Foto: Andrzej Rembowski |Pixabay
Baseado numa história real, nos Estados Unidos um jovem estava sempre com um carrinho de supermercado e um rádio. Seu apelido 'rádio' foi escolhido pela sua afeição por rádios. Além disso, era fascinado pelo futebol americano, com transtorno mental chamado na vida real, James Robert Kennedy. Viviam na cidade de Anderson, na Carolina do Sul. O treinador Harold Jones do time de futebol americano – que fez o que um pai faria, mesmo não sendo pai - e o jovem conhecido pelo nome Radio, inspiraram o repórter Gary Smith a escrever o artigo "Someone to Lean On" e publicá-lo na revista Sports Illustrated. O resultado disso virou o filme “Meu nome é rádio”, décadas mais tarde, sobre James R. Kennedy e Harold Jones.
Nós temos um personagem em Patrocínio com as mesmas características, mas, adotado por todos os radialistas da cidade. O Branco. As histórias que vou contar é sobre o “Branco” e o rádio patrocinense.
Em 2014 perdemos três radialistas em menos de dois meses Patrocínio. Primeiro foi Roberto Taylor, dia 4 de julho, de câncer; depois Assis de Castro (meu colega na Rádio Módulo), dia 13 de agosto, complicações no fígado; o terceiro foi o Jota Santos, 67 anos, que morreu, dia 23 de agosto, por coincidência, o segunda vítima de um câncer; depois vieram perdas de Vanderley Gonalves (também meu companheiro na Módulo), Renato Oliveira (companheiro na Difusora e Capital), de covid, e Luiz Fernando Tsunami, também covid (colega da Capital).
Trabalhei com o Roberto e o Jotinha, na Difusora e com o Assis de Castro na Modulo FM e na Rainha da Paz; e gostava do jeito de cada um deles. Diferentes em tudo, com uma paixão em comum: o rádio.
Um caso engraçado ocorreu com o “Banco” e os dois ex-colegas de rádio Difusora: o locutor sertanejo Jota Santos e o apresentador Roberto Taylor, eram candidatos a vereadores. Todo dia um deles chegava e perguntava:
— E aí, Branco, em quem você vai votar?
— Nocê, uai, voto nocê! A resposta era sempre a mesma, qualquer um dos dois que perguntasse.
Alguém sugere:
— Vamos ver o que o Branco diz perto dos dois candidatos.
O “Branco” chega à redação e todo mundo ali – incluindo Roberto e Jota — alguém pergunta:
— E aí, Branco, vai voltar no Jota Santos ou no Roberto Taylor?
E, ele, do alto de sua sapiência, responde:
— Uai! Eu num voto, nem tirei o tito (título)
Qualquer cidade, em qualquer parte do mundo, tem personagens assim, conhecidos e amados pela população. E nesse caso, posso garantir que o “Branco”, junto com os que já passaram: “Zé Bonitinho”, “Bicho Preguiça”, “Gerson Preto”, “Zé Maquininha”, “Regininha”, "Mauro Dourado" que também andava com um radinho à tiracolo e tantos outros, são patrimônios, marcados entre os personagens que fazem a história de nossa gente.
A gente sente muitas saudades destes personagens que já se foram - menos o Branco que ainda vive - e através deles, recordamos de amigos radialistas, colegas de profissão, como Jota Santos, ,Roberto Taylor, Assis de Castro, Vanderley Gonçalves, Renato Oliveira — companheiros que homenageio no livro "CAP: A História de uma Paixão Grená" —, e Luiz Fernando Tsunami que fazem muita falta para a população pela força de reivindicação ou simplesmente pela arte de comunicar.
Esta cronica integra o livro "O Som da Memória - O retorno" , que será lançado em setembro de 2022
Minha sogra, dona Chiquinha (Francisca Fernandes), morou a vida toda na rua Cassimiro Santos, em Patrocínio, MG. Tinha algumas características que hoje é mais comum aos idosos, mas quando a conheci, em 1973, a transformavam numa pessoa antenada, muito bem informada à frente do seu tempo. Por isso mesmo, eu gostava de passar horas com ela numa boa conversa.
