uso crescente de tecnologia pelos criminosos. Lopes sugeriu que medidas como o rastreamento das sacas de café, através de chips, poderiam ajudar na recuperação de cargas roubadas e desestimular a ação de bandidos. Ele afirmou que a utilização de novas ferramentas é crucial para combater o crime, especialmente nas áreas rurais, onde a presença policial ainda é limitada.
Com a pressão crescente de cafeicultores e autoridades locais, espera-se que as políticas de segurança sejam aprimoradas, com investimentos mais robustos em infraestrutura e pessoal para garantir que as regiões cafeeiras, como Patrocínio e Alto Paranaíba, possam continuar a prosperar sem o medo constante dos crimes rurais. O fortalecimento das ações de inteligência e o uso de tecnologias mais avançadas são vistos como passos essenciais para a proteção das lavouras e do patrimônio dos produtores.
46 Batalhão em Patrocínio.
O 46º Batalhão de Polícia Militar de Patrocínio está intensificando as ações de patrulhamento rural em preparação para a safra de 2025. Segundo o Tenente Rossi, comandante do setor rural, diversas operações diárias estão sendo realizadas para aumentar a segurança na região. As atividades incluem abordagens a veículos e caminhões, especialmente os que transportam cargas, além da ampliação do videomonitoramento em pontos estratégicos, como a "Estrada do Tucaninho", região do "Pé de Galinha" e Boqueirão. Equipes do Tático Móvel também estão apoiando a Patrulha Rural para reforçar a fiscalização.
Outra medida importante é o fortalecimento das redes de proteção preventiva de fazendas, com o objetivo de incentivar a participação ativa da comunidade na segurança do campo. O Tenente Rossi destacou a importância da colaboração da população para prevenir crimes durante o período de grande movimentação da safra, reforçando a necessidade de uma atuação conjunta entre polícia e comunidade para garantir a segurança rural.