
Eliane Barbosa diz que 25 de julho é um dia de reconhecimento da presença das mulheres negras na construção da sociedade — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Celebrado nesta sexta-feira, 25 de julho, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha destaca a resistência, a ancestralidade e o papel fundamental das mulheres negras na construção da sociedade. A data foi instituída a partir do Primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em 1992, na República Dominicana, marco da mobilização internacional por igualdade e visibilidade.
No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, líder quilombola do século 18, símbolo de luta contra a escravidão. Desde 2014, o dia 25 de julho é oficialmente reconhecido como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Em Brasília, o Festival Latinidades chega à sua 18ª edição e realiza até sábado uma série de eventos voltados à valorização do protagonismo feminino negro. A curadora da exposição Alumbramento, Nathalia Grilo, ressalta o papel transformador do festival: “Hoje, assino a curadoria de uma exposição no Museu Nacional da República, na capital do país, um museu projetado por Oscar Niemeyer. Não sei quando isso seria possível sem o convite do Latinidades.”
A pesquisadora Eliane Barbosa, uma das participantes do painel Justiça fiscal e reparação para mulheres negras, defende que a celebração é um reconhecimento da contribuição dessas mulheres na formação do Brasil. “É uma data de suma importância, pois as Américas foram o continente que recebeu a população negra. Celebrar este dia significa reconhecer a presença das mulheres negras, seu papel fundamental na sociedade e a necessidade de atenção e escuta”, afirmou.
A artista plástica e cineasta Luma Nascimento destacou o festival como espaço de preservação de memórias: “O festival evidencia e documenta a presença da mulher negra, latina, americana, indígena e a contribuição dela dentro da história desse país.”
A produtora audiovisual Pietra Souza reforçou o caráter celebrativo da data: “É um dia de importância histórica. É um dia de luta, mas, no meu ponto de vista, é principalmente um ponto de celebração. Mulheres negras são bonitas, e eu acredito que é o dia de celebrar essas potências.”
A diretora do Instituto Afrolatinas, Jaqueline Fernandes, apontou os desafios estruturais enfrentados pelas mulheres negras e a necessidade de ações concretas: “Políticas públicas eficazes, investimento em educação antirracista, garantia de representatividade nos espaços de poder, valorização da cultura negra e combate à violência institucional”, citou.
Ao homenagear figuras como Tereza de Benguela, o 25 de julho também reafirma a trajetória de tantas outras mulheres negras que, ao longo da história, resistem, constroem e transformam o país.
Com Agência Brasil.