Era simples, mas culta. De um amor extremo pelos netos e muito solidária com doentes. Na região da cidade que a conheciam sempre que havia alguém enfermo, especialmente em fase terminal, os parentes sempre apareciam para pedir à dona Chiquinha para fazer companhia.
Todos os dias recebia a visita de minha mulher pela manhã e à tarde ia pra minha casa. Morava sozinha e preferia assim. Só aceitou morar conosco depois de diagnosticada com câncer e merecer cuidados especiais.
Lia tudo o que aparecia. Nunca usou óculos, pois enxergava muito bem. Pelo menos era o que dizia. Gostava de música do seu tempo como “Rapaziada do Brás”, “Abismo de Rosas”. Admirava também música moderna — na época — do grupo brasileiro Pholhas e a creio que a que mais gostou foi “Because i love”, gravada nos anos 70 pela banda inglesa Majority One. Gostava de programas de TV. A televisão era sua companhia. O maior amigo de dona Chiquinha, sem que ele soubesse da existência dela, desde que entrou no ar era Otávio Ceschi Júnior, o “Tavinho”, que apresentava na TV Bandeirantes o programa Dia a Dia. Isso preenchia suas manhãs e dava a informações que ela precisava.
Sempre, minha esposa Márcia contava que sua mãe, ao final do programa, dava bom dia ao apresentador. Eu ouvia, mas não assimilava. Um dia, não sei por que, não apresentei o programa de esportes diário que tinha na rádio e fui almoçar no horário do tal Dia a Dia na casa da minha sogra. No quarto, onde a televisão ficava, ouvi a dona Chiquinha:
— Bom dia, Tavinho. Vai com Deus!
Fiquei curioso, cheguei à porta do quarto e perguntei.
— Ué, dona Chiquinha, conversando sozinha?
Ela me respondeu:
— Não. Tô me despedindo do meu amigo Tavinho, aqui da televisão!
Aquilo foi uma lição de vida para mim. A partir daquele instante passei a ver com outros olhos meus ouvintes, pois senti que a gente é muito importante para as pessoas, especialmente as que vivem sozinhas, principalmente as idosas. Pois, uma pessoa que dona Chiquinha não conhecia – e nunca viria a conhecer – era mais íntima dela que muitas com quem convivia.
Dona Chiquinha — que morreu em janeiro de 2001, com 84 anos, com muito sofrimento, vítima de câncer ósseo, diagnosticado nove meses antes — deixou um legado de sinceridade, solidariedade e muita, muita sabedoria.
Esta cronica integra o livro "O Som da Memória - O retorno" , que será lançado em setembro de 2022
Informação. Considerando a época, é curioso observar como ela chegava a Patrocínio e região. Seja notícia, seja comunicação oficial, a informação chegava aos patrocinenses desde as cartas manuscritas trazidas a cavalo, passando pelo telégrafo (ilustração do lado) e por jornais com atrasos, até o rádio em ondas curtas. Isso na existência do Município até a década de 70. A partir dos anos 70, a televisão começou a entrar na vida do cidadão da região.
A ERA PRIMITIVA – As cartas eram escritas a pena e tinta (pena era uma haste de madeira com metal pontiagudo, que tinha que ser molhada em um vidro de tinta). Entre Patrocínio e Ouro Preto (a capital) havia correio a cavalo/jumento. Mas, levava quase um mês para se chegar no destino. Isso durante o Império. Por volta de 1850/1860, o telégrafo começou a ser implantado no Brasil. Porém, nessa região, o registro que se tem, indica 1915/1920, com a chegada da ferrovia (estrada de ferro) em Catiara e Patrocínio. Nesse caso, o telégrafo também era forte meio de comunicação. No final dos anos 20 e década de 30, além da ferrovia, surgiu um telégrafo, que situava na antiga sede da Prefeitura (belo casarão da Praça da Matriz). Esse telégrafo obtinha informações para o IBGE e servia também para outras comunicações, inclusive da Prefeitura Municipal.
