Posição do Brasil, que pede o cessar-fogo na região, contraria os israelenses, que insistem em ataques aos palestinos
Brasileiros repatriados em voo da FAB - Divulgação
Do Brasil de Fato
Os brasileiros que estão na região da Faixa de Gaza, na Palestina, tentando escapar da guerra, ficaram de fora da quarta lista de repatriação elaborada por Israel. Novamente, cidadãos dos EUA, país aliado dos israelenses na guerra, foram privilegiados na relação. A informação é do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, a capital da Cisjordânia.
A lista liberada pelos israelenses era formada por 386 norte-americanos, 112 britânicos, 51 franceses e 50 alemães. A ausência, mais uma vez, dos brasileiros, ligou o sinal de alerta em Brasília. Nos bastidores do governo federal já se fala em possível retaliação de Israel.
O Brasil tem defendido o cessar-fogo na região, contrariando o desejo de Israel de manter os ataques ao povo palestino, sob a justificativa de que caça o Hamas na Faixa de Gaza. Além disso, seguindo orientação da ONU, o governo brasileiro se recusa a definir o Hamas como grupo terrorista, embora classifique sua ação do dia 7 de outubro como terrorismo.
O Itamaraty informou que há uma promessa do chanceler israelense Eli Cohen de que os brasileiros deixarão a região até a próxima quarta-feira (8). Neste momento, 34 cidadãos do Brasil estão na região da Faixa de Gaza, próximos da fronteira com o Egito, aguardando a liberação para saírem do país.
Dos 34, 18 estão em uma casa alugada pelo governo brasileiro em Rafah e os demais divididos em quatro apartamentos em Khan Yunis, a 10 quilômetros da fronteira com o Egito. As duas regiões sofrem com bombardeios constantes de Israel e há um temor na diplomacia brasileira de que compatriotas morram na guerra.
Na última sexta-feira (3), a deputada federal Gleisi Hoffman (PT), que também é presidenta nacional do PT, condenou a postura de Israel e lamentou que o governo israelense não tenha apresentado "qualquer explicação para essa atitude que discrimina um país, o Brasil, que tem históricas relações com o Estado de Israel. Um país que, à frente do Conselho de Segurança da ONU, fez todos os esforços por uma solução negociada para o conflito. Infelizmente, o governo israelense sinaliza que estabeleceu uma hierarquia política para a liberação de civis, privilegiando alguns países em detrimento de outros. Da mesma forma que defendemos a libertação dos reféns israelenses, não podemos admitir que civis brasileiros permaneçam ameaçados numa região sob massacre militar. Liberdade já para os brasileiros(as) em Gaza".
Fonte: Brasil de Fato