Segundo o Bastidor, Omar Aziz detém informações privilegiadas sobre o que o ex-homem do centrão na pasta sabe e relata reservadamente poder provar

Roberto Dias, homem forte no Ministério da Saúde em vários governos, recebeu voz de prisão durante depoimento à CPI  da Pandemia. Foto: Marcos Oliveira/Senado Federal

Da redação da Rede Hoje

A prisão de Roberto Dias, o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, por ordem do presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz, na tarde desta quarta-feira(7/7), foi por “Acordão secreto”, revela reportagem de Diego Escosteguy, publicada pelo site o BastidorRoberto Ferreira Dias pagou fiança de R$ 1,1 mil e foi liberado na noite desta quarta-feira mesmo. Ele ficou detido na Polícia Legislativa, onde permaneceu por cerca de cinco horas, informa o G1.

Segundo as informações, o presidente da CPI da Pandemia “detém informações privilegiadas acerca do que o ex-homem do centrão na pasta sabe e relata reservadamente poder provar. Também tem ciência de que essas informações - que constituem um dossiê - foram usadas como moeda na madrugada de ontem para um armistício secreto entre os dois grupos implicados nas suspeitas de corrupção nos contratos de vacinas”, diz a reportagem.

No seu texto, Diego Escosteguy informa que “Aziz e outros integrantes da CPI foram informados por interlocutores de Dias que o dossiê preparado por ele contém, entre outros documentos, emails da Casa Civil ao Ministério da Saúde. Essas comunicações mostram, de acordo com o relato reputado como crível pelos senadores, que o Planalto dera a ordem para a compra da Covaxin - e para a rejeição da Pfizer. Implicariam especialmente os dois principais militares que estiveram à frente da pasta da Saúde e hoje estão no Planalto: Eduardo Pazuello e Elcio Franco (ex-número dois do ministério)”.

Outra informação que a reportagem de o Bastidor, publicada pouco depois da prisão ter sido anunciada, é que Omar Aziz esperava que o depoimento de Roberto Dias, homem apoiado pelo centrão, em especial pelo PP de Ricardo Barros e Ciro Nogueira, esclareceria a atuação do núcleo militar nos casos dos contratos das vacinas. “Como se viu, isso não aconteceu. Dias apenas disse que a responsabilidade pela negociação das vacinas cabia a Elcio Franco. E negou ter pedido propina, naturalmente”, diz a reportagem.

MAIS INFORMAÇÕES. No corpo da reportagem, o Bastidor diz: “Os movimentos ameaçadores de Dias e seus aliados antes do depoimento conduziram a negociações discretas, na madrugada de ontem, com pessoas próximas ao governo, de acordo com duas fontes com conhecimento direto das tratativas. Selou-se um armistício entre os dois grupos que dividiam poder na Saúde: centrão e militares. (Hoje, dividem suspeitas de corrupção.)

Aziz e outros senadores tomaram conhecimento da trégua. Como Dias logo mostrou que não entregaria ninguém, Aziz se irritou e chegou a mencionar publicamente os emails da Casa Civil e o próprio dossiê.

Como o ex-homem do centrão alegou que encontrou por acaso, num chope, o PM que dizia vender vacinas, Aziz viu a abertura para dar voz de prisão por falso testemunho. As mensagens de áudio que estavam no celular entregue por ele à CPI indicam que o encontro fora marcado.

Seja correta, seja equivocada, a decisão severa de Aziz tem potencial para atrapalhar o acordão entre os grupos. Os dois lados temem o desenrolar do caso Covaxin. Apesar das investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, os operadores envolvidos no contrato da vacina indiana preocupam-se com a exposição imediata na CPI.

Quanto mais a comissão conseguir jogar luz no caso Covaxin, maiores as chances de que os grupos desentendam-se novamente. É a briga entre eles que pode produzir as respostas mais céleres às suspeitas que pairam no caso”, conclui do site.

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