OS PRIMEIROS JORNAIS – Entre os periódicos impressos na cidade e feito por patrocinenses, o primeiro a circular foi “O Patrocínio”, em 1900. Depois vieram o bom “Cidade de Patrocínio”, “O Tempo”, um jornal da família Alves do Nascimento como concorrente do jornal “Cidade de Patrocínio”, e, pequenas publicações de Sebastião Elói, como “A Lixa”. Até que em 1938, Tião Elói, criou a sua “Gazeta de Patrocínio”, ainda em circulação, felizmente. Porém, até os anos 40, só publicavam notícias e comentários locais. E, raramente, notícias nacionais. Isso mais pela dificuldade de obtê-las. Pois não havia nem telefone interurbano. As demoradas cartas imperavam. O “Estado de Minas”, que o trem trazia, chegava no outro dia (final anos 40 e 50). A partir de 1958, o “Expresso União” o transportou, e muitas vezes, atrasava do mesmo jeito. Ou seja, o jornal era lido no outro dia.
TIMIDAMENTE SURGE O RÁDIO NOS ANOS 40 – Como na década de 50, a “Rádio Nacional” do Rio começou a sua plena liderança em 1940. Nessa fase, foi criada em sua programação o legendário “Repórter Esso”, na voz de Heron Domingues. Único (pequeno) jornal do rádio. Em quatro edições apenas: 8h, 12h55, 20h25 e 22h. Cada apresentação durava somente cinco minutos. Com som pouco audível no interior do Brasil, era a única fonte de notícias, quase em tempo real. Notícias tais como o fim da Segunda Guerra Mundial e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1954).
RÁDIO ERA FESTA... – No começo dos anos 40, pouquíssimas pessoas tinham o aparelho receptor. No Largo do Rosário (Praça Honorato Borges), um dos poucos proprietários de rádio da cidade o colocava em funcionamento para dezenas de pessoas curiosas verem que “bicho era aquilo, que falava”. Nessa época também, o proprietário de rádio (receptor) tinha que pagar taxa (em réis) por tê-lo.
COMO SINTONIZAVA AS EMISSORAS – Durante o dia em ondas curtas, normalmente em 49m, ou 31m ou 25m. À noite, em ondas médias (as conhecidas AM, que caminham para o desaparecimento). Tudo isso no cenário das décadas de 40 e 50, com referências às grandes emissoras do Rio e São Paulo. Em 1943, inaugurou-se a Clube de Patos de Minas, e, em 1949, a Difusora de Patrocínio. Ambas, com potência fraquíssima em ondas médias. As duas não tinham noticiários. Basicamente, músicas utilizando discos de vinil de 78 rotações e, às vezes, LP (também de vinil).
ANOS 50/60: DOMÍNIO DO RÁDIO AINDA – Começaram a surgir outros jornais radiofônicos. A “Nacional” às 6h (10 minutos de duração), a “Bandeirantes” às 7h, denominado “Primeira Hora” (no ar até hoje), “Rádio Globo” (RJ) com o seu “Redator Chefe” às 7h, “Rádio Panamericana” (hoje, “Jovem Pan”), “Guarani’ de BH (às 7h30), dentre algumas poucas emissoras que optaram pelo rádio jornalismo.
TV CHEGANDO – Nos meados dos anos 60, a “TV Itacolomi” de BH, com o seu “Jornal Bancominas”, às 19h45, informava aos telespectadores. Sinal péssimo, cheio de “formiguinhas”, preto e branco, se chovia a imagem desaparecia, etc... Todavia, era enorme novidade. O sinal chegava ao Alto Paranaíba via link BH-Pitangui-Serra do Salitre (torres muito altas).
