Passei a tarde de ontem com Gilberto Eustáquio da Cunha, um ex- colega de trabalho. (Pouco antes de sua chegada em minha casa, os Correios havia entregado um envelope de papel kraft, ainda ali…sem coragem de abrir, pois aquilo tocava as cordas do meu coração.)…
Consegui uma meta em minha vida, da qual me orgulho muito. Tive o carinho e o respeito de todos meus colegas de trabalho, ao longo de mais de trinta anos de labor. Não preciso de dizer que nosso encontro, teve o contentamento dos bons amigos tomando um cafezinho juntos ao longo da tarde.
Gilberto, veio entregar em mãos algumas tranqueirinhas minhas que havia ficado em meu armário na empresa, desde que me aposentei e sai. " São coisas suas, quem tem de jogar fora, ou não, é voce"Disse meu justo e responsável amigo. Nada muito. Relíquias afetivas: Dois minidicionários de Português; um novo testamento de bolso, alguns recortes de jornais e a reprodução de um telégrafo de madeira, feito e entregue pelas mão do Sr Zinho, ex- telegrafista da RFFSA.
" Voce faz muita falta, falei isso com a Ligiane” (outra ex- colega de trabalho) . Lembro ao leitor que durante toda nossa conversa, havia ao me lado um envelope de papel kraft, ainda lacrado.
Gilberto de férias, seis horas de conversas, teve risos e lágrimas.
Duas perdas recentes, dois ex-companheiros de trabalho, foi lamentada por nós. E claro, lembramos de meu padrinho João Fernandes do Santos, falecido em 2017, de manhãzinha no trampo. Gilberto, trabalhava lado a lado com ele. No dia de sua partida, coincidentemente, Gilberto, também guardou seu olhar diferente, naquele dia parecendo querer nos dizer algo... O que será que ele queria nos dizer...
O jovem Higor Pinheiro, (29) que veio a falecer no dia 28/12/ 22 foi carinhosamente lembrado, em nosso bate papo. Higor, devia ter quase 1,90 de altura, seu pai Tião Abatiá, dever passar um pouco de 1: 60. Era carregada de ternura a cena do filho se curvando para beijar o pai que o levava de moto ao trabalho. Era um "vai com Deus pai e um fica com Deus filho" sem o mínimo de acanhamento na frente de todo mundo. Ficou em nossa mente...
E, outra baixa dolorida, nosso Gilmar Alves Fernandes (filho do Sr Valdo da Moto Minas) faleceu em 03/01/23, embolia pulmonar, em Presidente Olegário. Pensa num caboclo custoso, quando cheguei na Serviços Gráficos em 86, ele já estava por lá. Saia para gandaia na sexta-feira e só faltava na segunda, todo esbandaiado para o trabalho. Vi que não teria muito tempo de vida naquela senda. Fui lhe aconselhando em meio a suas chacotas, terminou a vida como uma liderança evangélica, muito bem quisto na cidade de Presidente Olegário. Chegava a dizer que eu era seu "pai espiritual". menas, menas Gilmarão...Mas, tornou-se o que se poder dizer, um encanto de pessoa…
Gilberto se foi, me deixando sozinho com envelope de papel kraft.
Embora morrendo de curiosidade, deixei para abri-lo no outro dia…
A tal rádio Difusora de Patrocínio, que só passa música ruim no Show da Manhã, resolveu vingar. Por Deus, na hora que estava abrindo o envelope eles me tocam "Canção da América" com 14 Bis. “ amigo é coisa…” O som ecoa n'alma.
Ai a saudade represada, arrebentou os diques do meu coração.
Como no céu ainda não há Correios, Suzana Machado, filha do saudoso amigo Rondes Machado, resolveu fazer a vez no pai. Enviou-me encartes do Globo, contando a vida o Rei. Rondes, era a única pessoa no Planeta que lia um jornal pensando nos amigos. Textos grifados, comentados -e o mais marcante- um bilhetinhos com comentários alusivos inteligentíssimos.
