Censo.
A partir de 1º de agosto de 2022 começará o recenseamento. Ou seja, a pesquisa domiciliar (coleta de dados) será implementada em todo o País, por 210 mil pessoas contratadas. O Censo Demográfico 2022 não ocorreu em época normal (2020), devido à pandemia. Há expectativa geral pelos resultados. Inclusive Patrocínio, que espera ter mais de 100 mil habitantes. Isso é bom ou não? Comparado com as atuais informações disponíveis, sobretudo do último Censo (2010), é bom verificar, onde o Município poderia apresentar melhoria nos indicadores. É um bate-bola interessante.

EM TAMANHO DE MUNICÍPIO, PATROCÍNIO DESTACA – Segundo o IBGE, o município patrocinense tem 2.874 km² de área. De terra, de chão mesmo. Com isso, apenas 31 municípios são maiores em Minas. Os líderes territorialmente são João Pinheiro, Paracatu, Unaí, Buritizeiro e Arinos. Já Uberaba, Uberlândia, Coromandel e Patos de Minas são um pouquinho maiores do que Patrocínio. No próximo Censo, isso não mudará. Mas a população mudará. E será maior.

AUMENTO POPULACIONAL É POLÊMICO – A rigor, população maior não é progresso. Não é desenvolvimento. Nunca foi. No último censo (2010), Patrocínio posicionou-se em 39º lugar no Estado, quanto à população. Como em área é o 32º lugar, é aceitável ter aumento moderável de sua população. Em outras palavras, a densidade demográfica patrocinense é de 28,7 habitantes por km² (2010). Daí, poderá ser superior um pouco agora no Censo. Isso é apenas uma visão de quem pensa em aumento da população.

PIB: É ISSO QUE PRECISA SER AUMENTADO – O PIB é o resultado de tudo o que é produzido em bens e serviços no Município (nesse caso). O PIB per capita é o valor total de PIB dividido pela população existente. Em 2017, o PIB “per capita” foi de R$ 31.002,00. Poderia dizer que cada patrocinense, em média, produziu R$ 31 mil em 2017. Ou seja, cada habitante produziu pouco mais de R$ 2.500,00 por mês. Isso é pouco. Pouco para o tamanho de Patrocínio. Tanto é que, em termos de PIB per capita (PIB por cabeça), Patrocínio está em 125º lugar em Minas. E no 3º lugar na microrregião. Por essas bandas, Perdizes, Coromandel, Patos de Minas e Serra do Salitre dão um show em Patrocínio. Por exemplo, cada habitante de Serra do Salitre produziu em 2017 quase R$ 50.000,00. Acredite!

SEM MEDO DE ERRAR! – Patrocínio necessita é prioritariamente aumentar a produção de bens e serviços. Principalmente, produção industrial. População, por ora, não interessa. Essa “turma” que defende o aumento da população, sem conhecimento, quer é reduzir o já baixo PIB “per capita” de Patrocínio.

SALÁRIO É BAIXO – Em 2019, havia 22.484 pessoas empregadas, com salário médio mensal de R$ 2.090,00. Isso simplesmente colocou 126 municípios mineiros à frente que pagam melhor do que Patrocínio. Em média, Serra do Salitre e Patos de Minas têm salários mais altos do que a Capital do Café.

ISSO PRECISA TAMBÉM MELHORAR – Apenas aumento da população não altera o cotidiano positivamente. Ah! E nunca esquecer que apenas 25% da população patrocinense está trabalhando, na palavra do IBGE.

O QUE PRECISA AINDA MELHORAR – O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, o famoso IDHM carece de melhoria. Como diz o Bruno Henrique, o IDHM encontra-se no mesmo patamar do PIB “per capita” e do salário. Mais de 120 cidades à frente. Arborização de vias públicas é outra face negativa. O IBGE, em 2010, apontou que 225 cidades de Minas têm maior índice de arborização. Ou seja, tem mais árvores, mais verde, do que Patrocínio.

