A pandemia trouxe para toda a sociedade momentos de dúvida e incerteza e situações totalmente inusitadas. Nem na segunda guerra mundial, por exemplo,  ouviu-se falar de fechar fronteiras entre países e muito  menos um país fechando fronteiras entre   suas cidades. Estabeleceu-se uma guerra silenciosa. Não nos resta dúvida  de que a pandemia afetou praticamente todos os setores da sociedade.  Com o ensino, com as escolas não foi diferente. Vivemos o avesso das coisas.
Em março do ano passado, de um dia para o outro,  vimos  a escola sem alunos. Três coisas são essenciais na escola: a presença do professor, a presença do aluno e a sala de aula. Repentinamente, não se tinha mais na escola nem o aluno, nem o professor  e a sala de aula estava completamente vazia.



Naquela situação do “e agora o que fazer”, rapidamente no Colégio Atenas, descobrimos o caminho das pedras e cinco dias após a paralização começávamos as aulas remotas. Imaginávamos que tudo voltaria ao normal em sessenta dias. No entanto, foram catorze meses. No inicio, parecia que estávamos em um buraco negro, mas, aos poucos, foi surgindo uma normatização para o ensino remoto. As normas do Conselho Estadual de Educação, por exemplo,  são minuciosas: toda escola particular deve gravar as aulas e mantê-las arquivadas por cinco anos.
As aulas remotas funcionam bem, mas existem muitos percalços. Os professores se desdobram na preparação das aulas, na gravação de vídeo, na necessidade de prender a atenção dos alunos diante de uma tela de computador. Há uma tarefa excessiva que, muitas vezes, leva o professor à exaustão.  O ensino remoto  deixa lacunas para as escolas e principalmente para os pais. Ajudar os filhos, principalmente das séries iniciais, não é tarefa fácil para os pais. Muitos,  quando chegam do trabalho, à noite ainda tem  de cuidar do estudo dos filhos, ajudá-los a fazer tarefa, ensiná-los a ler. Aos jovens, falta-lhes, muitas vezes,  a disciplina pessoal para ficar quatro, cinco horas diante do computador.
A pergunta que ainda perdura é se realmente está na hora de os alunos voltarem para as escolas, mesmo porque cada cidade age de uma forma diferente quanto a data de volta e com quem voltar. Em muitas cidades, por exemplo, como Patrocínio, não se permitiu a volta imediata do Ensino Infantil. Já, em Belo-Horizonte, a prefeitura determinou a volta primeiro do Ensino Infantil. Como não se tem um parâmetro para mediar estas situações, prevalece o bom senso, a avaliação da expansão ou do recrudescimento da Covid 19 e a necessidade  mesma de voltar às aulas.
Em Patrocínio, dia vinte e quatro de maio, completamos o retorno de todas as turmas, iniciado em dez de maio, com aprovação das  secretarias de Saúde e de Educação que preparou, através de uma série de reuniões, este retorno.  Acredito, sim, que está na hora de voltar às aulas e que a  medida da prefeitura foi acertada. As crianças e os jovens precisam do convívio social que o colégio lhes proporciona.  O isolamento lhes causa irritação, ansiedade, tensões e, muitas vezes, um comportamento depressivo.
Estava na hora de voltar, sim. Os professores estão exaustos, os pais estão sobrecarregados com as tarefas escolares dos filhos pequenos, as crianças já não aguentam mais o isolamento dentro de casa. Do ponto de vista didático-pedagógico, é necessário sanar as deficiências existentes e só o ensino presencial nos permite fazê-lo com eficiência.
Nada melhor do que o retorno às aulas. O Colégio ganhou  nova vida, os jovens retornaram à convivência com seus grupinhos, como é próprio da adolescência, e as crianças esbanjam alegria nos corredores e pátios do colégio. Temos relatos de pais de que as crianças, após voltarem para as aulas, estão muito mais calmas em casa, sem ansiedade.
No caso do Colégio Atenas, tudo está muito bem organizado e estamos seguindo, rigorosamente, em todos os setores, o protocolo estabelecido pelo Conselho Nacional e pelo Conselho Estadual de Educação e atendendo, também, as orientações da  Secretaria Municipal de Saúde e Secretaria Municipal de Educação.   Corredores, maçanetas das portas, corrimãos são desinfetados quatro vezes ao dia.  A entrada dos alunos está dividida em dois grupos e cada grupo entra por uma portaria para evitar aglomeração. O Colégio tem muito espaço, muitas  áreas para esportes. Com isto, conseguimos manter o distanciamento até mesmo nos intervalos e recreios e os alunos cumprem  muito bem as normas. Estamos tendo todo cuidado não só com as crianças, mas também com os jovens e também com professores e funcionários.
A Secretaria Municipal de Saúde teve a feliz ideia de iniciar a vacinação de professores e funcionários da educação o que, sem dúvida, trará muita tranquilidade para todos e segurança para os pais.
É preciso que os pais confiem no trabalho das escolas e retornem seus filhos aos Colégios. Sinceramente, acredito que os alunos estão  muito mais seguros e protegidos no Colégio do que nas ruas, do que nos clubes, ou mesmo na convivência familiar, pois nas escolas estamos sempre cuidando deles.