Sempre chamei de "Universidade de Recortes",pois foi muito edificante pra mim. Vide última foto...Todos os domingos pontualmente às 14: 30 da tarde ele me ligava no fixo. Era uma hora da mais agradável prosa…
O gesto de Suzana, pra mim, equivale a um daqueles gols que Pelé não conseguiu marcar na carreira...
Sabe aquele tiro beem de longe, certeiro ao coração…
(Acho que devo marcar com um cardiologista)
A propósito, larga dessa preguiça literária, busque aqui no Portal Hoje, a crônica: “Um craque na bola, na vida e na eternidade” leia a homenagem que escrevi sobre Rondes Machado.
Confesso que nunca mais fui o mesmo depois dessa perda...
Foto: Acervo Público Municipal | Casa Cultura | Museu Hugo Machado Silveira
> Um passarinho passa anunciando: “Que máximo! O novo Presidente da Câmara de Patrocínio é o Leandro Caixeta, ‘prefeito’ do nosso Bairro Morada Nova!” Pelo jeito o repórter alado vai percorrer os mais de 50 bairros da cidade levando no bico essa nota alvissareira. Passarinho bairrista, dê desconto a ele...
> “É de manhã, vem o sol mas os pingos da chuva que ontem caiu, ainda estão a brilhar". "Larga de ser jurássico, Milton!" — eu dizendo pra mim mesmo — "Ninguém sabe quem é Nara Leão (Dolores Duran / Tom Jobim). Em tempos de Plabllo Vittar e Anitta, vai, guarda só pra você essas canções de outros tempos... outra vidas..."
> Hoje, como um pet de estimação, posso levar meu coração para passear no meu bairro; quando isto não for mais possivel, que meu bairro vá levar seu coração para passear dentro de mim, onde eu estiver...
> A fila na Unidade de Saúde começa a ser formada...
> Um Gari ajunta o lixo assoviando rua afora...
> Uma neta adentra a casa de oração com a vó velhinha...
> Uma Bandeira do Brasil já sem as cores do país, mas ainda tremula teimosa...
> Um miquinho sibila numa sibipiruna...
> Uma colaboradora do Sr Jacinto Bernardes já desce para servir bem no hipermercado...
> Uma senhora que varre a calçada, deseja bom dia a quem passa...
> Um cachorro grande leva seu dono para passear...
> Uma homem com a camisa do CAP corre e logo se perde de vista...
> Um ônibus cheio de trabalhadores passa...
> O aroma de café só perdeu para o perfume de manacá. A briga de cheirinho bom foi boa...
> Um empresário não sabe se fala ao volante ou dirige o celular...
> Um jovem/pai tenta apanhar uma manga, a jovem grávida espera...
> Uma borboleta amarela deixa um canteiro de margaridas brancas e pousa num canteiro zínias vermelhas...
> Uma moça bonita passa, sorrindo para tela de um celular...
> Um gato preto — que só pode ser sortudo — pois corre dentro de um espiral perfurocortante de concertina...
> Um pai leva uma estudantezinha à porta de uma escola, a recepcionista a recebe festivamente...
> Uma van cheia de estudantes, reduz a velocidade no quebra-molas...
> Um idoso faz alguns exercícios numa Praça de Saúde, mas logo desiste, para curtir a manhã...
> De repente, uma pétala/sininho de Jacarandá Mimoso, cai e bate bem do lado do meu coração. Entendi. Ela encerrou seu ciclo e quis que eu fosse testemunha.. Plagiei Clarisse Lispector na hora. "Achei Deus de uma delicadeza absurda"...
Ano. O novo chegou. Com ele a esperança de dias melhores para todos. No que tange a Patrocínio e à comunidade patrocinense, há ações e realizações almejadas. Sempre é bom relembrar razões para a esperada prosperidade. E a indicação de algum benefício, que faz parte dessa prosperidade vindoura.
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Os bailes da época na Churracarista Alvorada (anos 1960 e 1970) . Foto: reprodução da Rede Hoje TV