Entre os problemas herdados, ele destacou o lançamento de água contaminada com esgoto doméstico pelas bombas antigas e por isso o uso excessivo de cloro para corrigir a qualidade da água.

Crédito fotos: Rede Hoje

O Córrego Feio está muito abaixo do normal e as praias que não apareciam, começam a surgir mostrando parte do leito

Da redação da Rede Hoje

Nesta terça-feira, 8/10, por volta das 6h25 da manhã, um funcionário do Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio (DAEPA) enviou um recado urgente ao superintendente da instituição, Ronaldo Correia de Lima, alertando sobre a situação crítica e que uma das bombas principais, estava prestes a ser desligada com a pressão sobre o sistema hídrico da cidade, especialmente em meio à crise causada pela falta de chuvas. O Córrego Feio está muito abaixo do normal, as praias que não apareciam, começam a surgir mostrando parte do leito e na barragem a águas já não alcançam o limite mínimo.

Em entrevista exclusiva à Rede Hoje, Ronaldo Correia (foto) detalhou os desafios enfrentados por sua gestão desde que assumiu o cargo a convite do prefeito Deiró Marra.

Ele disse que mesmo com o aumento significativo na capacidade de bombeamento de água e no volume de tratamento, com a ampliação dos reservatórios em bairros e a criação de novos sistemas, apesar disso, a crise hídrica tem dificultado o fornecimento de água em níveis que atendem à demanda, que está acima da média histórica. De 240 litros por segundo há cinco anos, hoje o Daepa bombeia 450 litros por segundo, mas o consumo está exagerado, por causa do calor, da necessidade e também dos abusos.

O superintendente informou que esses sistemas foram aumentados em seis vezes nesta gestão e mesmo com o aumento da infraestrutura, a situação hídrica ainda é insuficiente para suprir o consumo elevado, agravando os cenários de escassez e poluição do sistema de abastecimento.

Ronaldo explicou que, desde o início da sua gestão, a Daepa implementou várias melhorias, incluindo a renovação de filtros e motores, aquisição de caminhão para recolhimento de esgoto, construção de novas adutoras e rede de distribuição, além de modernizar a infraestrutura do córrego Feio, de onde vem a água que abastece a cidade.

Segundo ele, antes, cerca de 60% da água era desperdiçada no processo de lavagem dos filtros da ETA (estação de Tratamento) do bairro São Judas, até por 30 vezes ao dia, mas esse problema foi resolvido. O Daepa encontrou a solução e que esse volume agora é armazenado e transferido para a rede. Ele diz que se desperdício ocorresse agora, já teria comprometido em muito o abastecimento da cidade.

Ronaldo Correia de Lima também informou um rodízio de abastecimento de água foi iniciado no último sábado, afirmando que, embora a Daepa esteja liberando o mesmo volume de água, o consumo excessivo tem pressionado o sistema.

Outro ponto ressaltado foi a falta de colaboração da população, que, mesmo em meio à crise hídrica, continua desperdiçando água lavando carros e calçadas. O diretor do Daepa ressaltou que, se chover pelo menos 20 mm nos próximos dias, o barramento poderá encher novamente, aliviando a situação.

Semelhante a 1963


O nivel da água já não chega à barragem

A situação crítica não afeta apenas a zona urbana de Patrocínio, mas também propriedades rurais da região, onde alguns agricultores já enfrentam dificuldades para fornecer água ao gado. Ronaldo Correia lembrou que uma crise semelhante ocorreu em 1963, quando muitos perderam seus rebanhos devido à seca extrema. Hoje, ele vê qualquer chuva como uma solução para o problema, destacando que mesmo pequenas quantidades são benéficas

Ronaldo Correia de Lima disse que desabafou na Rede Hoje porque nos últimos dias apanhou muito: "levei muita porrada, por isso vou falar", explicou. Entre os problemas herdados, ele destacou o lançamento de água contaminada com esgoto doméstico pelas bombas antigas, o que obrigada a autarquia ao uso excessivo de cloro para corrigir a qualidade da água.

Água Barrenta
Segundo o superintendente do Daepa, outro problema significativo é o acúmulo de flocos resultante do processo de decantação da água, que há anos são liberados na rede de abastecimento. Esses flocos, uma espécie de lodo parecida com fosfato, é um material que se deposita no fundo do decantador. Esse material foi lançado no sistema de água por bastante tempo e fica inerte na tubulação. Quando falta água por um periodo logo, eles secam e ao voltar o fornecimento, a pressão os remove, por isso a água fica barrenta. Com a substituição que já aconteceu em algumas partes do sistema, o problema nestas novas redes não existe mais. Mas na rede antiga, no centro da cidade por exemplo, os resíduos que não podem ser removidos. Só com a troca da rede de distribuição isso acontecerá. Se faltar água por muito tempo, o problema pode reaparecer.

Ronaldo Correia relata que, ao fazer uma pesquisa no Jardim Ipiranga, coletou nove garrafas de água. No dia seguinte constatou que havia 70% de flocos e apenas 30% de água. Ele destaca que as redes antigas ainda apresentam sinais destes materiais, só mesmo com a troca destas redes antigas para resolver de vez. O certo é que situação das redes antigas continua a comprometer a qualidade da água em diversas áreas da cidade.



Cemig

Os problemas relacionados à Cemig têm sido recorrentes na região, afetando o abastecimento de energia por longos períodos. Um dos incidentes mais graves aconteceu na região de Araxá, onde uma torre de alta tensão queimou, deixando uma população sem energia por aproximadamente 12 a 14 horas. Recentemente, um novo episódio de oscilação de energia causou uma interrupção de quase 18 horas. Durante esse tempo, uma chave de transferência de energia para os geradores queimou, o que agravou a situação e deixou a região totalmente sem energia, sem previsão clara de retorno.

Por fim, Ronaldo Correia agradeceu à Polícia Militar de Meio Ambiente, representada pelo sargento William, que tem monitorado a zona rural junto próximo ao Daepa para garantir o uso adequado da água. Ele enfatizou a importância da colaboração dos produtores rurais da região do Córrego Feio e das autoridades para enfrentar essa crise hídrica, enquanto aguarda a chegada das chuvas que podem trazer solução a parte dos problemas.

Veja a entrevista completa: 



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