Primeiro de Maio de 1962: inauguração do Estádio Júlio Aguiar.
Reprodução de "O Diário" de Belo Horizonte



Gravura retratando passagens de bandeirantes pela região da Farinha Podre(retatada pelo colunista).
 (Commons PD-Art.|domínio publico).

Professor. Patrocínio teve, e tem, excelentes nos seus 120 anos de história educacional. Mas, quando se diz mestre, o número é reduzido. No pódio de mestre estão os célebres, os catedráticos, os educadores na acepção da palavra educação e os influentes de vida. Como professora, durante 38 anos, no Ginásio Dom Lustosa, Olga Barbosa é um exemplo de mestre. Grande mestre.
 
A VIDA – Olga nasceu em 12/9/1923, na, hoje, Rua Governador Valadares, próximo onde havia a tipografia da Gazeta de Patrocínio, na era Sebastião Elói (1938-1985). Casou-se apenas com a educação. Nos anos 70, transferiu residência para a Rua Rio Branco, vizinha do radialista Pedro Alves do Nascimento. Não teve filhos. Viveu como gostava: solteira. Aos 82 anos de idade, faleceu em 03/4/2006, de maneira trágica (assassinada em sua casa).
 
A FORMAÇÃO – Nos anos 30, foi aluna do Grupo Escolar Honorato Borges. E depois, com bolsa de estudo, fez o então curso colegial (inclusive o Normal) no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio (hoje, Belaar). Sempre como destaque escolar. No começo da década de 40, tornou-se a primeira professora do Curso de Admissão no Ginásio Dom Lustosa (Admissão era um curso de um ano ou seis meses, que propiciava ao aluno ingressar no Ginásio Dom Lustosa. Era como se fosse um curso “preparatório” ou pequeno “vestibular”). A partir daí, virou docente no ginásio, onde a maioria dos professores era composta por padres holandeses. Olga dedicou-se à cadeira/disciplina de História. Também deu aulas de Português.
 
O CREPÚSCULO – Depois de passarem por suas mãos e ensinamentos inúmeras gerações de alunos, com predominância de adolescentes patrocinenses, Olga Barbosa terminou a sua caminhada educacional como Diretora da escola, que vivenciou por 38 anos: Ginásio Dom Lustosa. À época, já sob a gestão do governo estadual (1972).
 
ESCRITORA – Olga escreveu “Dom Lustosa, Seus Tempos Áureos”. Segundo três cartas manuscritas enviadas por ela a este cronista, a primeira versão do livro ocorreu em 1989. Depois, houve a edição manuscrita. E finalmente, em 1991, a edição impressa definitiva. O livro sintetiza o nascimento da escola em 1925 e seu apogeu até 1967, quando foi criado o 2º grau (ensino médio), com o denominado Curso Científico. Nessa ocasião, sob a direção do engenheiro Olímpio Garcia Brandão.
 
CONSIDERADA IMORTAL – Em 27 de maio de 1994, professora Olga Barbosa tomou posse na cadeira nº 9 da Academia Patrocinense de Letras-APL, cujo patrono é o Padre Mathias Von Rooy, holandês, o primeiro diretor do emblemático educandário. Olga ocupou a cadeira nº 9 deixada pelo imortal e criador da APL médico-poeta Michel Wadhy, falecido em 30/4/1985. A dedicação à educação, à cultura histórica, o bom domínio da língua portuguesa e a autoria de memoráveis páginas/textos, inclusive o livro mencionado, foram a razão que a levaram à Academia. Sem restrições.
 
PALAVRA DE UM HISTÓRICO DESEMBARGADOR – O patrocinense do Bairro São Vicente, Dr. Maurício Barros, lamentou, quando da morte da educadora: “... falecimento da Professora Olga Barbosa, mestre de inúmeras gerações de patrocinenses, dentre eles, você (Eustáquio). Também eu fui seu aluno, no Colégio Professor Olímpio dos Santos, nos anos 60, no tempo em que ali lecionaram outros grandes professores, como Franklin Botelho, Líria Lassi Capuano, Irma Carvalho, Sebastião Cirilo e Laga Wadhy, liderados pelo também inesquecível Abdias Alves Nunes. Na mesma época, Ana, minha mulher, também foi aluna de todos eles...” Hoje, Maurício, juiz e desembargador do Tribunal de Justiça de MG, está aposentado.
 
