EDITORIAL

Hora de reflexão


Foi um ano duro para todos nós.

Perdemos familiares queridíssimos, amigos leais e sentimos o sofrimento nas pessoas num simples encontro na fila de banco, padaria, supermercado. Não precisava ninguém falar, o sentimento estava exposto nos rostos de mães, pais, irmãos, tios, pais, avós. Todo mundo teve que conviver com algum tipo de perda, ainda que não fosse perda humana. Mas só de ficar em casa o tempo todo, pra grande maioria já foi um sofrimento.

Uma categoria se destacou quando a pandemia chegou: os profissionais de saúde, de todos os setores, do mais simples ao mais graduado. Eles foram fundamentais para a humanidade.

Tivemos um governo que negou tudo e por isso o Brasil pagou a conta, provavelmente, com mais vidas humanas perdidas. Que poderia ser diferente com a vacinação por exemplo.

Mas, tudo tem um ensinamento e nas derrotas, aprendemos mais. Hoje, grande parte das pessoas passou a valorizar coisas simples. Viu que o consumismo exagerado, que as marcas de grife, não valem nada quando nem sair de casa se pode. Começamos a pensar mais pra dentro de nós mesmos. Buscar a nós mesmos e refletir sobre o nosso objetivo aqui.

Ficamos mais pobres como país, como cidadãos, mas muitos enriqueceram na sabedoria, no conhecimento, no valor que as coisas realmente têm.

A esperança em dias melhores, a força de cada um e a vontade de vencer, foi o grande ensinamento destes dois anos que passaram.

Independente do credo de cada um temos que agarrar nas mãos de um Ser maior e seguir nosso destino.

Para reflexão, deixamos uma mensagem que só vamos revelar quem escreveu no final do texto.

Leia:

Diante do bolo iluminado, abraças, feliz, os entes amados que chegaram de longe…

Ouves a música festiva que passa, de leve, por moldura de harmonia às telas da natureza…

Entretanto, quando penetrares o templo da oração, reverenciando o Mestre que dizes amar, mentaliza o estábulo pobre.

Ignoramos de que estrela estaria chegando o Sublime Renovador, mas todos sabemos em que ponto da Terra começou ele o apostolado divino.

Recorda as mãos fatigadas dos tratadores de animais, os dedos calosos dos homens do campo, o carinho das mulheres simples que lhe ofertaram as primeiras gotas do próprio leite e o sorriso ingênuo dos meninos descalços

que lhe receberam do olhar a primeira nota de esperança.

Lembra-te do Senhor, renunciando aos caminhos constelados de luz para acolher-se, junto dos corações humildes que o esperavam, dentro da noite, e desce também da própria alegria, para ajudar no vale dos que padecem..

Contemplarás, de alma surpresa, a fila dos que se arrastam, de olhos enceguecidos pela garoa das lágrimas.

Ladeando velhinhos que tossem ao desabrigo, há doentes e mutilados que suspiram pelo lençol de refúgio na terra seca.

Surgem mães infelizes que te mostram filhinhos nus e crianças desajustadas para quem o pão farto nunca chegou.

Trabalhadores cansados falam do abandono e jovens subnutridos se referem ao consolo da morte…

Divide, porém, com eles o tesouro de teu conforto e de tua fé e nos recintos de palha e sombra a que te acolhes, encontrarás o Cristo no coração, transfigurando-te a vida, ao mesmo tempo que, nos escaninhos da própria mente, escutarás, de novo, o cântico do Natal, como de repetido na pauta dos astros:

Glória a Deus nas alturas e boa vontade para com os homens!

Chico Xavier

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