Cultura. A de Patrocínio passa obrigatoriamente pela arte escrita de Massilon Machado. Não é por acaso que ele é o patrono da Academia Patrocinense de Letras-APL. Algumas poesias, fatos que envolveram a sua vida, tornam-se parte histórica da cidade.
ORIGEM E FAMÍLIA – Massilon, morador da Rua Cassimiro Santos (entre Rua Rio Branco e Rua Tobias Machado) nos anos 60, nasceu no Município em 04/11/1899 e faleceu, aos 73 anos em 26/6/1972. Filho do Major Tobias Machado (comerciante e ex-presidente da Câmara Municipal). Irmão do músico Paulinho Machado e médico Gustavo Machado (o primeiro pediatra de Patrocínio). Portanto, Massilon é tio da escritora e acadêmica Fátima Machado, e, da advogada Imaculada Machada.
O FILHO – Embora solteiro, o poeta criou o seu afilhado com o pleno carinho de pai. A criança tinha o mesmo nome: Massilon José Marques. Esse foi locutor da Rádio Difusora, nos anos dourados, casou-se com Vânia (irmã do saudoso empresário-artista Wanderley Guarda) e residia em Uberlândia (faleceu há poucos anos).
A PAIXÃO – Segundo a sua sobrinha Fátima Machado, Massilon teve um grande amor com o nome de Lenísia. Uma moça clara, olhos verdes e cabelos pretos. Mas, um dia ela e sua família se mudaram de Patrocínio. Em seu mergulho de amor, fez a poesia “Nunca...”:
Quando te fores, quando me deixares,
Cheio de mágoa e cheio de pesares,
Tem piedade; de mim tem compaixão!
Lembra-te, um instante que te amei, um dia,
Molhe-te os olhos vaga nostalgia...
Não penses nunca que te esqueço, não!
...
ADMIRAÇÃO DE UM CONTERRÂNEO – Vez por outra, o farmacêutico e professor da UFMG José Dias (falecido em julho de 2017) nos encontros solenes dos patrocinenses em Belo Horizonte, começo desse século, apresentava o trabalho poético de Massilon Machado. Em um desses Encontros, com entusiasmo, recitou “Ave, Patrocínio!”:
Alegria e glória de viver!
Com estes garbos, nós te saudamos!
És o sol que aclara e vivifica
É o firmamento azulado que nos cobre;
És a brisa que perpassa espargindo o
perfume das flores;
...
PATROCINENSE ENCANTA PATROCINENSE – O prof. José Alves Dias (filho de Joaquim Dias), na mesma ocasião, mostrou o comentário cultural do desembargador Valter Machado (filho de Teodorico Machado), primo de Massilon, ex-presidente do Tribunal de Alçada de Minas: “... quando exalçarmos a memória de um teu filho ilustre, o poeta Massilon Machado, ornamento e renome literário para ti, alcemos o pensamento a Deus e, com testemunharmos gratidão pela benemerência de sermos teus filhos...” (parte da bela crítica literária de Valter Machado sobre Massilon e Patrocínio).
AMOR PELA TERRA NATAL – Massilon elaborou diversas poesias para Patrocínio. Em uma delas, a primeira estrofe sintetiza o seu perene sentimento barrista:
Patrocínio é um sol
Manhãs doiradas!
É o regato que corre cristalino
É a alegria eterna das estradas
Onde brinquei nos tempos de menino
...
DURA REALIDADE – Em mais uma homenagem poética à sua cidade, Massilon descreveu como a via, no seu tempo:
Patrocínio!
És a vida e saúde na pureza de teu ar,
na limpeza de tuas linfas, no verde
de tuas matas, na exuberância de teu campos amanhados
e curativa de tuas águas medicinais!
DOCE ILUSÃO – Hoje, a Patrocínio não tem o ar tão puro assim, nem verdes matas, muito menos águas medicinais. Do além, Massilon vê que tudo isso é apenas mais um retrato na parede.
MAS... SALVAÇÃO NA LAVOURA – Massilon previu e acertou: a exuberância dos campos amanhados. E como tem terra cultivada (que é terra amanhada)!
E O POETA MORREU... – Porém, segundo Fátima Machado, deixou o seu epitáfio escrito, no Cemitério Municipal:
A cova apenas encerra
Um vão pugilo de terra
A matéria, nada mais...
Mas, se um dia aqui vieres
Em visita ao meu jazigo
Não julgues que aqui me abrigo,
Pois eu vivo lá no Além ...
Vira o rosto para cima,
Eu quero ver-te também!
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