
Unidade de conservação abrange três municípios mineiros e é reconhecida por sua biodiversidade e sítios arqueológicos — Foto: Instituto Ekos Brasil
Da Redação da Rede Hoje
Minas Gerais pode em breve conquistar um novo título internacional de conservação ambiental. O Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, localizado no norte do estado, está entre os candidatos à lista de Patrimônio Mundial Natural da Unesco. A decisão será anunciada durante a 47ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que ocorre entre os dias 6 e 16 de julho, em Paris.
Com uma área de 56.448 hectares, o parque abrange os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões. Além da rica biodiversidade, que mescla características da Caatinga, do Cerrado e da Mata Atlântica, o Peruaçu guarda 114 sítios arqueológicos com pinturas rupestres e cavernas de formações geológicas únicas. Fotos aqui.
Reconhecimento e conservação integrados
A possível inclusão na lista da Unesco acontece às vésperas do aniversário de 25 anos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criado pela Lei nº 9.985/2000. O SNUC reúne mais de 2.500 unidades no país e responde pela proteção de cerca de 18% do território terrestre brasileiro e 29% das águas jurisdicionais.
“O reconhecimento como Patrimônio Mundial valoriza não apenas o patrimônio natural, mas também mais de duas décadas de trabalho conjunto entre o setor público e a iniciativa privada”, afirma Ana Cristina Moeri, diretora-presidente do Instituto Ekos Brasil, entidade que atua na região desde 2003.
Modelo de parceria público-privada
O Instituto Ekos Brasil desenvolve, desde 2016, o Programa Peruaçu, em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). A iniciativa promove ações como:
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Apoio à gestão do uso público do parque;
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Pesquisa científica;
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Recuperação de nascentes;
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Projetos socioambientais na Área de Proteção Ambiental (APA) Cavernas do Peruaçu.
Essas ações buscam garantir a sustentabilidade ambiental e o envolvimento das comunidades locais na conservação da região.
Comunidades beneficiadas e turismo sustentável
Além do impacto ambiental positivo, o trabalho no Peruaçu tem gerado benefícios sociais e econômicos. Iniciativas como o projeto Florescer no Cerrado, que capacita mulheres em negócios sustentáveis, e o Floresta Viva, voltado à restauração ecológica, envolvem diretamente os moradores da região, incluindo comunidades tradicionais e povos indígenas.
“O reconhecimento da Unesco pode impulsionar o turismo sustentável e trazer mais visibilidade e investimentos. É a prova de que desenvolvimento socioeconômico pode caminhar junto com conservação”, afirma Ana Moeri.
A expectativa é que, caso o título seja concedido, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu se consolide como referência nacional e internacional em conservação, fortalecendo ainda mais as metas climáticas e de biodiversidade do Brasil — especialmente em um ano em que o país se prepara para sediar a COP30.