ENFIM... – Que venha o novo Censo. Que essa paranoia de população maior não seja dominante. Que Patrocínio supere os seus verdadeiros “pontos fracos”. Para tanto, é importante conhecer um “pouquinho só” o Censo de 2010 (o último), e, comparar. Comparar com o Censo 2022 ideal para Patrocínio. O que é debilitado no Município não pode jamais ser desprezado. E sim prezar, buscar, ações que fortaleçam essa debilidade. Aumento de população não é o melhor caminho.

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Tal qual as pessoas, as cidades não são perfeitas. Não são destinos acabados. Estão em dinâmica re/construção. Quem se lembra de Guimarães Rosa, dizendo: “Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.”

Na busca de melhoria contínua, pessoas e cidades, precisam de uma valor imprescindível: A humildade. Humildade para aprender. Humildade leva ao autoconhecimento e o reconhecimento do sucesso do outro. Humildade faz evoluir, buscando novas experiência, inspiração, contexto e originalidade. Humildade faz gente ( e cidade) sair da bolha do óbvio.

Na senda da humildade, pessoas encontram seu próprio destino no mundo; cidades encontram sua vocação determinante.

Em papo reto, nossa Patrocínio de Minas, precisa de humildade para entender que, há séculos desperdiça potencial que poderia colocá-la no ranking nacional; e que, portanto, tem algum progresso, sim, mas está longe de ser uma cidade ideal.

Tenho absoluta certeza, se nossa cidade tivesse, trilhado no passado o entendimento político, alinhamento de forças, pacificação, trabalho inteligente e árduo, nossa realidade seria outra. Se agentes políticos e sociedade civil, tivessem a humildade de fazer um projeto sócio-político-econômico-cultural-educativo-turístico e ambiental. Pra ontem? Não. Para o século passado. Em minha geração, sem perspectivas de mudanças de paradigmas, me resta o lamento. A cultura por aqui é a do estrelato político, revezamento de ‘panelinhas’ no poder.

Em suma. As cidades espelham a mentalidade das pessoas que nela vivem. O escritor e urbanista, Ed Glaeser, matou a pau: “A força que advém da colaboração humana é a verdade central por trás do sucesso da civilização e o principal motivo da existência de cidades”.

Saindo das elocubrações e dos puxões de orelhas, vamos pisar o território de outra cidade.

Por breves três dias, levei meu olhar para percorrer a cidade de Ribeirão Preto.

Costumo dizer que para se começar a conhecer uma cidade, há que visitar a Biblioteca Municipal, o Mercado Municipal, casa de cultura e o jornal impresso local. No caso de Ribeirão Preto, não precisa todo esse trabalho. A cidade se mostra, se dá a conhecer generosamente.

Por exemplo, começo a rascunhar essa crônica em frente ao Theatro Dom Pedro II. A estética arquitetônica é de cair o queixo. No majestoso “Quarteirão Paulista”, Além do Theatro, inspirado em “L’ Ópera de Paris “, capacidade para 1588 espectadores, o Hotel Central, o Palace Hotel e o edifício Meira Júnior, onde funciona a Choperia Pinguim, que dispensa qualquer comentário. Há, um desconhecido, chamado Erasmo Carlos, se apresentaria no “Theatro Pedrão”.

Caminho um pouco e me dou de cara com novo espanto. Palácio Rio Branco. Colossal!.

Segundo me informa um senhor por ali, o estilo de fachada do monumento é uma transição do barroco para o moderno e foi inspirado nas fachadas arquitetônicas do início do século da França. A Belle Époque, floresceu em Ribeirão Preto e mais importante foi preservada. Pois a perplexidade veio ao saber que esta obra de 105 anos, ainda é o centro de poder na cidade. É onde, ainda hoje, funciona a Prefeitura e diversas secretarias de governo.

