Os bailes da época na Churracarista Alvorada (anos 1960 e 1970) . Foto: reprodução da Rede Hoje TV
Sem muita dúvida, já escolhi a minha imagem da Copa do Mundo 2022:
Entre a cena do croatinha consolando Neymar, a mãe marroquina dançando com o filho jogador, fico com o olhar ao longe de Cristiano Ronaldo no banco de reservas da seleção de Portugal.
Neste jogo, ele teve problemas com o poderoso técnico luso e viu o time vencer de 6x 0 sem ele em campo. & mais: Viu seu substituto, um jovem 16 anos mais novo do que ele, marcar três gols.
A vida é assim. Chucra de tudo. Joga seco na cara. Não obedece nossos scripts e se torna um trem besta, sem rédeas como o passar dos anos.
Um técnico chamado TEMPO, como faz com a gente que é nada, também põe gênios, astros e ídolos no seu lugar, sem um pingo de cerimônia.
Um dos maiores jogadores da história do futebol mundial tinha o direito de sonhar em ajudar seu país a ganhar a copa do mundo e ele, sendo aplaudindo de pé no estádio… Simplesmente, não terá este título em seu currículo.
Olhando o olhar de “isso não deve estar acontecendo comigo” de Cristiano Ronaldo, percebo que, famoso ou anônimo, como ar, pão e água, precisamos de uma espécie de sabedoria artística (posto que a vida é uma arte) para saber sair de cena.
Sair de cena não é uma opção. É uma sentença natural, mas cabal. Não teremos 15/20 anos para sempre. Assim vamos deixando a infância, a juventude, a escola, os relacionamentos, a empresa, o time... a vida. É humilhante ser arrancado quase na marra do palco, sacado do time como se fosse mais um. É doloroso ficar na plateia depois que deu tanto show.
Cada um precisa de seu feeling e você e eu só chegaremos lá com muita conversa interna. Tem situações, no entanto que beira ao “óbvio ululante”. Mas a gente insiste.
Reza uma lenda que os índios da tribo Dakota nos Estados Unidos, passam de geração a geração o seguinte ensinamento: “Quando você descobre que está montando um cavalo morto, a melhor estratégia é desmontar”.
Quem quer que desenha? Não adianta arreios novos, chicotes caros esporas de ouro se o cavalo está morto. Não dá para arrancar galope daquilo que já era….
Meus ídolos, agora, muitos deles, são hoje octogenários, vão encerrando a carreira, deixam os palcos chorando…. Ou deixando a vida, mesmo com toda fama, mesmo com toda grana.
Embora tenha perdido uma de minhas mães aos três anos, nunca vou aprender a ser órfão e sou péssimo nesse negócio da sair de cena. Não estou portanto, dando lições de moral por aqui..
A filosofia, a psicologia, a religião, a tecnologia — principalmente a arte — precisa nos ajudar, a ter esse felling; essa conversa interna; essa Sabedoria Artística em ler o momento de se recolher. Antes que a comédia vira drama.
Foi Chaplin quem disse:
"A Vida é uma peça de teatro que não permite ensaios… Por isso, cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida…. Antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Sair de cena dói, mas repito: É necessários sabedoria… artística.
Eles enfrentaram o drama de “pendurar a chuteiras” um dia. Nunca foi fácil pra ninguém:
Guga chegou a ser o nº1 do ranking mundial e é o maior tenista brasileiro. Em 2008, lesões físicas obrigaram o atleta a se aposentar: “….Não é que eu não queira jogar mais, eu peço desculpa, mas é que realmente eu não consigo mais."
Foi a tocante confissão do “Manezinho da Ilha”, entregando os pontos.
Oscar Schmidt, ex-jogador brasileiro de basquete, recordista mundial de pontos, disse em seu emocionado adeus: “Pode aparecer quem faça mais ponto do que eu; pode aparecer quem treine mais do que eu; mas jamais vai aparecer quem ama mais o basquete do que eu”.
A última conquista de Bernardinho com a seleção masculina de vôlei, foi simplesmente o Ouro na Rio 2016. A torcida ovacionava-o: — “Bernardinho!, Bernardinho!, Bernardinho!...” No auge, o treinador mais vitorioso de todos os esportes, anunciou que se desligaria definitivamente do comando da seleção: “É uma decisão muito difícil. Eu não sei se eu consigo. Ocupou grande parte da minha vida”...
O último show de Mílton Nascimento foi realizado no Mineirão, foi pra arrebentar corações. A multidão de 60 mil pessoas entoava "Bituca, eu te amo" do início ao fim da apresentação... Gostaria tanto de estar presente, embora, não tenho palavras para definir essa despedida. Jota Quest já anunciou que também fará seu último show por lá...
Recentemente, Phil Collins se despediu dos palcos com uma performance em Londres. A notícia pegou os fãs de surpresa. Eles não sabiam que estavam presenciando o último show do artista: “Não [consigo tocar bateria]. Eu adoraria. Mas, quero dizer, mal consigo segurar uma baqueta com esta mão"...
Por coincidência, há 07 anos, a empresa que trabalhava encerrava suas atividades.
