Arte mostrando a posição dos destrossos do avião após acidente. Reprodução Fantástico da Rede Globo
Da redação da Rede Hoje
Na sexta-feira, 9 de agosto, um trágico acidente envolvendo um avião turboélice ATR-72, operado pela Voepass Linhas Aéreas, abalou o Brasil. A aeronave caiu em uma área residencial na cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, causando a morte de todos os 62 ocupantes a bordo. O impacto devastador do acidente gerou comoção em todo o país e levou as autoridades a iniciarem investigações rigorosas para determinar as causas do desastre.
O programa Fantástico, da Rede Globo, trouxe à tona detalhes preocupantes sobre o histórico da aeronave, prefixo PS-VPB. Segundo a investigação conduzida pelo programa, o ATR-72-500 enfrentou uma série de problemas técnicos nos meses que antecederam o acidente. Entre as falhas mais graves, destacam-se problemas no sistema hidráulico, um incidente em março envolvendo o choque da cauda com a pista durante um pouso em Salvador, que causou um dano estrutural significativo, e problemas recorrentes no sistema de ar-condicionado.
Após o incidente em Salvador, a aeronave passou por várias manutenções, mas as intervenções realizadas parecem não ter sido suficientes para garantir a segurança dos voos. Em julho, logo após ser liberado para voos comerciais, o avião sofreu uma despressurização durante o primeiro voo, o que obrigou o retorno imediato à base para novos reparos. Mesmo assim, a aeronave continuou a operar até o fatídico dia 9 de agosto, quando caiu em Vinhedo. A investigação está em andamento, mas a sequência de problemas anteriores levanta sérias questões sobre a eficácia e a qualidade das manutenções realizadas na aeronave.
Além dos problemas estruturais e no sistema hidráulico, passageiros que voaram no ATR-72-500 antes do acidente relataram falhas no sistema de ar-condicionado. A jornalista Daniela Arbex, que estava a bordo em um voo recente, relatou uma experiência desconfortável e levantou preocupações sobre a segurança geral da aeronave. Esses relatos indicam que os problemas não se limitavam a questões estruturais, mas também afetavam o conforto e possivelmente a segurança dos passageiros.
Uma das hipóteses sendo investigadas por especialistas é a formação de gelo nas asas da aeronave. Condições meteorológicas severas, incluindo a formação de gelo, foram relatadas por pilotos que voaram na mesma rota no dia do acidente. A formação de gelo é um risco particularmente sério para aviões turboélice como o ATR-72, pois pode levar à perda de sustentação. Um acidente semelhante ocorreu há 30 anos nos Estados Unidos com um ATR-72 da American Eagle, onde o acúmulo de gelo nas asas foi identificado como a causa principal da queda.
A Voepass Linhas Aéreas declarou que a aeronave estava "aeronavegável" e em conformidade com todas as regulamentações vigentes. No entanto, a companhia evitou comentar diretamente sobre as falhas apontadas e os problemas relatados. Em nota oficial, a Voepass destacou que está totalmente focada em oferecer suporte às famílias das vítimas, e que está colaborando plenamente com as investigações conduzidas pelas autoridades competentes.
Identificação das Vítimas
Foto: Agência Brasil
O Instituto Médico Legal (IML) do estado de São Paulo, que recebeu todos os 62 corpos das vítimas, já identificou doze pessoas até o momento. Um desses corpos foi liberado para os familiares, e a expectativa é que outros sete sejam identificados até o final de domingo, 11 de agosto. Para agilizar o processo de identificação, cerca de 40 profissionais, incluindo médicos legistas, odontologistas forenses, antropólogos e radiologistas, estão dedicados exclusivamente a esse trabalho. O estado de São Paulo decretou luto oficial de três dias em memória das vítimas.
Famílias
O Instituto Oscar Freire, localizado próximo ao IML Central, foi preparado para acolher as mais de 40 famílias das vítimas que viajaram a São Paulo para acompanhar o processo de identificação. Com o apoio da Defesa Civil estadual, os familiares estão sendo assistidos com acomodações em hotéis, oferecidas pela Secretaria de Desenvolvimento Social. Além de hospedagem, serviços de acompanhamento psicológico estão sendo disponibilizados para ajudar os familiares a lidar com a dor e a perda.
Investigações e Segurança
A Delegacia de Vinhedo instaurou um inquérito policial para investigar o acidente, e as diligências estão em andamento para esclarecer as causas do desastre. Paralelamente, a área do acidente está sob vigilância desde sábado, 10 de agosto, com a utilização de equipamentos antidrone operados por agentes penitenciários da região de Campinas, para impedir que dispositivos não autorizados comprometam as investigações em curso.
As caixas-pretas do avião foram rapidamente localizadas e enviadas para Brasília, onde estão sendo analisadas por técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão da Aeronáutica. Os dados contidos nas caixas-pretas serão cruciais para entender o que aconteceu nos momentos finais do voo. De acordo com informações preliminares da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava em situação regular e com todos os certificados de manutenção em dia no momento do acidente.
Detalhes do Acidente
O ATR-72 da Voepass estava realizando o voo 2283, que partiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. A aeronave decolou com 62 pessoas a bordo, incluindo quatro tripulantes, e caiu por volta das 13h20 em Vinhedo, cerca de 70 quilômetros antes de atingir seu destino final. Infelizmente, não houve sobreviventes.
Reações e Comunicações da Companhia Aérea
A Voepass Linhas Aéreas emitiu um comunicado expressando sua "profunda dor" pelo acidente, reiterando que está direcionando todos os seus esforços para apoiar as famílias das vítimas. A companhia também enfatizou que está cooperando ativamente com as investigações e fornecendo todas as informações necessárias às autoridades.
Identificação das Vítimas
Das 62 vítimas, quatro possuíam dupla nacionalidade: três venezuelanas e uma portuguesa. As vítimas venezuelanas foram identificadas como Josgleidys Gonzalez, Joslan Perez e Maria Parra, enquanto a portuguesa foi identificada como Gracinda Marina. Entre os destroços, foi encontrado um cão que acompanhava os venezuelanos. Até o início da tarde de hoje, 31 corpos haviam sido removidos da fuselagem do avião, e 24 já foram transportados para o IML de São Paulo.
A identificação das vítimas está sendo realizada por métodos como impressão digital, odontologia forense e exames genéticos. Os familiares das vítimas estão colaborando com os peritos, fornecendo documentos médicos e material biológico para auxiliar nos exames genéticos, quando necessário. Informações sobre tatuagens, fraturas e outras características físicas também têm sido úteis no processo de identificação.
As autoridades esperam que as investigações em andamento possam trazer à luz as causas exatas desse trágico acidente, proporcionando respostas para as famílias das vítimas e contribuindo para evitar que incidentes semelhantes ocorram no futuro.