A EVOLUÇÃO CONTINUA... – Assim, desde o Correio a cavalo até a atual era digital, completou-se tão somente um século. Tudo numa rapidez incrível. E... segue a vida... segue o espetáculo!
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Hoje trago alguns títulos de livros que me fisgaram, me pegaram de jeito deste a primeira vez que li.
Essa gente estava em "estado de poesia", quando batizou as respectivas obras. Como de diz aqui na internet "zeraram a vida"
Qual título de livro te fascina, se quiser, compartilha com a gente:
“INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER” (Milan Kundera)
“Protagonizado por 4 personagens (dois casais), Tereza e Tomas e Sabina e Franz, o livro é uma profunda reflexão sobre a condição humana e estes quatro personagens sentem, vivem, sofrem e aproveitam, cada um a seu jeito, as tentativas de sustentar essa pesada leveza que é a vida”. Leia de novo: INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER. Que título! Jamais li algo tão poético, filosófico, estético e por que não, contraditório: A vida.
“ACEITA UMA MADRUGADA DE ESTRELAS?” (Roberto Rodrigues Júnior).
O psicólogo, escritor e palestrante, Roberto Rodrigues Júnior, “convida a refletir sobre a importância do desapego dos aspectos materiais tão ostensivos hoje e a valorizar a singeleza do viver, o simples ao alcance de todos, o olhar atento para o agora, o ouvido solícito, a pena à mão, os quais transformam o hoje em eternidade. Bicho do céu! Que título, cintilante, poético, romântico, quem no mundo não aceitaria uma oferta desta?
“O SOM DA MEMÓRIA” ( Luiz Antônio Costa)
Este livro, do Jornalista, escritor, criador do portal Rede Hoje, ( Que lançou a "História de Uma Paixão Grená, 05/08/22) mas vamos destacar outra obra sua que deu origem a série "O Som da Memória" com crônicas ambientadas a partir das décadas de 1970, focalizando o cotidiano da adolescência e vida adulta jovem do autor e de pessoas comuns com muito humor e emoção. A comunicação - parte do dia a dia do autor, especialmente no rádio - está muito presente nesta série.” O autor é radialista, portanto, não tem uma música de 1970, para cá que ele não tenha ouvido. Que nave abstrata, mas poderosa: Som e memória. (Nova edição de “O Som da Memoria” será lançada em breve)
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade da Califórnia, por exemplo, mostrou que ouvir música pode despertar pelo menos 13 sentimentos: diversão, alegria, lembrança, beleza, relaxamento, tristeza, devaneio, triunfo, ansiedade, medo, aborrecimento, desafio e empolgação. Pra onde você quer ir no tempo e no espaço? O som da memória te leva.
“ENTRE UM CAFÉ E OUTRO” ( Mônica Cunha)
Jornalista, Escritora, especialista em leveza. Apresentadora do Manhã Total da Record/TV Paranaíba. “urde um desenrolar de prosas e reflexões, que abriga o bem viver de um leitor. Ouso classificar suas palavras como sensoriais, capazes de nos remeter ao cheiro do café, ao sabor do bolo com laranja; à beleza da manhã, ao resvalar do capim nos pés, ao canto do passarinho e à algazarra das crianças, brincando de carimbada, cheirando a suor. Mas, de todos os sentidos, o mais presente é o cheiro da saudade.” Um dos títulos mais pleno de mineiridade que já li. O livro tem 160 páginas, mas li numa sentada na Biblioteca de Uberlândia. Como a autora foi feliz! Imagine, quanta coisa boa pode acontecer em nossa vida “Entre um Café e Outro?.
“ QUANDO OS BANDIDOS OUVEM VILLA-LOBOS” ( Leida Reis)
Patrocinense, jornalista, escritora, editora, guerreira da nossa literatura.
