Com atuação em todo o Brasil e mais de 1,4 mil voluntários em Minas Gerais, Grupo Depressão tem Cura relata um aumento de casos do impacto das redes agrava o quadro de indivíduos em depressão.

Crédito:  Abbat | Pixabay


O grupo atua com apoio de voluntários, muitos deles ex-pacientes, que oferecem suporte por meio de atendimento telefônico.

Da redação da Rede Hoje

O uso inadequado das redes sociais tem se mostrado um fator de risco crescente para pessoas com tendência ao suicídio, de acordo com o Grupo Depressão tem Cura. Com atuação em todo o Brasil e mais de 1,4 mil voluntários em Minas Gerais, a entidade relata um aumento de casos em que o impacto das redes agrava o quadro de indivíduos em depressão. Daniel das Neves Silva, coordenador da organização, alertou sobre o tema durante uma audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (16/9/24), destacando que o problema afeta especialmente crianças e jovens.

O evento fez parte da campanha Setembro Amarelo, voltada para a prevenção à automutilação, depressão e suicídio. Daniel Silva comentou que, entre as pessoas atendidas pelo Grupo Depressão tem Cura, 90% relatam experiências negativas nas redes sociais. Ele lembrou o caso da blogueira Alinne Araújo, que cometeu suicídio após ser alvo de comentários maldosos na internet, ilustrando como a exposição nas plataformas digitais pode ser devastadora para quem busca acolhimento.

Daniel Silva também alertou sobre o uso das redes sociais como um mecanismo de fuga para muitos jovens que não encontram espaço para se abrir em outros ambientes. Em vez de apoio, essas pessoas frequentemente são submetidas a críticas e humilhações, situação que pode levar a consequências trágicas, como o suicídio. O grupo atua com apoio de voluntários, muitos deles ex-pacientes, que oferecem suporte por meio de atendimento telefônico.

Durante a audiência, o deputado Charles Santos elogiou o trabalho do Grupo Depressão tem Cura, mencionando que ele próprio enfrentou a depressão na infância. Ele destacou a aprovação do Projeto de Lei 371/23, que prevê a contratação de profissionais de saúde mental para atendimento especializado em Minas Gerais, medida que aguarda sanção do governador. Santos também é autor da Lei 23.764, de 2021, que estabelece uma política estadual de valorização da vida nas escolas mineiras.

A psiquiatra Julia Machado Khoury apresentou dados preocupantes sobre o impacto do uso inadequado das redes sociais, comparando seus efeitos no cérebro ao vício em drogas como a cocaína. Ela alertou que o uso excessivo pode causar danos ao córtex pré-frontal, área responsável pela racionalidade e controle da impulsividade, o que torna crianças e adolescentes mais vulneráveis. A médica também mencionou que a capacidade de concentração da população caiu drasticamente nos últimos anos.

A delegada Cristiana Gambassi Angelini, da Divisão Especializada de Investigação de Crimes Cibernéticos, destacou que as redes sociais também impulsionam crimes como cyberbullying, cyberstalking e a disseminação de pornografia não consensual. Ela ressaltou a subnotificação desses crimes, uma vez que muitas vítimas têm vergonha de denunciar. Esses fatores, somados, demonstram a urgência em fortalecer redes de apoio psicossocial e conscientizar a população sobre o uso seguro das redes sociais.


Todas as notícias