Doença afeta especialmente lavouras jovens, podas drásticas e áreas montanhosas, com colheita mecanizada podendo agravar o quadro.

Fotos: divulgação | Illy Café


Mancha aureolada: As lesões nas folhas são de coloração parda, acompanhadas por um halo amarelado

Da redação da Rede Hoje

A mancha aureolada voltou a incomodar os produtores de café devido às condições climáticas favoráveis à sua proliferação, como o aumento da umidade e temperaturas amenas, comuns em algumas regiões cafeeiras nos últimos anos. Além disso, práticas inadequadas de manejo, como podas mal executadas e a reutilização de mudas infectadas, têm contribuído para a disseminação da bactéria Pseudomonas syringae pv. garcae. A resistência limitada das cultivares utilizadas e a dificuldade no controle da doença, especialmente em períodos chuvosos, intensificam o problema, resultando em prejuízos na produtividade e na qualidade do café. Ela foi identificada pela primeira vez no Brasil na década de 1950, em São Paulo, e desde então tem sido uma preocupação recorrente para os cafeicultores. A doença ganhou notoriedade por afetar severamente a produtividade e qualidade das lavouras de café, especialmente em regiões de clima mais úmido e frio.

A disseminação da mancha aureolada ocorre principalmente por meio de respingos de chuva, ventos e equipamentos agrícolas contaminados. A bactéria penetra nas folhas por estômatos ou ferimentos, causando lesões escuras com bordas amarelas (daí o nome “aureolada”). Em condições favoráveis, como alta umidade e temperaturas amenas, a doença pode se espalhar rapidamente, resultando em desfolha, queda prematura de frutos e até morte de ramos.

O manejo da mancha aureolada envolve práticas como o plantio de mudas sadias, controle do excesso de umidade na lavoura, podas adequadas para melhorar a ventilação e, em casos mais severos, o uso de produtos à base de cobre para reduzir a população bacteriana.

As lavouras mais afetadas pela mancha aureolada são aquelas em formação, com até três a quatro anos de idade, além das culturas que passaram por podas drásticas. Especialmente vulneráveis são as plantações localizadas em áreas elevadas e nas faces sul e sudeste de regiões montanhosas, onde os ventos frios são constantes. Essas condições ambientais, somadas a práticas como a colheita mecanizada, que causa ferimentos nas plantas, facilitam a penetração e disseminação da bactéria responsável pela doença, agravando o problema nos cafezais.

O clima também desempenha um papel crucial no desenvolvimento da mancha aureolada. Temperaturas amenas, principalmente durante a noite, aliadas a chuvas frequentes e alta umidade relativa do ar, criam o ambiente ideal para a proliferação da bactéria. Esses fatores, combinados com a suscetibilidade das plantas jovens ou podadas, tornam o controle da doença um desafio significativo para os produtores.

Os sintomas da mancha aureolada são visíveis nas folhas, ramos, inflorescências e frutos. Nas folhas, as lesões apresentam coloração parda, circundadas por um halo amarelado. Nos ramos, as lesões são escuras e atingem o pecíolo das folhas, causando desfolha. Em inflorescências e frutos novos, as lesões podem comprometer parte da produção, reduzindo a produtividade das lavouras.

Segundo o engenheiro agrônomo e CEO da Experimental Agrícola/illycaffè, Dr. Aldir Alves Teixeira, o manejo da doença começa com a utilização de mudas sadias. "Se a doença for detectada em viveiros, as mudas infectadas devem ser destruídas, e as demais protegidas com aplicações de fungicidas cúpricos ou antibióticos, como a casugamicina, a cada 15 dias", explica. Essa medida é essencial para evitar a propagação da bactéria desde o início do cultivo.

No campo, o controle da mancha aureolada é complexo, principalmente por se tratar de uma doença bacteriana. Em áreas expostas a ventos frios, recomenda-se a instalação de quebra-ventos temporários, como girassol, crotalária, feijão guandu e outras culturas, preferencialmente antes do plantio das mudas de café. Para proteção permanente, sugere-se o uso de grevíleas, bananeiras, abacateiros, cedrinho, eucalipto e outras espécies que ajudam a reduzir a incidência dos ventos.

Além disso, lavouras já afetadas pela doença devem receber aplicações de fungicidas cúpricos logo após a colheita e no início do ciclo reprodutivo da planta, com intervalos de 20 a 30 dias entre as aplicações. Essas práticas, aliadas ao monitoramento constante e ao manejo integrado, são fundamentais para minimizar os prejuízos causados pela mancha aureolada e garantir a saúde e a produtividade dos cafezais.


Todas as notícias