Crédito: Daniel Ramirez |Pixabay
Por Silas Brasileiro
A formalização da Carteira de Trabalho e a condição climática favorável têm contribuído para o avanço da safra em 2023. Segundo levantamento realizado pelo Conselho Nacional do Café, junto às cooperativas, no Brasil, a colheita do café conilon está em cerca de 95%, e o arábica, aproximadamente 70%.
Insistentemente, continuamos acompanhando os noticiários que atrelam o avanço da safra à queda de preços praticados pelo mercado. Esta conotação é colocada de uma forma especulativa, pois avanço da safra não tem nenhuma correlação com o volume de café colhido.
Tentando ser mais claro e objetivo, podemos citar que pode se ter um volume maior de café produzido em uma safra, colhido em 90, 120 dias, e em uma safra menor, levar o mesmo tempo para colher, a depender do clima. O fator climático reflete na maturação dos frutos. Outro fator é a disponibilidade de mão de obra, que agora com a formalização do trabalho temporário no café, facilitou o processo e a celeridade da colheita.
Num passado, a falta de trabalhadores disponíveis para a colheita trouxe como consequência a aquisição de máquinas e implementos por parte dos produtores. São fatores que, de forma individual, os produtores não analisam. Porém, este artigo tem também o viés de chamar a atenção para esse fator, pouco considerado, no entanto, com reflexo muito forte sobre a colheita.
Cabe ressaltar que vários agentes financeiros já enviaram os contratos para aplicação dos recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), os quais estão apenas aguardando a assinatura, após o retorno do senhor Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, da sua profícua viagem ao exterior. Inclusive, o ministro está divulgando o princípio da sustentabilidade e a qualidade dos cafés produzidos no nosso país.
Concluindo, avanço da colheita não tem nada a ver com o volume a ser produzido. Esse sim, é determinante para preços. Com o estoque de passagem baixo, safra dentro da média, estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a não reação dos preços deixa uma reflexão para os produtores: quando colocar seu café no mercado e se ele deve recorrer aos recursos do Funcafé ou de outros agentes para financiar a safra.
O CNC encerra este artigo simplesmente cumprindo a sua missão de transmitir informações para a tomada de decisão dos produtores, e deixa um alerta: não se iludam com aumento de áreas para novos plantios, já que o que reflete nos preços, em suma, é a imutável lei oferta x demanda.
*Silas Brasileiro é presidente do Conselho Nacional do Café (CNC)