“Hoje não foi simplesmente um dia comum. Foi uma data/evento marcante em minha vida e na vida de meus colegas de trabalho… Hoje (16/12/2015 ) a Serviços Gráficos S/A, empresa do grupo Constantino, onde trabalhei por 29 anos e 09 meses, encerrou suas atividades...Ora, não, se trabalha em uma empresa por tanto tempo sem um relacionamento saudável...Como disfarçar o orgulho de ter feito parte de uma organização na qual honrei meu contrato de trabalho, fui tratado com respeito e pude trazer o sustento digno para o meu lar...Não me percebo triste. Não teria este direito..O olhar é de GRATIDÃO...E GRATIDÃO POR...TUDO!..”
Nesse último dia da empresa, em uma reunião com o diretor, Ronaldo. Foram pacientes comigo, a voz embargou. Falei entre lágrimas mesmo. O alto da estação não saiu do meu coração até hoje.
Seis anos depois me veio a aposentadoria, era hora de deixar a Gráfica A3. Ou seja, sair de cena.
Já ouviu falar em “membro fantasma”? É a sensação de que um membro removido ou amputado ainda está presente ali, desempenhando suas funções. A pessoa amputada geralmente ainda sente sensações daquele membro, inclusive muita dor. Tal situação acontece devido às alterações que ocorrem no córtex do cérebro, após a amputação de um determinado membro. O cérebro ainda recebe sinais a partir das terminações nervosas que originalmente são fornecidas por sinais deixados pelo membro amputado.
Até hoje ainda acordo com a sensação que me falta algo.
O tempo é muito pior do que técnico de Portugal... Eu não sei sair de cena e pelo visto, o "Robozão" também é ruim nesse negócio.
Resta torcer para que, pelo menos você, leitor, seja craque nisso. Tenha essa Sabedoria Artística. Saia sempre em grande estilo.
Olha o olhar do moço….
Reconhecimento. Vamos falar sobre isso?
Elogia- se muito - e com sobejas razões- O trabalho da Secretaria Municipal de Obras, Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de...de...
Mas cadê os aplausos de pé para a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo?
Sim. Ali está um trabalho em equipe diferenciado.
Se voce visitar o coração da cidade nesse fim de ano, você vc vai confirmar. A cidade respira festividade, brilho e alegria. Tudo apareceu ali, por acaso?
Há que se registrar que o trabalho da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo é permanente, sistemático e se estende ao longo do ano.
É uma pasta das pastas que possui a maior demanda e recebe um dos menores orçamentos.
Portanto, é uma das pastas que exige mais competência, criatividade, versatilidade e mágica para manter girando todos os pratos.
E bota prato nisto. Ou alguém imagina que é moleza manter de janeiro a dezembro, a Casa da Cultura funcionando em sua melhor fase; o Museu Prof Hugo Machado a pleno vapor; O CEU das Artes, prestando seu melhor papel social.
Alí é no estilo 'tudo ao mesmo tempo agora'
Promovendo a cultura, a arte e o turismo; patrimônio histórico, diversidade cultural, expressões artísticas e promoção social.
À frente de tudo está a competente Cidinha Palucci. Mas, sabe o que machuca meus ouvidos até hoje? É quando ela vai conceder alguma entrevista aos microfones da Difusora de Patrocínio e o repórter me sai com essa: " Estamos aqui com a Coordenadora de Cultura.." COORDENADORA?
Poxa, vida ! Até hoje? A única secretaria que não tem titular sendo a que mais trabalha e entrega bons resultados. E de quem se espera muito.
O Prefeito, Dona Labibe e Deputada Maria Clara, direto, se assentam na primeira fila assistindo algum evento promovido pela secretaria.
Sei que no alto de sua humildade Cidinha, não busca cargo. Quer apenas continuar trabalhando de coração e alma como sempre fez.
Formada em gestão empresarial, teatro e artes visuais. Quase 20 dedicados integralmente à nossa Cultura e arte.
Sua matéria- prima é a alegria e a leveza que contagia a cidade.
Essa Ribeirão- pretense é mais patrocinense do que nós todos juntos. É um pecado dizer que ela não nasceu aqui.
Pelo menos a Vereadora Eliane Nunes, sempre se dirige à Cidinha como Secretária. Sabe de sua grandeza. Importante reconhecimento.
Vira e mexe, volta e meia alguém cogita outra pessoa para assumir a titularidade da pasta. Sabe aquela jogadinha política, puxa um vereador ali, empurra um suplente ali. Não deixem que cometam essa covardia com a Cidinha.
Portanto, tudo BEAUTFUL de LINDO!... digo. Quase, posto que a Cidinha, ainda não foi promovida ao cargo de SECRETÁRIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO ?
Aqui, nosso reconhecimento e tenho certeza: Da cidade que vc tanta ama!
Foto: Ray Shrewsberry | Pixabay
Patrocínio. É a essência pura nesses quase 45 anos desta saga bairrista. Neste capítulo dedicado à história (e como é frutífero conhecê-la) pequena viagem no tempo mostra o perfil do Município em 1917. Isso, há um século atrás. Na economia, fumo, cana-de-açúcar, curtume (couro cru) e gado lideravam as movimentações comerciais. Havia um único meio de comunicação rápida e cinco distritos do Município. O tamanho da cidade, a sua vizinhança e até a ortografia da época tornam-se curiosidades inesquecíveis.
