Em Minas Gerais, o aumento de mortes foi de 74%; a pandemia de Covid-19 agravou o cenário e o desmonte da antiga Rede Cegonha dificultou o acesso ao atendimento médico adequado para gestantes.

Credito: Daniel Reche por Pixabay


O lançamento da Rede Alyne vem em resposta ao aumento preocupante da mortalidade materna nos últimos anos.

Da redação da
Rede Hoje

Lançada a Rede Alyne, um novo programa de saúde pública que visa garantir um cuidado integral às gestantes e reduzir a mortalidade materna e infantil no Brasil. O objetivo do programa do Governo Federal é reduzir em 25% as mortes maternas até 2027. A Rede Alyne é uma reestruturação da antiga Rede Cegonha e presta homenagem a Alyne Pimentel, que morreu grávida em 2002 por falta de assistência médica em Belford Roxo (RJ). Esse caso foi emblemático, pois levou o Brasil a ser condenado internacionalmente por violação dos direitos humanos das mulheres a uma maternidade segura.

O lançamento da Rede Alyne vem em resposta ao aumento preocupante da mortalidade materna nos últimos anos. Em 2021, o número de mortes maternas no Brasil chegou a 3.030, um crescimento significativo em relação a 2014, quando foram registradas 1.739 mortes. Em Minas Gerais, o aumento foi de 74%. A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais esse cenário, e o desmonte da antiga Rede Cegonha dificultou o acesso ao atendimento médico adequado para gestantes.

Uma das principais inovações da Rede Alyne é a integração do atendimento entre a maternidade e o programa Saúde da Família, com a qualificação das equipes e a criação de um Complexo Regulatório especializado em obstetrícia. Essa medida visa acabar com a peregrinação de gestantes em busca de atendimento, garantindo a oferta de vagas e priorizando o suporte necessário para deslocamentos urgentes.

Durante a cerimônia de lançamento, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância do fortalecimento da rede de saúde para reduzir as mortes maternas e garantir o nascimento de bebês saudáveis. O presidente Lula também celebrou a iniciativa, afirmando que o programa foi criado para garantir um atendimento digno às mulheres e ampliar o acesso a exames essenciais durante a gestação.

A Rede Alyne também busca combater as desigualdades raciais, uma vez que a taxa de mortalidade materna entre mulheres negras é alarmante. Em 2022, essa taxa foi de 110,6 mortes a cada 100 mil nascidos vivos, quase o dobro da média nacional. O governo estabeleceu a meta de reduzir essas mortes em 50% até 2027, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que preveem uma taxa de 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos até 2030.

Além das metas, o programa traz mudanças concretas na estrutura de atendimento. O Ministério da Saúde planeja investir R$ 400 milhões em 2024, chegando a R$ 1 bilhão em 2025. Haverá um novo modelo de financiamento, com distribuição equitativa de recursos e ampliação dos exames pré-natais. O investimento também inclui o custeio de ambulâncias especializadas para garantir o transporte adequado de gestantes e recém-nascidos em situação de emergência.

Outra frente de atuação será o fortalecimento da rede de bancos de leite do Brasil, referência internacional, com investimentos para aumentar a autossuficiência das unidades e incentivar o aleitamento materno. O programa também vai expandir o uso do método Canguru, que tem impacto positivo na saúde neonatal, e digitalizar a Caderneta da Gestante por meio do aplicativo "Meu SUS Digital", integrando informações e facilitando o atendimento.

Com essas medidas, o Governo Federal espera promover uma experiência de cuidado integral e humanizado para as gestantes e bebês, garantindo maior segurança e equidade no acesso aos serviços de saúde em todo o país.


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