“A única coisa que posso imaginar é que vereadores de oposição ou mesmo de situação decidiram fugir, se ausentar, sabendo que a reunião era a última e que o assunto era o reajuste dos nossos servidores”, disse o prefeito, visivelmente contrariado

Crédito foto: arquivo - Rede Hoje

Deiró Marra disse que ao final de seus oito anos de governo, deixará a administração municipal com as contas em ordem, sem restos a pagar e com os salários de dezembro já quitados

Da redação da Rede Hoje

O prefeito Deiró Marra demonstrou indignação com a ausência de vereadores na última reunião ordinária da Câmara Municipal de Patrocínio, realizada nesta terça-feira (10). Na ocasião, estavam em pauta dois projetos de sua autoria: o Projeto de Lei nº 041/2024, que propõe um reajuste de 10% nos salários dos servidores da Administração Pública, incluindo aposentados e pensionistas, e o Projeto de Lei nº 042/2024, que prevê o aumento do vale-cesta básica de R$ 400 para R$ 875, beneficiando os funcionários públicos municipais.

Durante entrevista coletiva, realizada à tarde, ele classificou a atitude como uma afronta aos servidores municipais. “O Executivo fez sua parte: elaborou o orçamento, preparou a peça orçamentária e encaminhou tudo dentro do prazo. A partir do momento que o Executivo faz o papel dele, o Legislativo também precisa fazer o seu”, afirmou.

Deiró enfatizou que a principal função dos vereadores é legislar e criticou a justificativa de ausência de alguns parlamentares, apontando que todos sabiam da importância da pauta. “A única coisa que posso imaginar é que vereadores de oposição ou mesmo de situação decidiram fugir, se ausentar, sabendo que a reunião era a última e que o assunto era o reajuste dos nossos servidores”, disse o prefeito, visivelmente contrariado.

Liberdade de voto

O prefeito reconheceu que o voto dos vereadores é livre e que não há obrigação de alinhamento com o Executivo. No entanto, destacou que a decisão de se ausentar compromete a imagem do Legislativo. “Cada um deve votar com sua consciência. A não produção parlamentar, com vereadores se ausentando dessa maneira, é algo que, em oito anos de governo, nunca vi. Para vocês da imprensa, para a população, ficou muito ruim para a Câmara inteira”, pontuou.

Deiró também mencionou os vereadores da base governista, como Adriana de Paula, Natanael Diniz, Carlão e Eliane Nunes, dizendo que não há justificativa para suas ausências. “Todos os nossos projetos sempre tiveram apoio desses vereadores. O governo é sério, trabalhou até aqui, e não estamos pedindo nada para nós mesmos. Estamos trabalhando pelos servidores. Inclusive, o Natanael é servidor de carreira do município”, ressaltou.

Restos a pagar e salários de dezembro 

Ainda durante a coletiva, Deiró Marra fez um desabafo com a imprensa. O prefeito destacou que, ao final de seus oito anos de governo, deixará a administração municipal com as contas em ordem, sem restos a pagar e com os salários de dezembro já quitados. Ele relembrou as dificuldades enfrentadas no início de sua gestão, quando herdou uma dívida superior a R$ 170 milhões, e ressaltou o esforço para resolver os problemas financeiros do município. "Vamos entregar o governo e apresentar isso no dia 30 de dezembro para vocês da imprensa. Não vamos deixar restos a pagar, saldo a pagar, e temos muito a receber, na verdade. Vamos entregar uma outra administração pública para a próxima gestão", afirmou.

Apagar das Luzes

O repórter Jânio Luiz, da Módulo FM, perguntou sobre a acusação de que o projeto foi apresentado “no apagar das luzes” do mandato, o prefeito rebateu. Segundo ele, o envio do reajuste salarial à Câmara é feito anualmente em novembro, seguindo o prazo legal. “Foi enviado na data certa. Não estamos apagando luz nenhuma. Hoje é dia 10 e temos mais 20 dias de governo para trabalhar. O Executivo está fazendo jus ao salário que nossos servidores recebem”, defendeu.

Deiró reiterou que a peça orçamentária do município já está aprovada e que não há qualquer impedimento financeiro para o pagamento dos reajustes. Ele assegurou que a administração está preparada para cumprir as obrigações com os servidores. “Não há problemas de caixa. Pelo contrário, há espaço até para manobrar. Temos satisfação em dizer que tínhamos todas as condições, dentro da lei orçamentária, de conceder os reajustes no salário e na cesta básica”, explicou. 

O prefeito lamentou que a decisão sobre os reajustes fique agora nas mãos da próxima gestão. Ele destacou que a ausência dos vereadores não apenas atrasa os benefícios dos servidores, mas também compromete a eficiência do Legislativo. “Infelizmente, o Legislativo está pecando muito ao não debater e votar. Seja para aumentar ou diminuir, o importante é trabalhar e fazer o que é esperado de um parlamentar”, afirmou.

Por fim, Deiró ressaltou a seriedade de sua gestão até os últimos dias de mandato. Ele destacou o compromisso do Executivo em manter a máquina pública funcionando e reiterou que os projetos de reajuste salarial e aumento do vale-cesta básica foram enviados de forma planejada e responsável. “A nossa parte foi feita. Agora, cabe ao Legislativo retomar o trabalho e mostrar compromisso com os servidores e a população de Patrocínio”, concluiu.