Maio. Mês de muitos acontecimentos importantes na história recente de Patrocínio. Um deles foi a inauguração do Estádio Júlio Aguiar, há 62 anos. Personagens inesquecíveis da política e do futebol desfilaram no, então, perfeito gramado. Lendas dos rivais PSD e UDN, tais como Alkmim, José Faria Tavares, Enéias Aguiar, Amir Amaral, Sebastião Elói e outras. Com a bola rolando, a mais clássica equipe, genuinamente de patrocinenses, em todos os tempos. Desse inesquecível time, apenas um sobrevive. Estádio lotado, com mais de 5.000 torcedores. Com a ajuda do jornal “O Diário”, de Belo Horizonte, e, do arquivo deste autor, cenas de maio de 1962 são apresentadas. Um mês antes, Patrocínio comemorou 120 anos de sua emancipação.


Dona Emídia Aguiar, mãe do prefeito Enéas Aguiar, corta a fita simbólica de inauguração do Estádio Julio Aguiar. Fotos: Arquivo Rede Hoje

MITOS EM CAMPO
José Maria Alkmim (PSD), deputado federal majoritário no Município, mas entre 1964-1967 vice-presidente da República. Pouco antes, Ministro da Fazenda do presidente Juscelino Kubistchek (JK). José Faria Tavares (UDN), único senador da República com origem patrocinense. Em 1962, secretário de Segurança do governador Magalhães Pinto. Enéias Aguiar (UDN), honesto e eficaz, prefeito de Patrocínio. Dr. Amir Amaral (PSD), já tinha sido prefeito patrocinense, por três mandatos (em outubro, de 1962, novamente foi eleito, desta vez vice-prefeito). José Pereira Brasil, destacado juiz da Comarca, à época. Todos de terno e gravata adentraram no gramado para o chute inicial. Aliás, todos os assessores e outras autoridades estavam a rigor (terno). Inclusive, o único jornalista no gramado, Sebastião Elói. A Difusora, ZYW-8, transmitiu a solenidade com Sérgio Anibal e Leonardo Caldeira, que sobrevivem, felizmente.


ANTES, A INAUGURAÇÃO COM DISCURSOS Emídia Aguiar (filha do Cel. Honorato Borges), mãe do prefeito Enéias, descerrou a placa do, então, 4º (quarto) melhor estádio de Minas Gerais (os superiores eram o Independência em BH, Boulanger Pucci do Uberaba Sport e o Alameda do América, também em BH). Segundo o “Diário”, os três clubes que disputavam a hegemonia em Patrocínio dispunham de grande e belo estádio: Flamengo (do Véio do Didino), Atlético (CAP, hoje) e Operário (Pixe, Cabrera, Martelo e Cia.).


O vigário da cidade padre Lamberto dá as benção ao novo estádio

ETERNOS GALÁCTICOS PATROCINENSES No gol, o impressionante voador Dedão. Oriundo do Ferroviário e à época (1962), titular do Flamengo. Depois, CAP e equipes de Goiás. Na lateral direita, o eficiente Gato, irmão de Dedão. Atuou no Ferroviário, Flamengo (patrocinense), CAP e América de São José do Rio Preto. Zagueiro pela direita, o imbatível (muralha) Calau. Atuou pelo Dom Lustosa, Flamengo, Araguari, Atlético Goianiense, Mamoré e Fluminense/RJ (treino e amistosos). Zagueiro pela esquerda, o seguro Macalé. Dom Lustosa, Flamengo e CAP/1963. Na lateral esquerda, o autor do primeiro gol do Estádio Júlio Aguiar, Manoelico. Atuou pelo Operário e Flamengo (do Véio). Meio de campo (a histórica camisa 5) Rubinho. Atuou pelo Flamengo e equipes de Uberlândia.