“Trinta anos depois, um homem confessa um assassinato. A partir desse fato, a história retrocede até o Rio de Janeiro de 1959. Nesse período, quando o compositor Heitor Villa-Lobos está internado no Hospital dos Estrangeiros, um professor tenta plagiar obra do Poeta. Outros personagens, como o Maestro e a Escritora, transitam nesse universo, que compõe o romance ‘Quando os bandidos ouvem Villa-Lobos’ Quando li este título pela primeira vez, ainda sem saber o enredo, pensei, ai está a redencão, pela arte, no caso pela música. A decadência social e cultural, prosseguirá quando bandidos continuarem ouvindo Anitta, Pablo Vitar, Zé Vaqueiro, breganejo e outra sofrências.. Mas, quando bandidos ouvirem Villa-Lobos e cia, preparem para o milagre...
“CISNE BRANCO DO MEU PENSAMENTO”
Talvez você não conheça este livro, mas você com certeza, conhece o autor patrocinense ( E Coromandelense) , hoje, dublê de poeta/cineasta/publicitário/produtor cultural e compositor, internacionalmente reconhecido.“Flores em vida” e “O intervalo do Vaga-Lume” já falam do critério e carinho que ALBERTO ARAÚJO escolhe os títulos de suas obras.
“CISNE BRANCO DO MEU PENSAMENTO” é de 1983. Composto e impresso na Gráfica Real. Era um garoto, na época, mas já tinha excelente fabulação e sensibilidade poética. Via-se que ia longe. São centenas de poemas. Ele começa este seu primeiro livro assim:
“São pensamentos, sonhos, e intenções que eu quis sempre transmitir, ao próximo, mas o tempo, a situação e a falta de interesse não permitiram.
Então resolvi prende-lo nas páginas de um livro para você, com sua vontade própria abra a porta desse viveiro e dê a liberdade tão esperada, tenho certeza que irá voar no fundo de sua alma, mostrando-lhe paisagens diversas.
Alegres e tristes , fantasias e realidades modificando assim como a sua maneira de olhar e entender."
Sua dedicatória no livro que guardo com carinho diz:
“ Para o amigo Milton Magalhães, com meu abraço.
A melhor poesia está dentro de você,
E a arte de gostar da poesia é uma grande poesia
Seu admirador
Alberto Araújo 18/08/83”
VIA FACE:
- ALBERTO ARAUJO: “Obrigado pela citação da minha primeira obra poética, O CISNE BRANCO DO MEU PENSAMENTO, livro que não tenho mais um exemplar, se quer.
Forte abraço, amigo”.
- LEIDA REIS: “ Que alegria ver meu livro na sua lista!”
- MÔNICA CUNHA: Que honra!!!
- RODRIGO DE OLIVEIRA: “A insustentável leveza do ser foi umas das obras que me inspirou ainda adolescente. Leitura é um prazer indescritível”.
- ANCHIETA ROCHA: “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios do Marçal Aquino me pegou”.
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O Hotel Serra Negra em dois momentos: nos tempos de sucesso (foto da internet) e hoje, abandonado, em ruinas... (foto: Patos Notícias)
Turismo. Nos anos idos, foi denominado, pelo patrocinenses, de “a indústria sem chaminé”. Nesse contexto, Patrocínio já foi classificada oficialmente também como “estância hidromineral” (o prefeito era nomeado pelo governador). Ou seja, cidade balneária, dedicada às águas minerais e ao descanso. Cidade conhecida por carinhosos cognomes (apelidos), tais como Coração de Minas, Terra Mel-Rangeliana, Maravilhosa, Santa Terrinha, Capital Intelectual e algumas outras referências, que prenunciavam Patrocínio se tornar cidade turística. Veio a Revolução Verde (o poderoso agro, sob a incrível liderança do café e leite), passaram ávidos políticos, e nada aconteceu, em termos de lazer, ou de atração turística. Isso é até compreensível. O que não se compreende é a apatia patrocinense, instalada diante de um fabuloso patrimônio, oferecido pela mãe natureza. Números oficiais ratificam essa incontestável afirmação.
