
Vereador Ricardo Balila se disse injustiçado após decisão do plenário que aprovou punições por maioria de votos. Foto: Instagram
Da Redação da Rede Hoje
O plenário da Câmara Municipal de Patrocínio aprovou, por 11 votos favoráveis e três contrários, as penalidades aplicadas ao vereador Ricardo Balila. As sanções foram resultado de uma denúncia apresentada pelo vereador Markin Remis, que acusou Balila de conduta incompatível com o decoro parlamentar. As punições incluem a exclusão de cargos em três comissões legislativas e duas advertências formais, uma direcionada ao vereador e outra ao partido MDB, ao qual ele é filiado.
A Mesa Diretora da Câmara informou que a decisão seguiu os trâmites legais e reforçou que “condutas que comprometam o exercício do mandato serão apuradas e punidas conforme a lei”. Segundo a presidência, o caso foi analisado por uma comissão especial, que apresentou parecer favorável às penalidades, posteriormente aprovado em plenário. A votação ocorreu em sessão ordinária, com ampla participação de vereadores e público.
O episódio ganhou destaque político local, uma vez que Balila é conhecido por seu posicionamento crítico dentro do Legislativo. Ele afirmou que a decisão foi motivada por perseguição e por desentendimentos anteriores com colegas de Câmara. A denúncia de Markin Remis teria origem em declarações feitas por Balila em sessão plenária, quando o parlamentar questionou supostos casos de nepotismo envolvendo familiares do vereador denunciante.
Em sua fala na sessão, Balila mencionou que familiares de Markin Remis ocupam cargos na administração municipal, o que, segundo ele, poderia configurar prática vedada pelos princípios constitucionais da administração pública. “Falei sobre algo que considero errado, e agora estou sendo punido por dizer a verdade”, declarou o vereador em entrevista à Rede Hoje sobre a decisão tomada pela Mesa Diretora há alguns dias.
O embate político
Durante sua defesa, Ricardo Balila alegou que a denúncia partiu de uma divergência pessoal e política. “A minha versão sobre a história do Marcos Remis é que nós tivemos uma incompatibilidade de pensamento. Ele sempre militou junto à ex-vereadora, mãe dele, Chiquita, e dizia que eu tinha parentes empregados em gestões anteriores”, afirmou.
O vereador continuou relatando que as críticas de Remis teriam se intensificado ao longo do mandato. “Hoje ele tem a mãe e o pai que trabalham em secretarias e a esposa que é coordenadora do pronto-socorro. E, quando a gente fala sobre essas coisas dentro da Câmara, muitos não gostam de escutar a verdade”, completou.
Balila destacou ainda que se considera o único parlamentar independente do Legislativo patrocinense. Segundo ele, sua postura tem incomodado grupos políticos estabelecidos. “Faço políticas públicas voltadas de fato ao povo, sem regalias. E claro que, quando alguém fala o que pensa, tentam calar. É isso que está acontecendo comigo”, declarou.
Afirmou também que as punições impostas pela Câmara são injustas e refletem uma tentativa de limitar o debate político. “Acho injusto o que vem sendo feito à minha pessoa. A política faz parte da vida democrática, e quando um vereador é impedido de se expressar, perde-se o sentido da política”, acrescentou.
Reação da Câmara
Presidente Níkolas Elias. Foto: Instagram
Em nota oficial, a Câmara de Patrocínio reiterou que o processo contra Balila seguiu todos os ritos previstos no regimento interno. O documento enfatiza que a instituição “não admite comportamentos que comprometam a harmonia e o respeito entre parlamentares”. Ainda conforme o Legislativo, o caso foi amplamente discutido em comissões antes de ser levado a plenário.
Os vereadores favoráveis à punição argumentaram que as falas de Balila extrapolaram o limite do debate político e atingiram a honra de colegas e servidores públicos. O presidente da Câmara, Nikolas Elias, observou que a medida busca preservar a integridade institucional e reforçar a responsabilidade dos representantes eleitos. “O mandato é um instrumento de serviço público, não de ataques pessoais”, disse em sessão.
A defesa do vereador
Durante a entrevista concedida à Rede Hoje, Balila reafirmou sua convicção de que está sendo perseguido. “Eles vão fazer de tudo para me tirar da Câmara, porque eu falo pelo povo. Sou um vereador que cobra melhorias de verdade, e isso incomoda”, declarou.
O parlamentar afirmou que seguirá atuando com independência, mesmo diante das penalidades. “Não vou mudar meu jeito de trabalhar. Continuarei cobrando por saúde, educação e infraestrutura, como sempre fiz. Falar pelo povo é o meu papel, e ninguém vai me calar”, reforçou.
Próximos passos
Vereador Markin Remis. Foto: Instagram
A Câmara informou que as penalidades aplicadas têm efeito imediato e que Balila já foi substituído nas comissões das quais fazia parte. Enquanto isso, o vereador anunciou que continuará participando das sessões normalmente. Ele reafirmou seu compromisso com a transparência e disse que seguirá atuando como voz crítica no Legislativo. “Vou continuar representando o povo de Patrocínio, mesmo que tentem me tirar o direito de falar”, reiterou.
A repercussão do caso dividiu opiniões entre os moradores da cidade. Alguns apoiadores de Balila manifestaram solidariedade nas redes sociais, enquanto outros defenderam a decisão da Câmara como medida necessária para manter o respeito entre parlamentares.
O episódio expõe novamente o cenário de tensão política em Patrocínio, marcado por disputas internas e acusações mútuas. Apesar das divergências, o Legislativo afirma que seguirá buscando o diálogo e a harmonia entre seus membros para garantir o funcionamento institucional.
Contexto político local
Nos últimos anos, a Câmara Municipal de Patrocínio tem sido palco de debates intensos entre grupos políticos de orientação distinta. As discussões sobre nomeações e condutas administrativas têm sido frequentes, refletindo a polarização existente no cenário local.
A decisão da Câmara de aplicar punições a um vereador em exercício é considerada incomum no município, o que aumenta a relevância política do caso. Especialistas em direito público consultados pela imprensa regional apontam que a punição é legítima, desde que observados os princípios do contraditório e da ampla defesa.
A Rede Hoje continuará acompanhando este e outros casos e as possíveis repercussões, sempre ouvindo todas as partes envolvidas para garantir a informação precisa e completa ao público.