PALAVRA DE EX-ALUNA – “Tirar um 9 (nove) em provas de D. Olga era glória para qualquer aluno, porque um 10 (dez) era praticamente impossível. Nomes, datas e fatos deveriam ser descritos com exatidão e com letra caprichada. Eram normas de ensino daquele tempo. Professora Olga, por sua vida honrada e dedicação aos alunos, será sempre lembrada.” Fátima Othero Nunes, em 21 de abril de 2006. Ela é filha da também ex-professora do Dom Lustosa e Prof. Olímpio dos Santos, Marcelina Othero Nunes, hoje, residentes em Belo Horizonte. Irmã da atuante Mônica Othero.
 
HOMENAGENS RECEBIDAS – O Rotary Club Brumado dos Pavões concedeu-lhe honra ao mérito em 1998. Por algumas vezes, a Câmara Municipal destacou e homenageou Olga Barbosa. Como a dada pelo (falecido) presidente José Rodrigues de Souza por redação isenta sobre a Câmara Municipal, em 1994. A Casa da Cultura (ano 2000) e a (sua) Escola Estadual Dom Lustosa (1977) também reconheceram a joia cultural denominada Professora Olga. Nesse caso, no diploma recebido pela mestre, está escrito “Você ajudou a construir a nossa história.”
 
POR FIM – O seu sobrinho Lúcio Barbosa Lemos, morador da Rua Marechal Floriano com Rua Cesário Alvim, é a origem de parte das informações apresentadas. Inclusive, confirmou o rigor de sua tia Profª. Olga com os estudos e as notas. Certa vez, no Dom Lustosa, o aluno Lúcio acertou todas as respostas da prova de História, porém sua nota foi 9. Porque, escreveu uma palavra de maneira errônea. Isso é o pouco da eterna professora Olga Barbosa. Uma das estrelas no céu de Patrocínio.
 
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Celebridade. De Patrocínio, há diversas. Especificamente no futebol, há algumas. A história patrocinense documenta a vida dessas celebridades. Uma se destacou no século XX. Já foi intitulado o maior nome do futebol de Patrocínio. É Sebastião Ferreira Amaral (há uma rua no bairro Olímpio Nunes/Matinha que o homenageia). Mas, as gerações dos anos 40 a 80 o conhecia, o chamava carinhosamente, por outro nome: Véio do Didino. Um pouco sobre ele mostra o berço mágico da bola na cidade. Como ela (a bola) foi tratada com maestria.
QUEM FOI – Véio do Didino nasceu no Carmo do Paranaíba em 07 de abril de 1922 e faleceu em Patrocínio no dia 19 de outubro de 1986, aos 64 anos de idade. Viveu em Patrocínio desde 1946. Comerciante, católico fervoroso e desportista nato. Casado com a Sra. Lazinha Campos Amaral, com quem teve três filhos. Sempre residiu à Rua Artur Botelho. Torcedor do Botafogo (RJ) e América (BH).
O AUGE – Pelas suas mãos existiu uma academia de futebol chamada Associação Atlética Flamengo. Ou o popularíssimo Flamengo do Véio do Didino. Isso no começo dos anos 50. No clube era o diretor, treinador, supervisor, roupeiro, empresário, atleta e até “psicólogo”. Motivação, jogar bonito, liderança, formavam o seu perfil. Adversários como a URT, Paranaíba (Carmo do Paranaíba), Maracanã (Coromandel), Clube do Cem (Monte Carmelo), Araguari A. C., Araxá e Santana (Paracatu) ficavam desconfortados ao enfrentar a magia do Flamengo. Véio também foi chamado de o “Telê Santana” de Patrocínio.
FLAMENGO: PRIMEIRA GERAÇÃO – A equipe rubro-negra teve duas gerações de verdadeiros craques. A maioria encantou Minas e, até o Brasil. Na década de 50, o grande destaque foi Múcio, muito provavelmente o maior craque da cidade até hoje. Residia na Rua Afonso Pena, em frente ao Ginásio Dom Lustosa, onde fora aluno dos padre holandeses.
GENTE TREINADA PELO VÉIO – Algumas referências para recordar.
Múcio (meio campo): No Flamengo, camisa 9. Porém, como pentacampeão no Atlético Mineiro, Palmeiras, Santa Cruz (PE) e Seleção Mineira, vestiu a “5”, no meio de campo. À época, nas competições nacionais só existia o campeonato de seleções estaduais. E Múcio se deu bem nessa vitrine brasileira.
Pedrinho (lateral): Seleção Mineira, Atlético Mineiro e integrante do então vice-campeão de Minas, Democrata de Sete Lagoas.
Rondes (armador): o fino da bola (1950-1955), considerado pelo então radialista Sérgio Anibal, o “Dirceu Lopes” de Patrocínio.
Blair (goleiro): Seleção Mineira do Interior, na qual Telê Santana foi o ponta direita. Posteriormente, Telê se transferiu para o Fluminense (RJ). Isso no princípio dos anos 50.
Camilo (zagueiro): o melhor camisa 3 do Triângulo Mineiro, naquele tempo. Tanto é que o Araguari o contratou e se tornou campeão do Triângulo.
Carmo (zagueiro): o maior cabeceador do Alto Paranaíba. Não saiu do Município. Vestiu também a camisa do Operário E. C. local.
Calau (zagueiro): Vigoroso, chute forte, atuou no Uberaba Sport, clubes de Goiás e até foi encaminhado ao Fluminense (RJ), mas por influência de sua mãe, desistiu de se mudar para o Rio. Calau é o zagueiro central da Seleção genuinamente patrocinense do século XX.
Peroba (meio de campo): Considerado o “Nelinho” de Patrocínio, devido ao seu potente chute. Calau e Peroba também jogaram (parte) no Flamengo segunda geração.
PRIMEIRO GOL DO MINEIRÃO E COM PELÉ – No começo dos anos 60, a equipe do Flamengo segunda geração, contava com um jovem craque chamado Bougleux (ou Buglê). Não era de Patrocínio, porém sempre estava com o seu tio Hélio Bougleux (Rua Governador Valadares com Rua Tobias Machado). Buglê atuou no Atlético Mineiro, Seleção Mineira (autor do gol de inauguração do Mineirão em 05/09/1965), fantástico Santos do Pelé e no campeoníssimo Vasco da Gama (RJ). De 1965 a 1974.