ENTRE AS CIDADES SEMELHANTES, PTC NA RABEIRA... – O valor adicionado gerado pelo Turismo (indicador fiscal), durante cinco anos sucessivos, demonstra o desempenho do Município e de algumas cidades de tamanho médio, no Triângulo/Noroeste, quanto ao turismo. Patrocínio teve valor adicionado pelo Turismo de R$ 27 milhões (2011), R$ 31 milhões (2012), R$ 33 milhões (2013), R$ 38 milhões (2014) e R$ 43 milhões (2015). Isso segundo a Fundação João Pinheiro. São os últimos dados disponíveis. Araguari foi superior, saindo de R$ 33 milhões (2011) e chegando a R$ 51 milhões (2015). Monte Carmelo ganhou de Patrocínio em quatro anos. No quinto ano (2015), os carmelitanos foram superados pelos patrocinenses. Patos de Minas também supera Patrocínio, com mais do dobro de reais gerados pelo Turismo. Pra se ter ideia, apenas em 2015, o valor adicionado pelo Turismo patense foi de R$ 108 milhões. Paracatu ganha de Patrocínio e Unaí empata. Ituiutaba é maior o seu valor adicionado pelo Turismo. E Uberlândia é apenas vinte vezes maior do que PTC. Em 2015, a capital do Triângulo gerou quase R$ 800 milhões. Araxá e Uberaba fazem parte desse show de bola. Todos esses municípios à frente de Patrocínio no Turismo.
SERÁ QUE O TURISMO AJUDA O ICMS PATROCINENSE? – Nada. Ajuda igual a zero. Pelo menos na composição do Índice Geral que permite a Prefeitura de Patrocínio receber a sua cota do Estado. Se não fossem o satisfatório VAF, o Programa Saúde da Família e o tamanho geográfico e populacional do Município, o dinheiro, que entra nos cofres da Prefeitura devido ao ICMS, seria muito pouco.
O TURISMO AUMENTARIA O ISSQN – O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é um imposto do Município, como é o IPTU. Naturalmente, se houvesse turismo, haveria mais prestação de serviços (restaurante, hotel, comércio e outros), em consequência teria mais arrecadação para a Prefeitura, via ISSQN.
ENTÃO, FAZER O QUÊ? – A melhor fórmula disponível é o empreendedorismo, voltado para o turismo. O Sebrae poderá colaborar. Pois, Patrocínio tem competência, tem capital turístico. Mesmo com a tragédia (incêndio) ocorrida nas matas do Hotel Serra Negra, há dois anos, esse local é um paraíso perdido. E inexplorado.
É SONHO, PORÉM TEM QUE SE REPETIR – Além de Serra Negra, com a lagoa vulcânica, há oportunidade para existir o turismo verde (fazendas de café). Como é feito em vinícolas e fazendas de outros lugares, inclusive em países vizinhos. Patrocínio tem rica história adormecida. Padre Eustáquio, Índio Afonso, Coronel Rabelo, Rangel, Rei Ambrósio, JK e seus capítulos patrocinenses, enfim, com a tipicidade de personagens como esses, poderiam ser criados marcos e narrativas atraentes sobre isso.
QUEM SABE? – Em algum dia do futuro, Patrocínio poderia ser intitulada cidade turística. Com muitas árvores, trem turístico (Patrocínio-Monte Carmelo), produtos locais, geração de empregos, mais arrecadação, exposição de seu folclore, retorno do Museu dos Transportes, criação do Museu Regional, e, outras quimeras. De sonhos nascem desejos. De desejos nascem projetos. De projetos nasce a realidade. Sigamos... com fé e esperança.