Tomasz Mikołajczyk | Pixabay
Do Triângulo-Noroeste era a maior de escravos. Patrocínio contava com mais de 7.000 habitantes de cor negra (precisamente 7.177)
Atenção
. A partir de 1º de agosto, o Censo 2022 começará a ser respondido. Patrocínio, por exemplo, saberá a sua real população. Porém, muito mais importante do que isso, é conhecer as condições de emprego e renda da população. Como também saber o nível de escolaridade das crianças e jovens. E se a regionalização confere ou não com essa usada pelo IBGE na atualidade. Mas quando ocorreu o primeiro Censo? Há exatamente 150 anos aconteceu o primeiro Censo Geral do Império, uma joia histórica e estatística. É fantástico observar Patrocínio e as principais cidades do Triângulo em 1872.
ESCRAVOS DEMAIS...
ESCRAVOS DEMAIS...
- Dentre os 72 municípios mineiros (hoje, são 853), Patrocínio possuía uma das maiores populações. Do Triângulo-Noroeste era a maior de escravos. Patrocínio contava com mais de 7.000 habitantes de cor negra (precisamente 7.177). O Censo considerou a pesquisa por freguesia (sistema territorial de Portugal), que era praticamente formado por paróquias. Patrocínio tinha três: N. S. do Patrocínio, Santana do Pouso Alegre de Coromandel e São Sebastião da Serra do Salitre. Paracatú (com cinco paróquias) tinha 2.638 habitantes negros. Araxá (4 paróquias) 4.366 habitantes escravos. Santo Antônio de Patos (nome imperial de Patos) população de 1.395 habitantes. Bagagem (Estrela do Sul) quase 3.000 habitantes negros. Montes Claros 4.000 habitantes da raça negra. E a grande Uberaba, com Uberabinha (Uberlândia) e Frutal, apenas 3.300 habitantes ligados à intolerável escravidão.
RESUMINDO A PROSA - Em 1872, dentre os 72 municípios mineiros, Patrocínio, em termos de escravos, perdia para São João Del Rei, Leopoldina, Barbacena, Serro, Sabará e Baependi. Muito triste essa história. A capital de Minas, Ouro Preto, nessa época era habitada por 5.682 pessoas de cor negra. E BH não existia nem em projeto. Nem tinha sido pensada ainda. A maior concentração de escravos (3.800) era em S. Sebastião da Serra do Salitre, tratando-se do município de Patrocínio. Na paróquia de N. S. do Patrocínio havia 1.700 escravos.
POPULAÇÃO LIVRE - Segundo o Censo, Patrocínio tinha quase 25.000 habitantes livres (formada por gente das raças branca, negra, parda e cabocla). Serro tinha 58.000 habitantes, Ouro Preto 43.000, Paracatú 31.000 habitantes, Patos 13.000, Araxá 19.000 e Uberaba 16.000 habitantes (inclusive com ‘’Uberabinha’’).
INACREDITÁVEL: POPULAÇÃO IGUAL DE S.PAULO E PATROCÍNIO - Em 1872, a capital São Paulo tinha 31.385 habitantes. Precisamente, a mesma população de Patrocínio, que totalizava (livres + escravos) 31.378 cidadãos. Ou seja, apenas sete pessoas a menos, o que é numérica e estatisticamente desconsiderável, no contexto. Serro (67.000 hab.) e Ponte Nova (57.000 hab.), as cidades mais populosas do Estado, superavam S. Paulo e Patrocínio com folga. A enciclopédia Wikipédia indica a população patrocinense ligeiramente superior a de São Paulo, em 1872. Mas isso não altera o quadro dito.
ESTRANGEIROS NA VILA... - Patrocínio ainda não era cidade, apenas município e vila em 1872. Vinte pessoas de outros países foram registradas pelo Censo. Um português, dois italianos e dezessete africanos (escravos). Do Brasil, residiam em Patrocínio, dois cidadãos do Pará, três pernambucanos, um carioca e sete paulistas. Assim, dá-se para ter um indicador da origem do progresso patrocinense. Além, da brava gente de Patrocínio e de Minas.
ANALFABETISMO PREDOMINAVA - Para se ter ideia, na Paróquia N. S. do Patrocínio (entenda-se a Vila de Patrocínio mais alguns arraiais), onde a população registrada pelo Censo era de ‘‘11.642 almas’’ (termo para indicar habitantes), 10.948 era analfabetos. Ou seja, 94% da população não sabiam ler nem escrever. Na verdade, só, apenas, 696 pessoas livres eram alfabetizadas. Cenário de terror no Império! Totalmente esquecível.