Bem em frente Palácio, a praça, fica a herma do Barão do Rio Branco, o primeiro monumento instalado em uma praça da cidade. Isso em 1913, antes, portanto, da inauguração do palácio, ocorrida em 1917 ( 109 anos, em Patrocínio, teria virado pó há muito)

Aos pés do Barão, me dou com uma “cápsula do tempo” contendo, Fotos, mensagens, cartas, jornais e revistas foram colocados dentro da cápsula. A urna futurista será aberta no dia 19 de junho de 2056, data em que Ribeirão Preto completará 200 anos de fundação. Daqui há 34 anos. Negócio a longo prazo. Ruim pra mim.

Pausa para um cafezinho, hora de aproveitar e ler “ A Tribuna- O jornal com a cara de Ribeirão" . A matéria de capa é “Explosão de criminalidade em RP” De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, no primeiro trimestre deste ano 38 pessoas por dia foram vítimas de algum furto ou roubo. Dois manos, falava um dialeto paulistês, fui tirar uma foto me deram uma olhadela. Bastou, se me fui dali. Já tinha observado, muita gente em situação de rua, dormindo nos bancos da Praça Carlos Gomes. Um misto de desigualdade social, desemprego, vadiagem flutuante, questão nacional, séria também nas ruas de RP...

Uai, isto aqui é o quê? O Calçadão, maior shopping á céu aberto do interior, compra serviços, gastronomia em pleno coração ribero-pretense.

Na terra do Dr Sócrates, Rai, William Bonner, Camila Queiroz, Carla Zambelli, e da Secretária de Cultura de Patrocínio, Cidinha Palucci, tem como característica pensar grande. Pensou-se grande no passado, presente e futuro.

Marketing pesado, efetivo. Muito conhecida pelo turismo de negócios e eventos. Conhecida pelos títulos de Capital do Chopp, Capital do Agronegócio, (A Agrishow 2022 fechou um total de R$ 11,2 bilhões em negócios e superou em 286,2% o volume registrado em 2019), Capital do café, do Açúcar e Álcool. “Cidade Patrona da Aviação” ( Patrocinaram o sonhos de voar de Santos Dumont, lá na europa) Em 2021, Ribeirão também recebeu o título de Capital da Cultura, (Feira Internacional do livro, considerada a segunda maior feira do livro a céu aberto do Brasil, e uma das maiores da América Latina)

Em várias partes da cidade mapas que orientam os turistas. Através dele fiquei sabendo de diversas atrações, que na ocasião, não seria possível conhecer. 37 atrativos. “Mamãe mandou bater neste aqui...” Museu de Artes, Catedral Metropolitana, Museu do Café, Casa Italiana... e chama a atenção a quantidade de parques. O verde impera. Aliás, pega bem saber. A cidade de Ribeirão Preto possui 93 áreas verdes que foram "adotadas" por instituições privadas e pela sociedade civil organizada. Fazem parte do Programa Cidade Verde, áreas verdes, praças, canteiros e parques que recebem os cuidados dessas empresas em troca de espaços publicitários. São três parques, sete áreas verdes, 15 praças e 68 canteiros centrais cedidos às empresas... “Mas eu sô muito teimoso bato neste aqui”. Fui ao Parque Tom Jobim. Bautiful de lindo.

As instituições privadas e sociedade civil organizada, são atores do progresso. A propósito, leio a Tribuna de cabo a rabo e custo muito a encontrar o nome do prefeito e de vereadores Ribeirão-Pretano. Claro que estão trabalhando e muito e muito, mas não “lacram”, não são protagonistas de tudo.

