Em Minas, participantes do Circuito Sempre Vivas identificaram como desafios a serem enfrentados o feminicídio, o trabalho invisível do cuidado doméstico e a escassez de oportunidades em espaços de poder.

Evento, na Praça Sete, em Belo Horizonte, integra o Sempre Vivas 2024. Foto: Alexandre Netto | ALMG

Da redação da Rede Hoje

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, não apenas comemora, mas também destaca a persistente necessidade de conquistar mais na defesa dos direitos das mulheres. Essa afirmação foi ressaltada por parlamentares e profissionais ligadas à causa durante a abertura do Circuito Sempre Vivas, realizado nesta sexta-feira (8/3/24), na Praça Sete, no Centro da Capital mineira.

O Circuito Sempre Vivas faz parte da programação do Sempre Vivas 2024, uma iniciativa da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada anualmente pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, em colaboração com coletivos, entidades e órgãos ligados à pauta feminina. O objetivo é dar visibilidade à luta das mulheres por direitos e marcar o Dia Internacional da Mulher.

Durante o Circuito Sempre Vivas, a presidenta da referida comissão, deputada Ana Paula Siqueira (Rede), e a parlamentar Macaé Evaristo (PT), vice-presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, destacaram que os números de feminicídio continuam alarmantes no Estado e no País.

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (7), em 2023, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada seis horas no Brasil. Minas Gerais foi o segundo Estado com mais casos no ano passado, registrando 183 mulheres assassinadas.

Ana Paula Siqueira enfatizou que além desses dados alarmantes de feminicídio, as mulheres enfrentam outros desafios, como o trabalho não remunerado de cuidado no ambiente doméstico, que resulta em desgaste e adoecimento, e a falta de representação nos espaços de decisão e poder.

Durante o Circuito Sempre Vivas, várias atividades e serviços foram oferecidos para orientar sobre os diferentes tipos de violência contra a mulher e como buscar ajuda em tais situações.

A delegada de Polícia Civil, Danúbia Quadros, ressaltou que o silêncio das mulheres é o maior aliado dos agressores e incentivou as vítimas a denunciarem.

A Cabo da Polícia Militar, Cristiane Carreira, alertou que a violência contra a mulher começa com atos considerados pequenos e, se não forem identificados e combatidos, podem se intensificar, podendo levar ao feminicídio.

Durante o evento, além de distribuir cartilhas para vítimas de violência doméstica, a Polícia Militar destacou o serviço de visitas tranquilizadoras, que visa oferecer apoio às mulheres vítimas de violência, independentemente de terem ou não medida protetiva.

O Conselho Regional de Psicologia levou cartilhas sobre diversos tipos de machismo para conscientizar sobre a sutil violência enfrentada pelas mulheres.

Uma apresentação teatral do grupo Calcinha de Palhaça abordou de forma didática os diferentes tipos de violência.

Marilda Batista, funcionária de uma creche na Capital, elogiou a proposta do evento e destacou a importância de se informar para lutar pelos direitos.

O Circuito Sempre Vivas contou com a participação de vários órgãos e instituições, incluindo a Defensoria Pública de Minas Gerais, a Comissão de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar da OAB-MG, o Centro Risoleta Neves de Atendimento às Mulheres (Cerna) e o Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais.

O slogan do Sempre Vivas 2024, "É tempo de reconhecer o valor das mulheres", destaca o lugar da mulher na sociedade e como sua invisibilidade dificulta o pleno exercício de seus direitos, especialmente nos espaços de poder e decisão. Este ano, além do ciclo de debates, da Feira Mulheres de Minas e do evento na Praça Sete, haverá quatro encontros regionais em cidades do interior de Minas Gerais e uma campanha para arrecadar itens de higiene pessoal para mulheres em situação de vulnerabilidade.