Celebridades. Duas já estão no andar de cima. Duas que faleceram em agosto. Duas que encantaram Patrocínio. A Minas Gerais e ao Brasil também. Duas contemporâneas. Duas que se conviveram. Duas que conheceram muito bem a cidade e os patrocinenses. Duas celebridades, dois personagens, que todos sabem quem são. Hubertus van Lieshout, o Padre Eustáquio. E Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK. Um (quase) santo. O outro, o imortal maior presidente da República. O sacerdote, com a sua força espiritual, participou da vida do político. Algumas passagens entre eles são de arrepiar os cabelos.
O PRIMEIRO MILAGRE – Juscelino era o prefeito de BH (1940-1945), à época de Padre Eustáquio na capital mineira (04/4/1942 a 30/8/1943). JK casou-se com dona Sara em 1930, mas não conseguiam ter filhos. Nessa ocasião (1942), dona Júlia Kubitscheck (mãe de Juscelino), católica, sempre presente nas ações do sacerdote holandês, que atraia multidões ao bairro Carlos Prates, resolveu levar a sua nora à presença de Padre Eustáquio. Ele a abençoou e pouco tempo após nascia Márcia Kubitscheck, a única filha natural do casal (nasceu em 22/10/1943). A outra filha, adotiva, é Maria Estela Kubitscheck. O milagre do nascimento de Márcia é contado pelo amigo íntimo de JK (Serafim Jardim, de Diamantina). Milagre mesmo, pois o médico Lucas Machado, um dos ícones da medicina mineira, teria dito que Sara não poderia ter filho (Dr. Lucas Machado se tornou o mais famoso ginecologista de Minas. A melhor escola de medicina particular do Estado leva o seu nome: Feluma).
UM SEGUNDO MILAGRE – JK sempre foi exímio e envolvente orador. Todos gostavam de ouvi-lo. A sua agenda como prefeito de Belo Horizonte era intensa. Marcantes obras foram feitas na sua gestão. A começar pela inauguração do complexo da Lagoa da Pampulha. Com destaque para a Igreja São Francisco de Assis, a Fundação Zoobotânica (Zoológico), Museu de Arte e o que não podia faltar, a Casa do Baile (JK era insuperável dançarino). Nessa época, o prefeito Juscelino foi acometido de grave infecção na garganta. Ele olhando a sua agenda oficial, verificou que havia momentos em que os seus discursos seriam imprescindíveis para o período. Como fervoroso crente nas bênçãos de Padre Eustáquio, sobretudo após a feliz gravidez de Dona Sara, procurou o sacerdote amigo, visando restabelecer a normalidade de sua garganta e voz. Para a sua surpresa, no dia seguinte, já parecia tudo normal. E JK pode cumprir sua agenda com a sua inflamada oratória.
ANOS DEPOIS DA MORTE DO PADRE, O INCRÍVEL ACONTECEU – Kubitscheck era o governador de Minas (1951-1955). No começo da noite, depois de exaustiva tarde, Juscelino encerrou as reuniões no Palácio da Liberdade. E disse aos seus auxiliares que iria recolher-se aos seus aposentos para descansar. Pediu, solenemente, que ninguém o incomodasse. “Fui para o meu quarto e fechei as cortinas. Foi quando a porta do quarto abriu e, sem bater, entrou um padre.”, contava Juscelino.
PALAVRAS DE JK, SEGUNDO A ESCRITORA FILIZZOLA – “Internamente fiquei irritadíssimo com a desobediência às minhas ordens. Pensei: agora esse padre vai me pedir doações para a sua paróquia. Mas, ele caminhou em minha direção, dobrou o corpo para ficar na minha altura e então eu o reconheci.”
ACREDITE! FANTÁSTICO – Continua o Governador: “ Era Padre Eustáquio, já falecido há algum tempo! Ele me disse que estava ali para me abençoar. Pois, eu tinha sido designado para servir ao meu país, como presidente da República. Mas, que eu iria sofrer muito para que isso acontecesse. A sua bênção tinha a intenção de ajudar-me a suportar a situação até vencê-la. Padre Eustáquio me abençoou. Depois, dirigiu-se até a porta do quarto e ganhou o corredor. Num salto eu o segui. Entretanto, o corredor do Palácio estava vazio. Saí do meu quarto e perguntei a todos: cadê o padre? Que padre, responderam os guardas. Não entrou ninguém no palácio, muito menos um padre, afirmaram todos.”
AUTORA DESSA EXTRAORDINÁRIA HISTÓRIA – A crônica/reportagem foi publicada pelo jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte, em sua edição de 31/1/2006. Quem a assinou foi a empresária e escritora Vera Filizzola. Esses fatos narrados, ela ouviu do próprio Kubitscheck, quando os dois batizaram Fernando Soares, sobrinho neto de Naná, a única irmã de JK. A história aconteceu no Palácio da Liberdade, em 1954. Portanto, onze anos depois do falecimento de Padre Eustáquio. Nesse tempo, JK vivia um grande dilema, entre se candidatar à Presidência da República ou encerrar o mandato como governador de Minas Gerais. Padre Eustáquio o motivou e o levou a ser o mais brilhante presidente.
PADRE EUSTÁQUIO – No dia 30 de agosto de 1943, às 10h45, da manhã, faleceu, no Hospital Alberto Cavalcanti (hoje, Bairro Padre Eustáquio), em BH, vítima de febre maculosa.
JUSCELINO KUBITSCHECK – No dia 22 de agosto de 1976, na Via Dutra (SP-RJ), próximo a Resende, faleceu, vítima de polêmico acidente em seu Opala Chevrolet.
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