Operação "Dose Clandestina" cumpriu 25 mandados em sete estados, inclusive em Minas, e no Distrito Federal; organização falsificava receitas médicas para exportação ilegal de remédios a comunidades brasileiras fora do país

PF combate rede criminosa pelo tráfico de mais de uma tonelada de medicamentos para o exterior. Os medicamentos eram comercializados em comunidades de brasileiros (PF/Divulgação)

Da Redação da Rede Hoje

Uma megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (24) pela Polícia Federal (PF), em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), revelou um esquema criminoso de grandes proporções voltado para o tráfico internacional de medicamentos. Batizada de "Dose Clandestina", a ação teve como objetivo desarticular uma rede estruturada em dois países, especializada na aquisição fraudulenta e no envio ilegal de fármacos para fora do Brasil.

Cerca de 100 agentes da PF e fiscais da Anvisa participaram da operação, que contou com o cumprimento de 25 mandados judiciais entre mandados de busca e apreensão e medidas cautelares. A ofensiva se deu em sete estados brasileiros – Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Amapá, Espírito Santo – e no Distrito Federal. O trabalho é fruto de uma investigação que já durava meses, com cooperação entre autoridades nacionais e internacionais.

De acordo com nota oficial divulgada pela PF, a quadrilha operava com dois núcleos interligados: um localizado no Brasil, responsável por adquirir medicamentos por meios ilícitos, e outro no exterior, incumbido de receber, armazenar e redistribuir os produtos entre comunidades de brasileiros residentes em diversos países.

Entre os métodos utilizados pelo grupo estavam a falsificação de receitas médicas, a utilização de documentação adulterada e o envio dos remédios por vias postais, simulando uso pessoal, o que dificultava a identificação do crime pelas autoridades aduaneiras. O volume total dos medicamentos comercializados ilegalmente ultrapassa uma tonelada, o que chamou a atenção das autoridades sanitárias e policiais pelo alto risco à saúde pública.

Os remédios, em sua maioria de uso controlado ou de venda sob prescrição médica, eram adquiridos sem o devido acompanhamento profissional, o que representa um risco significativo para os consumidores”, informou um dos delegados responsáveis pela operação.

Os investigados poderão responder por diversos crimes, incluindo tráfico internacional de drogas, falsificação de documentos, associação criminosa, entre outros previstos na legislação sanitária e penal. A depender das provas reunidas ao longo das diligências, os envolvidos podem ser condenados a penas que somam mais de 20 anos de prisão.

A Anvisa reforçou que o consumo de medicamentos obtidos fora dos canais regulares de venda compromete não apenas a eficácia do tratamento, mas pode representar grave ameaça à saúde, especialmente quando há manipulação, transporte ou armazenamento inadequado, comuns nesse tipo de esquema.

A Polícia Federal segue investigando a extensão da atuação internacional da quadrilha e não descarta novas fases da operação nos próximos meses, com cooperação de autoridades estrangeiras e o aprofundamento da análise de documentos e equipamentos apreendidos durante as diligências.


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