ATAQUE DOS SONHOS O goleador Dizinho. Veio do Dom Lustosa e atuou pelo Flamengo de PTC e futebol de salão em BH. O armador Peroba, “o bomba”, passou pelo Ipiranga, Dom Lustosa e Flamengo. O “fulminante” e driblador Totonho Figueiredo, atuou em Uberaba, Dom Lustosa, Flamengo e Corinthias (Presidente Prudente). É o único vivo, que sobrevive, residindo em Patrocínio. O clássico (muito clássico) camisa 10 Romeuzinho. Flamengo (do Véio), CAP, Vila Nova (Nova Lima), equipes inferiores do Cruzeiro e futebol de salão, em BH, passaram em sua vida. Ratinho, o camisa 11, que vestiu as camisas do Ipiranga, Associação dos Bancários e Flamengo (PTC).


O time de Patrocínio, Flamengo, que depois seria base do Patrocinense e Patrocínio Esporte

E O TREINADOR? – Essa Seleção de Patrocínio, em 1962, foi comandada por Véio do Didino, o “dono” do Flamengo. Onde passaram Múcio (Atlético-MG, Seleção Mineira e Palmeiras-SP), Bougleux (Atlético-MG, Seleção Mineira, Santos de Pelé e Vasco da Gama), Pedrinho (Atlético-MG e vice-campeão de Minas), Blair (Seleção Mineira do Interior, com Telê Santana), Rondes e outros craques indiscutíveis da bola. Segundo o depoimento desses craques e de gente do futebol, em gerações passadas, Véio foi o maior nome do futebol patrocinense do século XX. Nem por isso está homenageado.

Paulo Constantino recebe um trofeu de Enéas Aguiar

ENCANTADOR ADVERSÁRIO – A equipe do América, de BH, disputava com o Atlético a liderança, em Minas. Os zagueiros Caiô e Toledo. O camisa 5, Hilton Chaves (que depois, treinou o super Cruzeiro), o lateral Décio Teixeira (posteriormente, Galo), o ataque com o “fino da bola” Amauri, Marco Antônio, Gunga, Zuca (transferiu para a Argentina) e Ari. Havia, dentre esses, cinco titulares absolutos da Seleção Mineira dos anos 60. Jogo muito disputado. América mais harmônico. Show de bola das equipes. Placar: América 2 x Seleção Patrocinense 1. Torcida feliz (com a inauguração e festa).

OS VEREADORES EM 1962 – Do lado da UDN: Alaor de Paiva (presidente do Câmara Municipal e do partido), Gervásio Marques da Silveira, Generino de Castro, Pedro de Paula Nunes, João Cortes de Castro e José Constantino de Oliveira (irmão de Nenê Constantino). A bancada do PSD: Casimiro de Faria Barbosa, João Alves de Queiroz, Lauro Borges, José Fernandes de Melo e João Batista de Queiroz (à época, residente em Uberaba, e, hoje, em São José do Rio Preto), único sobrevivente desse tempo. Portanto, seis da UDN e cinco do PSD. Não havia nenhum tipo de remuneração ou assessoria, naquele tempo.

COMÉRCIO NO INÍCIO DA DÉCADA DE 60 – Existiam no Município, nove pensões (Calixto, Rodoviária, Avenida, Central e outras), dois hotéis (Santa Luzia e Patrocínio Hotel), quatro mercearias, sete farmácias, nove açougues, seis padarias (Padaria N. S. Auxiliadora, Padaria Maracanã e outras), duas tipografias (Real e Pinheiros), cinco alfaiatarias (Mathias, Rodrigues, etc.) e 135 varejistas (“vendas”, casa de roupas, sapatarias, etc.).

OS PROFISSIONAIS – Além de pedreiros, carapinas (carpinteiro), pintores, padeiros e outros, havia onze médicos, onze dentistas, quatro advogados (exceto, os “rábulas”) e quatro agrimensores.

RAZÃO DO NOME – O nome “Júlio Aguiar” é uma homenagem ao irmão do prefeito Enéias Aguiar, Júlio Aguiar, já falecido na ocasião da construção do estádio (1961-1962).


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