Praça Honorato Borges, no primeiro prédio à direita, funcionavam o Cine Rosário e a Rádio Difusora, maio de 1962. Foto: reprodução do canal Rede Hoje TV
Viagem. Sempre é bom fazê-la. Principalmente pelo tempo. Diversas cenas dos anos 50, 60, 70 e 80 são inesquecíveis. Como era o rádio na época que não existia ainda televisão na cidade. Como os padres holandeses obrigavam os alunos do então Ginásio Dom Lustosa assistir à Santa Missa. Como era a Praça Santa Luzia na década de 60, o principal “point” de Patrocínio. Rábula o que é isso? Patrocínio teve um nota dez. Filme com um dos três maiores atores de Hollywood foi exibido na última fase do magistral “Cine Patrocínio”. E este “artista” (falecido em setembro de 2008) foi amigo de um patrocinense. E o ano que foi construído o primeiro “arranha-céu (edifício alto) do Município. Tudo é saudade. Tudo é verdade.
RÁDIO NOS ANOS 50 E 60 – Na década de 50, a energia elétrica era tão fraca (fornecida por uma pequena hidroelétrica da empresa Força e Luz de Patrocínio) que a Rádio Difusora iniciava suas atividades às 7 horas, encerrando-as às 17 horas. A noite de Patrocínio era uma penumbra... Em algumas casas o rádio (Philips, Semp e GE, os mais comuns) funcionava à custa de pequenos transformadores (proporcionava o aumento da potência energética unicamente para o rádio). E só dava Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Às vezes, aconteciam a Record de São Paulo, Tupi do Rio, Tupi de São Paulo, Nacional de São Paulo, Bandeirantes de São Paulo e, principalmente, Mayrink Veiga do Rio (cassada em 1964 pelo Governo Militar). Era o tempo do rádio em ondas médias e curtas. Durante o dia, as emissoras do Rio de Janeiro e São Paulo eram sintonizadas apenas em ondas curtas. Já à noite, eram sintonizadas em ondas médias.
Cine Patrocínio, maio de 1962. Foto: reprodução do canal Rede Hoje TV
UMA EDUCAÇÃO HOLANDESA! – Nos anos dourados, o Ginásio Dom Lustosa exigia de seus alunos um inabalável compromisso religioso. Na primeira sexta-feira do mês, orações e comunhão no pátio da escola, próximo à imagem de Cristo. Nos domingos e dias Santos, presença obrigatória na Santa Missa. Para tanto, a caderneta escolar do aluno, onde registravam-se o presente/ausente nas aulas e as notas escolares, era recolhida antes do início da celebração da missa, na porta da igreja; carimbada com a palavra “missa” na sacristia, e somente devolvida, após o término da Santa Missa. Se faltasse à missa, o aluno deveria apresentar atestado médico. Ou senão perdia pontos nas provas mensais.
COQUELUCHE DA CIDADE – Na Praça Santa Luzia, no começo da década de 1960, nas noites de Domingo, a maior diversão da cidade era o cinema. O luxuoso “Cineteatro Patrocínio”, que substituiu o “Cine Rosário”, era a sala de visita da cidade. A TV não era conhecida. Somente poucos patrocinenses que, por algum motivo, visitavam Belo Horizonte, sabiam que mistério era esse chamado de televisão. A praça era o ponto nobre de encontro. Assistir a um bom filme aos sábados e domingos era quase obrigação social. De 19h às 21h acontecia o vaivém. Um organizado desfile de moças e moda, protegido por um verdadeiro anel de rapazes, que estáticos, deslumbravam a beleza da jovem mulher patrocinense. O primeiro flerte, o amor platônico (sem o contato físico), o primeiro sorriso e o primeiro passo, passavam certamente por essa parada da felicidade. O vaivém. Ele ocorria na pista asfáltica em frente ao “Cine Patrocínio”, ao som do serviço de alto-falante externo do cinema, onde músicas da Orquestra de Billy Vaughn, Nelson Gonçalves e de outros sucessos da época tocavam. E mais os grandes filmes eram exibidos aos domingos. E quem quisesse um bom lugar numa das duas sessões tinha que chegar mais cedo. Exceto para a folclórica Dona Alexandrina, que tinha uma poltrona fixa no cinema (se houvesse alguém assentado nessa poltrona, era retirado por ela). A movimentação de pessoas começava muito cedo na praça. E era muito grande. Neste cenário, em um domingo, foi escrito uma incrível página na história de Patrocínio. O quebra-quebra por causa do aumento do valor do ingresso.
RENOMADO RÁBULA FALECEU EM AGOSTO – Dia 23/08/1974, aos 73 anos, morreu Benedito Caldeira. Folclórico morador da Rua Cassimiro Santos (região da Santa Casa). Foi funcionário da Estrada de Ferro Oeste, Correios e Telégrafos e fiscal municipal. Entretanto, Benedito, era mais conhecido por ter sido entendedor de leis (Rábula), que sobretudo, orientava juridicamente à classe menos favorecida. Pai do radialista Leonardo Caldeira e do conhecido professor Israel Caldeira, residente em BH.
“FLASHES” DE 1980 E 1984: IMPLICÂNCIA DO PADRE E O RETORNO DE CAMPOS – Frigorífico Dourados e Primo, e, Reunidas são os maiores contribuintes de ICMS de Patrocínio, em 1980. XXXX Cine Patrocínio apresenta o filme “Butch Cassidy”, um western, com Paul Newman (amigo do patrocinense João Borges Alves, hoje residente no bairro Morada Nova) e Robert Redford. Em três sessões: 13, 19 e 21 horas (domingo). João Borges, quando residente nos Estados Unidos, prestou serviços, por muito tempo, ao superstar Paul Newman. XXXX Afrânio Amaral era o prefeito, com boa administração. XXXX Já a partir de 1984, Patrocínio tem a maior área coberta por cafezais em Minas. E o jornal “Estado de Minas” prevê que Patrocínio poderá converter-se num polo expressivo da agroindústria. Infelizmente, isso não aconteceu até hoje. XXXX 93% da população patrocinense era de católicos, revelava a “Primeira Coluna” no “Jornal de Patrocínio”. XXXX José Maria Campos ou J. Campos retornava à Difusora, depois de passagens nas rádios “Princesa”, “Clube de Patos” e “Integração de Carmo do Paranaíba”. Desde então, Campos apresenta o seu “Arquivo Musical”. Antes era aos sábados. Agora nas tardes de Domingo. XXXX Em 1984, foi lançado o “Edifício Serra Negra”, pela Construtora Walmaq, de Uberlândia. Tornou-se o primeiro prédio alto da cidade, muito combatido pelo Pe. Feliciano, inclusive durante a celebração de missas. XXXX No “Cine Patrocínio”, em 1984, foi exibido o filme “Os Deuses Devem Estar Loucos”. XXXX E o PTC foi finalista do “Campeonato Mineiro de Futebol de Salão”.