Nathalia Cristina G Ribeiro | Pixabay


De vez em quando é bom saírmos do lugar-comum de vermos a rotina das coisas e parar um pouco com as reclamações.
Sim, porque a tendência do ser humano é ver que as coisas estão sempre piores do que antes. Isso é da alma humana.
Lembram que há sempre alguém dizendo que “eu era feliz e não sabia”?
Você descobre que é feliz; que o dinheiro (sempre o dinheiro) é importante, porém, nem sempre está nas coisas que realmente nos fazem felizes, quando por exemplo acontece algo realmente ruim na sua vida: uma doença grave, um acidente, a perda de alguém muito importante (por uma separação ou morte, por exemplo).

Antes de você descobrir que era feliz e não sabia, vou dar um exemplo pessoal.

Sempre fui uma pessoa alegre de alto-astral, as pessoas que conhecem sabem o que estou falando.
Pouquíssimas pessoas – familiares, colegas de trabalho, amigos – já me viram sair do sério. Porque acho que ninguém tem nada com meus problemas. Se não conseguir resolvê-lo, peço ajuda. Aliás, não sei se isso é bom, mas minha vida é um livro aberto.


Depois de acidente grave no dia de Corpus Christi‎ de 2013 e de um AVC — no dia 28 de janeiro de 2014 ano, quando fiquei sete dias no hospital —, entendi que fazia as coisas da forma correta, sendo positivo. E decidi mudar ainda mais. Ter mais tempo para minha esposa, filhos, noras, genro, netos, mãe (que infelizmente faleceu há dois anos) e irmãos; para escrever, ler e ver filmes e séries de TV – que adoro. E sabe o que aconteceu? Nada. O mundo não parou por isso, nem fiquei mais pobre. Ao contrário, para mim, melhorou... e muito!

Pois bem, numa sexta-feira de outubro de 2014, quanto estava voltando da academia, na minha caminhada diária pela Avenida João Alves, notei quão bela eram nossas principais avenidas (em Patrocínio, Minas). A primavera tinha chegado e foi vestindo as plantas das mais diversas formas de flores.

Não resisti, voltei em casa, busquei a máquina fotográfica (celulares ainda não faziam fotos com a qualidade de agora) e cliquei do cruzamento da rua Major Tobias até a rotatória do avenida Faria Pereira. A diversidade era incrível.

Amanhã, quando for caminhar por uma rua (qualquer rua, de uma cidade — qualquer cidade do país, de qualquer país — ou pelo campo, observe o quanto você é privilegiado. Primeiro pela visão, por poder ver tudo isso. E, se não puder ver, poderá sentir o cheiro e a brisa. Você vai ver que é feliz e sabe disso. E vai agradecer a Deus só pelo fato de estar vivo.

Como diria o síndico Tim Maia na música “Canário do Reino”: “Em qualquer rua, de qualquer cidade; em qualquer praça de qualquer país; levo meu canto puro e verdadeiro, eu quero que o mundo inteiro sinta feliz”.

Crônica integrante do meu quinto livro — segundo da série — "O Som da Memória, A Volta", que será lançado em dezembro de 2023. 

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