Foto: Wolfgang Eckert | PixabaySEM TELEFONE, SEM ÔNIBUS, MAS... – Patrocínio se comunicava com outras cidades apenas pelo telegrafo, pertencente ao IBGE, situado no primeiro andar da Prefeitura (hoje, Casa da Cultura). Não existia nem rádio (amador ou comercial). Pelas estradas de poeira (ou lama) somente poucos automóveis, que interligavam Patrocínio com Patos (ainda sem o “de Minas”), Araguari, Uberaba, Paracatu e Catiara (chamada de Lavrinhas, nessa ocasião). Portanto, ônibus era produto desconhecido. Essa localidade (Catiara) era o principal ponto de convergência de todo Triângulo (e Noroeste), pois era, até então, o final da linha de transportes de mercadorias e passageiros, por estrada-de-ferro (ferrovia), para BH e Rio (estação de Catiara foi inaugurada em 1915). A extensão até Patrocínio se encontrava em construção, por centenas de operários (a maioria de cor negra, face à recente abolição), cuja inauguração se deu em outubro de 1918. Cartas e jornais pelo correio levavam dias, muitas vezes semanas, para chegarem ao destino. Na maioria, correio a cavalo.
POUCAS CASAS, POUCAS RUAS, POUCA GENTE – A cidade de Patrocínio tinha população de 3.600 habitantes, morando em 680 casas. Assim, os, hoje, estádios Júlio Aguiar ou Pedro Alves do Nascimento caberiam toda a população. Inexistiam asfalto ou via com paralelepípedo (pedras tipo Ouro Preto).
DISTRITOS TAMBÉM PEQUENOS – Sant’Anna do Pouzo (com “z”) Alegre do Coromandel era o maior distrito. Entretanto, com apenas 945 habitantes. Lagamal e Santa Rosa já eram povoados do, então, distrito (Coromandel). Abbadia dos Dourados (com dois bês), distrito patrocinense desde 1862, tinha 980 habitantes. Daí, maior que Coromandel. S. Sebastião da Serra do Salitre foi, juntamente com Coromandel, o mais antigo distrito de Patrocínio. Lá habitavam 726 hab. E o povoado Catiara, importante e movimentada estação ferroviária. O quarto distrito era o caçula de Patrocínio em 1917, pois foi criado/instalado em 1912, Cruzeiro da Fortaleza. Nele residiam 860 pessoas. Brejo Bonito, com o possível nome Cruzeiro dos Folhados era o povoado.
UBERABA E ARAGUARI, AS MAIORES – Se considerar o número de casas existentes no começo do século XX, Uberaba era a maior cidade do Triângulo-Noroeste, com 2.410 moradias. A surpresa fica por conta de Araguari, no 2º lugar, com 1.536 casas. Maior do que Uberabinha, melhor dizendo São Pedro de Uberabinha, no 3º lugar (em 1929, após plebiscito, passou a ser Uberlândia). No 4º lugar, com 680 casas, Patrocínio, e, no 5º lugar, Paracatu (620 casas). Nessa época, a cidade de Patrocínio era maior do que a cidade de Patos (sem o “de Minas”, que só surgiu nos anos 40).
DESENVOLVIMENTO: CIDADES MENORES MELHORES POSICIONADAS – Embora fosse a 4ª maior da região, pelo critério “número de casas”, quando considerados indicadores socioeconômicos (população + renda anual municipal), Araxá, Patos e Paracatu ultrapassavam um pouco Patrocínio. As principais lavouras patrocinenses, em 1917/1918, foram algodão e fumo (fumo de rolo para “pito” de palha de milho era o costume). Cana-de-açúcar (escrevia canna de assucar) e cereais (arroz e feijão) também eram destaques. Criação bovina era a principal atividade comercial. Barretos–SP e Rio de Janeiro, principais destinos do “gado” e seus derivados. Por isso, laticínios (queijos, manteiga) e curtume (peles) eram as principais atividades industriais (considerando o contexto da época).
CENÁRIO POLÍTICO – O mineiro Venceslau Brás era o presidente da República. Delfim Moreira o presidente de Minas Gerais (hoje, governador). Arthur Botelho o agente executivo de Patrocínio (hoje, prefeito municipal). Elmiro Alves do Nascimento (pai dos “Alves do Nascimento”), Octávio de Brito (farmacêutico) e Leovigildo de Paula e Souza (poeta-jornalista) estavam dentre os vereadores. Jornal “Cidade de Patrocínio” era o grande jornal. Em Minas, havia somente 178 municípios (hoje, são 853). No Triângulo-Noroeste, por sua vez, só tinha 18 municípios.
FONTES – Diccionario e Estatística Chorografica de Distancias do Estado de Minas Geraes (edição, 1917). Elaboração da antiga Secretaria do Interior de Minas. E complementos extraídos do arquivo particular deste autor.
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