Ativista teria aceitado acordo para se declarar culpado de revelar segredos militares
Manifestante com cartaz de Julian Assange em frente ao Supremo Tribunal da Grã-Bretanha, no centro de Londres, na terça-feira 20 de fevereiro - Daniel Leal / AFP
Da redação da Rede Hoje
O jornalista australiano Julian Assange foi libertado da prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, nesta segunda-feira (24), onde estava detido há mais de cinco anos. De acordo com o site WikiLeaks, do qual Assange é proprietário, ele embarcou rumo à Austrália, seu país natal, após ser liberado. A informação foi confirmada pelo WikiLeaks em suas redes sociais.
Segundo a agência de notícias AFP, Assange concordou em se declarar culpado em um tribunal dos Estados Unidos por revelar segredos militares, em troca de sua liberdade. Este acordo encerra um longo e conturbado drama legal que se estendeu por vários anos. Assange deverá comparecer a um tribunal das Ilhas Marianas do Norte, um território estadunidense no Pacífico, onde se declarará culpado de conspiração para obter e disseminar informações de defesa nacional.
As Ilhas Marianas são um território dos Estados Unidos no Pacífico, mais próximas da Austrália do que do continente americano. De acordo com o jornal New York Times, Assange comparecerá à corte da cidade de Saipan na manhã de quarta-feira (26), antes de retornar à Austrália. Assange sempre se opôs à extradição para os Estados Unidos, onde sua defesa temia que ele pudesse ser condenado à morte.
O WikiLeaks celebrou a libertação de Assange, destacando que ele passou 1.901 dias na prisão de Belmarsh, isolado 23 horas por dia. A campanha global para sua liberdade contou com o apoio de defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes políticos. A libertação de Assange também marca o fim de sua luta de sete anos para evitar a extradição dos EUA, onde ele enfrentava acusações relacionadas à divulgação de documentos que expuseram crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão.
A informação de sua liberdade foi publicada pelo WikiLeaks, do qual Assange é dono - Reprodução/Twitter/WikiLeaks
A esposa do jornalista e ativista Julian Assange, Stella Assange, manifestou preocupação com a viagem de seu marido do Reino Unido até as Ilhas Marianas do Norte, um território dos Estados Unidos, entre esta segunda e terça-feira (25).
Julian foi liberado na segunda-feira (24) da prisão de segurança máxima, onde estava detido há mais de cinco anos na capital do Reino Unido, em Londres, e embarcou rumo ao local onde ocorrerá a audiência. Em seguida, o jornalista deve ser liberado ao seu país de origem, a Austrália.
“Precisamos de todos os olhares atentos ao voo dele caso algo dê errado”, escreveu Stella em seu perfil no X. “Julian não estará seguro até pousar na Austrália. Por favor, continuem acompanhando o voo dele.”
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As Ilhas Marianas são um território do país no Pacífico, mais próximas da Austrália do que do continente americano. Segundo o jornal New York Times, ele comparecerá à corte da cidade de Saipan, na manhã da quarta-feira (26), onde o acordo será formalizado, seguindo depois para o seu país natal. De acordo com a agência de notícias AFP, o ativista concordou em se declarar culpado por revelar segredos militares.
Após declarar-se culpado, espera-se que Assange seja sentenciado a 62 meses de prisão. O tempo, porém, é inferior aos 5 anos que o ativista já cumpriu, resultando assim em sua liberdade após a audiência.
A informação de sua liberdade foi publicada pelo WikiLeaks, do qual Assange é dono e por onde publicou informações de crimes cometidos por militares dos Estados Unidos em campanhas no Iraque e no Afeganistão, na chamada "guerra contra o terror".
Também à AFP, Stella Assange afirmou que “o importante aqui é que o acordo envolve um tempo de prisão cumprido que, se ele assinasse, poderia sair livre".
Agora, disse a esposa, a prioridade é que Julian recupere sua saúde. “Ele está em péssimo estado há cinco anos e deseja ter contato com a natureza. É isso que ambos queremos agora, ter tempo e privacidade, e simplesmente começar este novo capítulo", concluiu Stella.
Segundo o WikiLeaks, a liberdade de Julian Assange é “o resultado de uma campanha global que abrangeu organizadores de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até às Nações Unidas”.
“O WikiLeaks publicou histórias inéditas sobre corrupção governamental e violações dos direitos humanos, responsabilizando os poderosos pelas suas ações. Como editor-chefe, Julian pagou caro por esses princípios e pelo direito do povo de saber”, publicou o site.
“Ao regressar à Austrália, agradecemos a todos os que estiveram ao nosso lado, lutaram por nós e permaneceram totalmente empenhados na luta pela sua liberdade. A liberdade de Julian é a nossa liberdade.”
Redação: Brasil de Fato | São Paulo (SP) |