O juiz da Vara Criminal, da Infância e da Juventude da Comarca de Patrocínio conversou com estudantes e responsáveis sobre o retorno das aulas presenciais


O juiz Serlon Santos falou sobre os desafios para alunos, professores e famílias, e deu dicas para enfrentar o medo e a ansiedade
(Foto: Cecília Pederzoli)

Dentro das atividades do programa Justiça na Escola, o juiz da Vara Criminal, da Infância e da Juventude da Comarca de Patrocínio, Serlon Silva Santos, conversou com estudantes e responsáveis sobre o retorno das aulas presenciais. A live, intitulada "Vencendo o medo e a ansiedade", obteve mais de 3,3 mil visualizações. Nela, o magistrado deu dicas para viver a crise provocada pela pandemia de covid-19 e manter a confiança.

O magistrado idealizou o programa para auxiliar na aproximação do Judiciário com o cidadão e com a comunidade escolar, na forma de encontros com alunos e professores sobre temas diversos, como indisciplina e criminalidade, violência e uso de drogas, bullying, automutilação e suicídio. A iniciativa, criada em 2014, já beneficiou mais de 30 mil alunos, com palestras e orientação em vários municípios.

De acordo com o juiz Serlon Santos, na atividade da última quarta-feira (12/5), foram registrados 567 acessos ao vivo, com um público de profissionais da educação, pais e alunos, o que evidencia a pertinência do tema e a necessidade de enfrentar a retomada dos estudos e a continuidade da formação durante a pandemia.

"Não pretendi defender uma bandeira relacionada à volta ou não das aulas presenciais, mas falei sobre os desafios a serem enfrentados por educadores e famílias nesse novo cenário e sobre a importância do respeito aos protocolos recomendados pelas autoridades competentes e dos cuidados pessoais com a saúde e a condição emocional", ressaltou.

Segundo o magistrado, o propósito foi motivacional. "O conteúdo é útil para o cotidiano, para as situações que se apresentam a nós e nos desestabilizam. Não podemos ficar oprimidos e paralisados por tempo indefinido", afirma. Serlon Santos falou brevemente sobre a evolução da crise sanitária, o surgimento dos primeiros casos de covid-19 na China até o reconhecimento do impacto global da doença.

Coragem na adversidade

Ele destacou que a educação foi um dos setores mais afetados, com a suspensão das aulas e a entrada súbita no ensino à distância, que trouxe mudanças de rotina bruscas. Além disso, idas e vindas e orientações conflitantes conforme a situação epidemiológica causam ansiedade e são emocionalmente exigentes.

"Nossa saúde mental foi abalada. No caso de pais e alunos, isso ocorreu por causa do estresse, por medo do adoecimento e de queda no aproveitamento escolar. Já os profissionais, que já conviviam com dificuldades de ordem salarial e sobrecarga, tiveram que lidar com a desinformação e a insegurança, a falta de suporte e a preocupação com suas famílias", avalia.

Serlon Santos citou pesquisa que aponta, entre os fatores angustiantes para professores e estudantes, a eventual contaminação e transmissão do vírus para as famílias, o temor de não conseguir recuperar o tempo perdido e reorganizar o ano letivo, o combate à evasão escolar, a dificuldade de lidar com a fragilidade dos alunos e com eventuais situações de luto e até mesmo problemas financeiros.

"O Brasil é o segundo país mais ansioso do mundo, de acordo com pesquisas. Precisamos falar sobre esses sentimentos, pois eles trazem reflexos no aprendizado e no trabalho. O ser humano naturalmente resiste às mudanças, e a entrada na pandemia foi enormemente traumática. Fomos obrigados a nos isolar. Nossa casa se tornou uma prisão e, depois, uma trincheira, a partir da qual sobrevivemos a uma guerra", analisou.

O evento contou com a participação do secretário municipal de Educação de Patrocínio, Rodrigo de Oliveira, de Luzia de Fátima, diretora regional de ensino, e de Tamara Couto, coordenadora do núcleo de atendimento às escolas. O programa tem o apoio da Prefeitura de Patrocínio e parceria com a Cromática Escola de Música.

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