Como grande exemplo. Foi difícil deixar a Biblioteca Sinhá Junqueira. Ali eu, deveras me ranchei. Um palacete clássico. Que lugar aconchegante, fofo, tradicional-moderno, espaço vivo. O objetivo da Biblioteca Sinhá Junqueira é o de promover o acesso ao livro e à leitura em múltiplas plataformas, possibilidades e sentidos”. E quando você pensa que é um espaço fundado e mantido pelo poder público, a grata surpresa. A dona do palacete Sinhá Junqueira,  que fora esposa do maior empresário do setor sucroalcooleiro das Américas, não tinha filhos, deixou sua vontade impressa em um testamento: Deixo a importância de seis milhões de cruzeiros, para o fim especial de ser fundada e instalada, na cidade de Ribeirão Preto, uma biblioteca pública, com acesso livre a todo cidadão, a qual será instalada no prédio da rua Duque de Caxias”. Tudo mantido pela Fundação Educandário “Cel. Quito Junqueira”, entidade com fins sociais e filantrópicos. A bibliotecária me conta isto de boca cheia...

O suprassumo do supradito é: Ribeirão Preto conversa bem com o passado, presente e futuro... e... e Patrocínio?

Arrecadação. É importante para qualquer cidade. Em termos contábeis, é chamada de Receita municipal. De cidades do porte médio, como Patrocínio, o ICMS e o FPM são as maiores fontes de receita. Esse é o Fundo de Participação dos Municípios, recurso constitucional de origem federal. O FPM é resultado da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Já o ICMS é de origem estadual e parte (25%) de sua arrecadação é distribuída aos municípios, conforme critério envolvendo quase 20 variáveis. Juntos, FPM e ICMS, canalizam mais de R$ 10 milhões por mês, em média, para os cofres da Prefeitura.

TRANSFERÊNCIAS FEDERAIS EM 2021 – Mesmo com a pandemia, a União transferiu quase R$ 6 milhões mensais em 2021, totalizando R$ 70,5 milhões no ano. Nesse total, estão R$ 46,7 milhões do FPM, Fundeb (quase R$ 10 milhões), royalties e Imposto Territorial Rural.

JÁ EM 2022 – Atendendo os dispositivos legais, a União, de janeiro a abril, transferiu R$ 29 milhões. Dos quais, R$ 19,4 milhões referentes ao FPM. O que demonstra quase R$ 5 milhões, em média, por mês.

COMO É – O FPM é em função da população de cada município. Há faixas populacionais representadas por coeficientes. O de Patrocínio é 2,8, Patos de Minas é 3,8 (portanto, recebe mais FPM). Assim, todos os municípios com coeficiente 2,8 recebem os mesmos valores. O FPM é transferido em três parcelas por mês (dias 10, 20 e 30). Constitui-se na principal fonte para pagar o custeio da maioria das prefeituras.

O QUE É O ICMS? – Esse tributo tem nome pomposo e longo: Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. O Estado é o responsável por ele. Em palavras que todo mundo entende: o cidadão paga ICMS em quase tudo que necessita para viver. Por exemplo, arroz, feijão, leite, açúcar, café, etanol, gasolina (em Minas é 31% de ICMS), luz (na conta da Cemig o “coitado” do consumidor paga de 18% a 31%), gás, celular (tributação maior que 38%), ônibus, remédios, enfim, tudo, tudo, tudo o que é indispensável ao ser humano tem cobrança de ICMS.

O QUE NÃO PAGA ICMS – O ar que se respira ainda é de graça. A água no córrego ou cisterna também não tem ICMS. Nem a luz que vem do céu. Como tudo tem uma “gracinha”, livros, jornais e papel destinado à impressão, mudas de plantas e sementes agrícolas, veículos para portadores de deficiências e ufa! ufa! Hortifrutigranjeiros também não pagam ICMS. A população pode comer alface, tomate, abóbora, manga e outras frutas e verduras sem medo, sem ICMS.

MAS... ATENÇÃO! – Ovo paga 7% de ICMS. Carne bovina, suína e carne de frango (como dizia o “Mané de Goiás”) também paga imposto.