CREPÚSCULO DO VÉIO – Em 1º/05/1962, comandou a antológica Seleção Patrocinense que inaugurou o Estádio Júlio Aguiar: Dedão, Gato, Calau, Macalé e Manoelico; Rubinho, Peroba e Romeuzinho; Totonho, Dizinho e Ratinho (Nael).
DESTINO DA SEGUNDA GERAÇÃO – Dedão (América de São José do Rio Preto e equipes de Goiás), Gato (campeão goiano pelo CRAC de Catalão), Romeuzinho (Vila Nova de Nova Lima), Totonho (Corinthians de Presidente Prudente e Uberaba) e os demais jogaram apenas nas equipes de Patrocínio.
A BOLA ERA A SUA PAIXÃO – Com o desaparecimento do Flamengo em 1964, Véio tratou logo de fundar, criar e cuidar de uma equipe para veteranos. Surgiu assim o Raposão, um time “domingueiro” para os aficionados do futebol manter a amizade.
FORA DE CAMPO – Em Patrocínio, sua terra por opção, foi comerciante (proprietário da Loja Patrolux – Rua Presidente Vargas), participou de novos movimentos da Igreja Católica (cursilhista e liderança comunitária).
MANIAS SOCIAIS – Jamais deixou de acompanhar um funeral na cidade, seja de pessoa rica ou pobre, da raça negra ou branca. E aos domingos, também gostava de visitar os presos na cadeia municipal, quando os apresentava conselhos, frutas e outras ações de conforto.
MARCANTE – Honestidade, amizade, probidade, fraternidade e liderança positiva traçaram a sua personalidade. O Flamengo, sob a sua direção, era como a bela música. Orquestrado, com ritmo, raça e arte. Até hoje, esse Flamengo é a maior/melhor equipe de futebol amador que surgiu em Patrocínio.
HOMENAGENS CAMINHANDO AO ESQUECIMENTO – O nome “Véio do Didino” já foi de uma medalha oficial da Câmara Municipal oferecida aos melhores do ano no futebol amador (projeto do ex-vereador Deley Despachante). E parece, que até no pequeno estádio da Av. Padre Mathias (próximo à Difusora), que levava o seu nome, nada existe mais. Dia 24 de julho de 2009, o prefeito Lucas Siqueira e o secretário Marcos Remis entregaram aos desportistas a reforma do Estádio Municipal Véio do Didino. O ex-vereador e radialista Roberto Taylor apresentou, nessa solenidade, quem foi Véio do Didino para o futebol de Patrocínio.
Essa crônica foi apresentada na Rede Hoje, entretanto, algumas pessoas solicitaram que ela fosse transcrita. Inclusive, pelo ex-craque Rondes Machado, residente no Rio de Janeiro.
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