LONGEVIDADE DE DAR INVEJA... - Residiam em Patrocínio (vila) 19 pessoas com mais de cem anos de idade. E mais 28 pessoas entre 91 a 100 anos. Se considerar a população da Paróquia N. S. do Patrocínio (11.642 ‘‘almas’’), é um índice de longevidade bem alto. Basta comparar o número de pessoas acima de cem anos do último Censo e desse em implantação (2022), com o total da população de Patrocínio. Em outras palavras, se o Censo 2022 apontar que Patrocínio tem 100 mil habitantes, aplicando o mesmo índice de 1872, Patrocínio ‘‘teria que ter, no mínimo, 160 pessoas com mais de cem anos de idade’’. Tomara. Mas o número poderá ser bem menor.
ASSIM... - Aguardar e analisar o Censo 2022 é dever. E verificar como a querida cidade de Patrocínio evoluiu, nesse um século e meio. E ver as atuais fragilidades. Para que possam ser superadas. Com civismo.
RESUMINDO A PROSA - Em 1872, dentre os 72 municípios mineiros, Patrocínio, em termos de escravos, perdia para São João Del Rei, Leopoldina, Barbacena, Serro, Sabará e Baependi. Muito triste essa história. A capital de Minas, Ouro Preto, nessa época era habitada por 5.682 pessoas de cor negra. E BH não existia nem em projeto. Nem tinha sido pensada ainda. A maior concentração de escravos (3.800) era em S. Sebastião da Serra do Salitre, tratando-se do município de Patrocínio. Na paróquia de N. S. do Patrocínio havia 1.700 escravos.
POPULAÇÃO LIVRE - Segundo o Censo, Patrocínio tinha quase 25.000 habitantes livres (formada por gente das raças branca, negra, parda e cabocla). Serro tinha 58.000 habitantes, Ouro Preto 43.000, Paracatú 31.000 habitantes, Patos 13.000, Araxá 19.000 e Uberaba 16.000 habitantes (inclusive com ‘’Uberabinha’’).
INACREDITÁVEL: POPULAÇÃO IGUAL DE S.PAULO E PATROCÍNIO - Em 1872, a capital São Paulo tinha 31.385 habitantes. Precisamente, a mesma população de Patrocínio, que totalizava (livres + escravos) 31.378 cidadãos. Ou seja, apenas sete pessoas a menos, o que é numérica e estatisticamente desconsiderável, no contexto. Serro (67.000 hab.) e Ponte Nova (57.000 hab.), as cidades mais populosas do Estado, superavam S. Paulo e Patrocínio com folga. A enciclopédia Wikipédia indica a população patrocinense ligeiramente superior a de São Paulo, em 1872. Mas isso não altera o quadro dito.
ESTRANGEIROS NA VILA... - Patrocínio ainda não era cidade, apenas município e vila em 1872. Vinte pessoas de outros países foram registradas pelo Censo. Um português, dois italianos e dezessete africanos (escravos). Do Brasil, residiam em Patrocínio, dois cidadãos do Pará, três pernambucanos, um carioca e sete paulistas. Assim, dá-se para ter um indicador da origem do progresso patrocinense. Além, da brava gente de Patrocínio e de Minas.
ANALFABETISMO PREDOMINAVA - Para se ter ideia, na Paróquia N. S. do Patrocínio (entenda-se a Vila de Patrocínio mais alguns arraiais), onde a população registrada pelo Censo era de ‘‘11.642 almas’’ (termo para indicar habitantes), 10.948 era analfabetos. Ou seja, 94% da população não sabiam ler nem escrever. Na verdade, só, apenas, 696 pessoas livres eram alfabetizadas. Cenário de terror no Império! Totalmente esquecível.
LONGEVIDADE DE DAR INVEJA... - Residiam em Patrocínio (vila) 19 pessoas com mais de cem anos de idade. E mais 28 pessoas entre 91 a 100 anos. Se considerar a população da Paróquia N. S. do Patrocínio (11.642 ‘‘almas’’), é um índice de longevidade bem alto. Basta comparar o número de pessoas acima de cem anos do último Censo e desse em implantação (2022), com o total da população de Patrocínio. Em outras palavras, se o Censo 2022 apontar que Patrocínio tem 100 mil habitantes, aplicando o mesmo índice de 1872, Patrocínio ‘‘teria que ter, no mínimo, 160 pessoas com mais de cem anos de idade’’. Tomara. Mas o número poderá ser bem menor.
ASSIM... - Aguardar e analisar o Censo 2022 é dever. E verificar como a querida cidade de Patrocínio evoluiu, nesse um século e meio. E ver as atuais fragilidades. Para que possam ser superadas. Com civismo.