O ICMS DE PATROCÍNIO – Em março desse ano (2022), a Prefeitura recebeu R$ 5,8 milhões de transferência do ICMS. Ou seja, o Estado repassou esse montante, que é constitucional. E todo mês, tem repasse próximo ao de março. Por exemplo, em 2021, somando os doze meses, o ICMS repassado totalizou R$ 70 milhões. Um bom dinheiro. Porém, poderia ser melhor, se houvesse desempenho mais acentuado, em alguns setores.

ONDE O ICMS DE PATROCÍNIO PODERIA MELHORAR – O VAF, Valor Adicionado Fiscal, é a principal ferramenta de repasse do ICMS. Para o Município corresponde a 94%. Daí, esforço para incrementar mais a movimentação econômica em Patrocínio é necessário. Por exemplo, atrair indústrias, principalmente de produtos locais (café, leite e outros da economia rural), e agregar mais valores aos produtos. Em março/2022, dos R$ 5,8 transferidos de ICMS, quase R$ 5,4 milhões deveu-se ao famoso VAF, popularizado na região por este minifúndio de papel, desde os anos 80. O restante do ICMS transferido à Prefeitura é em função de dezessete variáveis bem menores. Tem variável com boa performance, tem variável de envergonhar qualquer cidadão.

PEQUENAS VARIÁVEIS POSITIVAS – Nesse valor complementar mensal, calculado entre R$ 300 mil e R$ 400 mil dentro do total repassado pelo Estado de ICMS, “Produção de Alimentos” contribui com R$ 80 mil (não confundir com “milhões”), “Programa Saúde da Família” com R$ 45 mil e “Receita Própria da Prefeitura”, com R$ 53 mil. Isso em março/2022. Essas variáveis são bons exemplos.

VARIÁVEIS QUE FICAM DEVENDO MUITO... – No meio de dezessete variáveis, como “Município Minerador”, Patrocínio recebeu de ICMS, em março, a “fabulosa” quantia de R$ 131,00. Sim, uma nota de cem reais e três de dez! “Esporte” e “Turismo” proporcionaram ZERO reais. Ou seja, nada. “Patrimônio Cultural”, apesar de 180 anos de emancipação, R$ 17 mil prá quebrar o galho. E segue a vida...

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COISAS QUE ‘PEGA BEM’ SABER

Hércules, foi o mais famoso dos gregos. Por detrás de sua mitologia complicadíssima, acredita-se ter havido um homem real, provavelmente um dos principais líderes militares da época.

Tinha força, mas faltava-lhe sabedoria.

Certa vez Hércules caminhava por uma vereda estreita, quando viu no chão um objeto parecido com uma maçã, e quis esmagá-lo.

Observou porém que tal objeto dobrava de tamanho, e ainda mais o pisou e nele bateu com um porrete. A coisa, porém, estufou e aumentou tanto de tamanho que obstruiu o caminho. Ele largou pois, o porrete, e olhou admirado o ocorrido. Foi quando Atena lhe apareceu e disse:” Pára, irmão, isso que vês é a disputa e a discórdia. Se deixarmos tranquilo continua do mesmo tamanho, mas se combatermos ele infla”...Auto explicativo...

Mas um conterrâneo lá da Barra da Salitre, traduziu melhor do que os gregos a situação: m*quanto mais mexe, mais...

POR FAVOR, PARTICIPE:

A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo lançou o edital do concurso “Gentileza Urbana”, que tem como objetivo promover e divulgar a gentileza urbana em nosso município. Os interessados em participar do concurso deverão se inscrever através do Whatsapp da Secretaria (34 99927-4235) enviando fotos de cenas do cotidiano que retratem atos de gentileza urbana. As inscrições poderão ser feitas até o dia 27/05/2022. Para maiores esclarecimentos, ligue (34) 3831-5192. Conheça o regulamento do concurso na página da @secretariaculturaptcmg..

DIA MUNICIPAL DA GENTILEZA URBANA

Projeto de Lei n°254, de autoria da Vereadora Eliane Nunes, institui o Dia e a Semana da Gentileza Urbana, foi aprovado por unanimidade na Câmara Municipal de Patrocínio. Sancionada pelo Prefeito Deiró. É, portanto, lei no município.

