Resolução veta procedimentos anestésicos sem indicação médica, mesmo em casos de tatuagens extensas ou em áreas sensíveis
Tintas para tatuagem
CFM alerta para os riscos da anestesia em procedimentos estéticos como tatuagens (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Da Redação da Rede Hoje

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou nesta segunda-feira (28) no Diário Oficial da União uma resolução que proíbe expressamente a utilização de qualquer tipo de anestesia — seja geral, local ou sedação — para a realização de tatuagens, independentemente da extensão ou da localização do desenho no corpo. A norma é válida para todo o território nacional e passa a valer imediatamente.

De acordo com o CFM, a única exceção prevista na resolução é para casos em que a tatuagem tenha finalidade médica, como na reconstrução de aréolas mamárias após cirurgia em pacientes com câncer de mama. Nesses casos, o uso de anestesia será permitido apenas em ambientes hospitalares ou clínicas com infraestrutura adequada e equipe treinada.

A medida foi motivada pelo crescimento da prática, especialmente entre médicos anestesiologistas, de aplicar anestésicos para facilitar a realização de tatuagens em regiões sensíveis ou de grande extensão corporal. Segundo o relator da resolução, conselheiro Diogo Sampaio, a prática representa um risco à saúde pública e à segurança dos pacientes, além de não apresentar benefícios terapêuticos.

“A participação médica nesses contextos, especialmente envolvendo sedação profunda ou anestesia geral para a realização de tatuagens, configura um cenário preocupante. Não existe evidência clara de segurança, e essa prática pode aumentar o risco de absorção sistêmica de pigmentos, metais pesados como cádmio, níquel, chumbo e cromo, e outros componentes presentes nas tintas”, explicou Sampaio.

O CFM também destaca que os estúdios de tatuagem não oferecem as condições mínimas exigidas para a realização de atos anestésicos, como avaliação prévia, monitoramento contínuo, suporte à vida e equipe capacitada para lidar com eventuais intercorrências médicas. “A execução de qualquer ato anestésico envolve riscos intrínsecos ao paciente, e seu uso fora de contexto clínico colide frontalmente com a avaliação risco-benefício”, afirma o conselheiro.

A Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) manifestou apoio à decisão do CFM. Em nota, a entidade reforçou que mesmo procedimentos anestésicos considerados simples requerem cuidados rigorosos, ambiente adequado e profissionais preparados. “A aplicação de anestesia deve seguir protocolos rígidos, com consentimento informado e avaliação pré-anestésica criteriosa, além de ser realizada em local com equipamentos e estrutura compatíveis com a complexidade do procedimento”, afirmou a SBA.

A resolução impacta diretamente estúdios de tatuagem e profissionais de saúde que vinham oferecendo esse tipo de serviço, agora considerado irregular. A fiscalização caberá aos conselhos regionais de medicina e poderá resultar em sanções para médicos que descumprirem a nova norma.

A decisão, segundo o CFM, visa proteger os pacientes e garantir que o uso de anestesia ocorra exclusivamente em procedimentos que justifiquem os riscos envolvidos. Para tatuagens estéticas, o uso de anestésicos está, a partir de agora, proibido.

Fonte: Agência Brasil


Todas as notícias