Visa incentivar atitudes que geram gentilezas, promovam a acessibilidade, valores humanos, da igualdade e do respeito mútuo, bem como as iniciativas que propiciem a cidadania, o conforto e o bem-estar aos munícipes...Participem do concurso que registra ações, gestos e intervenções que promovam esse olhar diferenciado no nosso município...

Conheça o regulamento na página da @secretariaculturaptcmg..

EXCELENTÍSSIMO SR. CORDIALIDADE


09/05 foi a data do níver dele: LÚCIO ANTÔNIO DE SOUZA- O LUCINHO DO PRONTO SOCORRO.

Moço que inspirou o Dia Municipal da Gentileza Urbana, conquistou uma cidade inteirinha com o poder do seu sorriso.

Não há em Patrocínio quem não admira sua gentileza e simpatia.

Simples assim: Servindo com atenção e carinho acolhedor, ele se tornou celebridade no município.

Simples e humilde. Nem quis ter aparelho celular, sua comunicação não tem ruído; sua conexão é humana, é olho no olho, é coração com coração, é alma com alma.

Seu sorriso é uma espécie de analgésico para quem chega com dor e desespero no Pronto Socorro.

De onde vem tanta doçura, afetividade e respeito pelo próximo.

Não é cena, não é tipo, não é teatro, não é fake. É carisma natural. É dom celestial.

Ele foi escolhido para conduzir a Tocha Olímpica; foi escolhido para tomar a primeira dose da vacina contra covid.

EXCELENTÍSSIMO SR. CORDIALIDADE. Exemplo de servidor público. Servindo e sorrindo ele conquistou um lugar especial no coração de nossa gente. Poxa! E que bom que ele é Patrocinense. Deveria ser feriado: Dia da Gentileza Urbana em Patrocínio. Há diversas ações futuras para serem realizadas perpetuando esta data. Por ora um bem bolado Concurso de Fotografia alusivo ao tema. O primeiro passo para Patrocínio se tornar a cidade mais gentil da região.

Que Deus continue dando ao gentil Lucinho, saúde, prosperidade e essa alegria de servir.

UM ESPAÇO PARA QUEM AMA O SABOR E O SABER DO CAFÉ



Se você GOSTA de café, em Patrocínio há diversos lugares que servem uma boa xícara da bebida. Entretanto, se AMA café, em Patrocínio há um espaço que serve muito mais do que uma xícara da segunda bebida mais solicitada do mundo. O nome do local vai te deixar com água na boca: ALT LAB- CAFÉ, CHÁ E EXPERIÊNCIAS ESPECIAIS. Passando na Rua Martins Mundim- 29, coladinho á Av João Alves do Nascimento, queira entrar para mais do que um cafezinho.

Alí não é apenas uma cafeteria, é um ateliê de novas sensações, ricas experiências, e doces percepções; um espaço de sabor e saber. O café do cerrado, claro, está na melhor versão, e ainda cafés exóticos de várias partes do mundo. Cardápio fino e a quintessência dos chás também encabeçam o menu da casa. “Não somos uma simples cafeteria, somos um laboratório de experiências”. Frase pinçada da página do Instagram da @altlabcafe. Para quem gosta de ir além da xícara, continuamente o espaço oferece cursos, workshops e afins.

O modo reverente com que a Isadora Fornaro passa esse cafezinho, fala de gente que nasceu para fazer o que faz.

Rua Martins Mundim- 29, espaço pra quem ama café, na Capital do... Café.

EQUIPAMENTO CULTURAL NO ABANDONO


Na radiante manhã do dia 10, de outubro de 2019, na praça Santa Luzia, uma iniciativa do Lions Clube de Patrocínio, com a presença representantes da educação, cultura do município e lazer, foi inaugurado o projeto “GELADEIRA LITERÁRIA”.

O brilhante projeto das “meninas e meninos” do Lions, tem como objetivo formar cidadãos conscientes e disseminar o hábito da leitura, do lazer e do conhecimento.

Apenas dois anos e meio da festiva inauguração, o projeto caiu no esquecimento e abandono. Quem retirou livros, não devolveu. Se leu só Deus sabe. A fonte secou e não se fala mais nisto?

Nenhuma crítica às “meninas e meninos” do Lions, eles criaram o projeto, foi implantado no coração da cidade, cabia a população acolher a ideia, cuidar do equipamento público e torná-lo dinâmico. Ou, seja era para expandir a ideia, não extingui-la. Reinaugurá-la tornou-se necessário...

Essa Geladeiroteca abandonada em um dos cartões de visitas da cidade, só faz demonstrar que ainda há muito trabalho pendente para construir uma relações saudável entre a população e os equipamentos comunitários. Neste caso ainda pior, entre o povo e o livro.

Gentileza Urbana, precisamos falar muiito sobre isto….

Livros não mudam o mundo,
Quem muda o mundo são as pessoas.
Os livros só mudam as pessoas. (Mário Quintana)


Denis Doukhan | Pixabay

Acho que toda criança tem algum idoso como referência. Eu sempre gostei muito de um tio-avô, solteirão, acho que na casa dos 70 anos. Seu nome: José Luiz da Costa. Era um homem fantástico. É o mínimo que posso dizer. Lavrador, analfabeto, mas nunca vi alguém com tamanho conhecimento a respeito das relações humanas. Que sabedoria!

Entre os melhores momentos da infância, posso assegurar que passei muitos com o Tizé (assim que o chamava). Irmão da minha avó paterna, Sebastiana Luíza da Costa, aquele homem branquelo, cabelos brancos como algodão em ponto de colheita, altura mediana, magro e sensível, foi a pessoa mais tolerante que conheci.

O Tizé foi trabalhar no sítio que meu pai comprara — atrás da Serra do Cruzeiro, onde funciona atualmente do lixão. Lá é um lugar de puro cascalho, capim, árvores pequenas e retorcidas, só dois filetes de terra agricultável perto de duas capoeiras ao lado de dois córregos que passam dentro do que era a propriedade. Ao lado de um dos córregos, meu pai construiu a casa e um barracão.

Perto da casa, meu pai plantou cana pra moer para o gado — umas 20 rezes, se tanto — e minha mãe fez uma bela horta. Só ali, naqueles pouco mais de 500 metros quadrados, se produzia alguma coisa.

Então, meu pai contratou o Tizé para roçar o pasto (cortar as ervas daninhas, vassourinhas, mata-pasto, etc). No período de férias do grupo João Beraldo, o Tizé me convidou para fazer-lhe companhia, o que aceitei com muito gosto, pois adorava ouvir suas histórias.

A gente ia cedo. Sete da manhã já estávamos lá. É muito perto da cidade. Uma manhã, quando chegamos, o Tizé pediu que eu cortasse um pouco de capim — muito comum no lugar, parecido com o que se usava para encher colchões — e amontoá-lo embaixo de uma árvore. Se saber a razão, segui o que ele determinara, enquanto cortava umas varas. Depois ele montou uma armação usando duas pequenas árvores que ficavam lado a lado. Passou uma vara mais forte entre as forquilhas delas e foi trançando as varas até chegar ao chão. Colocou capim em cima, fazendo amarração com as cascas das próprias varas, que saíam como correias. Assim, fez uma cabana rústicas.
— Pra que isso, tio?, eu quis saber.
— Pra nos proteger da chuva que vem vindo — o céu negro anunciava uma tempestade.
— Mas nós trouxemos capas. — eu disse
— Verdade, mas se chover pedras estaremos protegidos. — retrucou.
Ouvi calado. E não é que ele tinha razão? Mas começou a trabalhar, caiu uma chuva daquelas. E o danado do abrigo aguentou o tranco.

Enquanto chovia, ele preparava um cigarro de fumo de rolo e palha de milho, que chamava de “pito de páia”.
E tinha todo um cerimonial. Primeiro passava o canivete — grande, cor prata — na palha, até ficar lisa como papel. Colocava a palha entre os dedos indicador (o fura bolo) e anelar (o seu vizinho), por cima do dedo médio (o pai de todos); pegava o fumo com o polegar e o indicador e cortava bem fininho, uma porção generosa. Depois, espalhava o fumo na palha, misturado com raspa de uma raiz (não sei acho que era de mama-cadela, só sei que ficava parecido com incenso); enrolava e dava uma lambida na palha (como se fazia com envelope), fechava, dobrava as pontas (pro fumo não cair). Pronto e perfeito! O famoso “pito de páia” estava pronto para ser reduzido à fumaça e à cinza, literalmente.

Mas a cerimônia não tinha acabado. Para acender o “pito”, o Tizé usava uma binga (isqueiro) que parecia uma bala de fuzil, cor de cobre. Dentro um chumaço de algodão. Ele tirava um pedaço de lima — que usava para amolar a foice — batia aquelou peça de metal numa pedra preta que segurava ao mesmo tempo na boca da binga, provocando faíscas e soprava o algodão até que, como mágica, o fogo aparecia.

O Tizé bebia um pouco de café muito doce e frio, que trazia numa garrafinha de guaraná caçula “Banho de Lua”, sentava-se de cócoras nos calcanhares e das boas baforadas naquele cigarro cheiroso e convidativo. De vez em quando, com a unha do solecar, dava umas três batidas na ponta do pito para “avivar” a brasa.

O dia passa e a gente se prepara para ir embora. Quando começamos a caminhada de volta, vejo uma cena que me impressionou muito: uma cobra enrolada numa coruja, tentando mordê-la e a ave pisando na cabeça da cobra, bicando e comendo e comendo aquele animal peçonhento, vivo.
Eu, impressionado:
— Tizé é a coruja que tá comendo a cobra, eu nunca tinha visto isso!
— Calma, filho. — ensinou-me — essa é a “coruja-buraqueira” que vive nos buracos abandonados por tatu e serve de tocas para outros animais e a cobra é dos alimentos da coruja. A natureza é assim, o que caça num dia, pode ser caçado no outro.
Sem que nenhum de nós — pelo menos eu — percebesse, mais que falar da rotina de dois animais silvestres, ele acabara de me dar uma lição de vida.

O Tizé morreu no início da década de 1970. Só lamento não ter convido mais com ele, pois era generoso, doce, de fala mansa e de grande sabedoria. Aquilo tudo me fascinava. Nunca vi aquele homem com atitude de confronto, arrogante, com quem ou o que quer que fosse. Se dizer uma palavra sobre qualquer assunto, contudo, com seu jeitou de viver, era como se em cada ato me ensinasse: “Seja tolerante e manso com as pessoas e com toda criatura de Deus. Isso será bom para você mesmo”. Aquilo me valeu até hoje. Tento viver da mesma forma, valorizando o que é simples, sem arrogância e respeitando o outro, por mais humilde que pareça.

Nota. Esta crônica está no meu primeiro livro de crônicas “O Som da Memória”, publicado há 10 anos, em 2012, com o apoio do então secretário de Cultura, Flávio Arvelos. Saiu com o título “Tio Zé e o pito de ‘paia’”. Falo nisso porque o lançamento do meu livro mais recente está previsto para dia 2 de julho. É o livro reportagem “CAP: A História de uma Paixão Grená”. Mas, o primeiro livro é sempre o que marca mais.

Dedico-a ao produtor rural, já falecido, Paulo Pereira. Certa vez o encontrei com seus irmãos num restaurante e ele disse que essa era a sua crônica preferida do meu livro, pois, na fazenda de seu pai tinha um senhor com as mesmas caraterísticas do Tio Zé.

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