Julinho Bittencourt | da Revista Forum
Economia. É outro tema que deveria frequentar mais o conteúdo midiático do cotidiano. Até parece que a vida é composta apenas pelo futebol, polícia e acidentes. Mas o mundo econômico é como se fosse o sol: tudo gira em sua volta. Nesse contexto, o PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios mineiros precisa ser mais conhecido. É excelente indicador de uma economia. Não é o único. Todavia, é muito importante. Patrocínio tem um bom PIB. E um fraco (baixo) PIB per capita. Qual a cidade mineira de maior PIB? Essa cidade tem também o melhor PIB per capita? A agropecuária, a indústria, os serviços e a administração pública formam o PIB. O calcanhar de Aquiles da economia de Patrocínio é bastante antigo e comentado. Embora, nós, os patrocinenses, o ignoramos bastante.
AGRO PÔS PATROCÍNIO NA LINHA DE FRENTE – Na última avaliação do PIB mineiro, os dez maiores municípios tiveram queda em seus PIB’s. Exemplos: Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem e Juiz de Fora. Patrocínio se situou entre os dez com maiores ganhos nos percentuais de participação estadual (onde MG é 100%). São eles: Patrocínio, que passou de 0,4% para 0,5%; Perdizes, de 0,1% para 0,2%; Uberaba, de 2,4% para 2,5%; Congonhas, de 0,3% para 0,4%; Extrema (1,6% para 1,7%); Mariana (0,3% para 0,5%), e, Itabirito que “pulou” de 0,4% para 1%. Os três restantes (Ouro Preto, Três Marias e Paracatu) ficaram “na mesma”. Os demais perderam participação. Tudo isso é resultado da combinação do Valor Adicionado Bruto–VAB (agrícola, pecuária, silvicultura e extração vegetal), do famoso VAF e do consumo de energia elétrica, por exemplo.
R$ 610 MILHÕES DO AGRO É DESENVOLVIMENTO – A atividade econômica “Agropecuária” (o VAB) coloca Patrocínio em 5º lugar em Minas. Somente Unaí (1º), Uberaba (2º), Paracatu (3º) e Uberlândia (4º) produzem mais do que o Município. Nos dois últimos anos registrados pelo IBGE, Patrocínio mais do que dobrou a sua produção rural. De R$ 285 milhões em 2019 saltou para quase R$ 610 milhões no ano seguinte (2020). Impressionante!
BONITO NA FITA – Serviços (médicos, profissionais, transporte, etc.) é outro componente do PIB (são quatro) em que Patrocínio tem desempenho bom. É mais de R$ 1,5 bilhão por ano (R$ 1.519.940.000,00). Isso posiciona a cidade em 28º lugar no Estado. BH é o 1º lugar no oferecimento de serviços.
OUTRO TIPO, OUTRO GRUPO – Administração, Defesa, Educação, Saúde Pública e Seguridade Social formam outra classe de serviços. Nesse terceiro grande componente do PIB, Patrocínio localiza-se em um patamar de regularidade: 35º lugar em Minas. Embora em crescimento, é o menor componente na atualidade.
QUE TRISTEZA! – Na atividade econômica (o quarto componente do PIB) “Indústria”, Patrocínio deixa a desejar. Com todo o seu maravilhoso potencial no Agro e a sua inteligência instalada nos Serviços, produz na indústria menos de R$ 400 milhões por ano (exatamente R$ 392 milhões). Muito pouco para o tamanho das oportunidades que Patrocínio possui. Só para se ter ideia, a “indústria” de Uberlândia colabora com o PIB uberlandense com R$ 8,4 bilhões (são bilhões mesmo!).
DESEMPENHO NANICO – Desde o começo desse século, a atividade industrial patrocinense rasteja. Cresce um pouco, decresce, cresce um pouquinho depois. Por exemplo, em 2010, a indústria produziu para o PIB de Patrocínio a pífia importância de R$ 150 milhões. Aos “trancos e barrancos”, em 2020, chega a R$ 392 milhões. Por isso e pela inapetência da liderança patrocinense pela atividade industrial, há 75 cidades mineiras com maior atividade industrial (Patrocínio: 76º lugar em MG).
RIQUEZA EM POUCAS MÃOS – O PIB demonstra concentração de renda no Município. Mais especificamente, o tão conhecido PIB per capita (PIB por cabeça, PIB por pessoa). Em 2010, cada patrocinense, em média, recebeu R$ 15.535,00 por ano. “Em média”, significa que alguns receberam 10 ou 100 vezes mais. Outros, às vezes, nada. Em 2020, melhorou. Atingiu a R$ 35.985,00 por patrocinense, EM MÉDIA. Entretanto, é pouco o PIB per capita de Patrocínio: é só o 118° lugar de Minas. Extrema e Jeceaba são os maiores PIB per capita do Estado.
O QUE PODE SIGNIFICAR – O PIB a preços correntes do Município, por ano, é de R$ 3,3 bilhões. O que é regular. Pelo tamanho populacional, deveria ser maior. Ou seja, a produção industrial é o ponto fraco. Faltam indústrias. Como é dito no jargão popular: “está na cara”. Pois, as outras três atividades, sobretudo o Agro, estão em melhores condições.
“ESCOLHA DE SOFIA” – Para Patrocínio ter um PIB per capita maior, ou aumenta o PIB a preços correntes, por meio de aumento da atividade industrial, ou, reduz um pouco a população. Essa alternativa é apenas aritmética. É impossível. Mas não deixa de ser um aviso aos incautos e ingênuos defensores (inclusive na imprensa) de quanto maior a população, mais progresso há. Tipo aquela “turminha” que sonha com 100 mil habitantes para Patrocínio, com o Censo do IBGE. O tamanho da população patrocinense já está muito bom. Não é necessário aumentar mais.
POR FIM – Trabalho técnico da Fundação João Pinheiro, publicado há um mês e pouco, além do IBGE, sustentam este pensamento. Sigamos ... com Patrocínio acima de tudo.
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Esta placa encontra-se na Rodoviária de Uberlândia.
A frase nela grafada soa um desabafo e infere-se que o Prefeito Renato Freitas, foi visionário em sua obra e enfrentou, o desafio de gente "olhando, bisonhamente para o seu dedo". Cinco dezenas de anos depois, tenho uma notícia ruim. Esse contingente de gente que não "olha pra lua", centuplicou em nossa geração. Quer conhecer o lugar mais rico desse mundo? Venha comigo, você vai se surpreender:
O provérbio Chinês em tela, me fez pensar com meus botões... Vivemos tempos em que é complicado ser original. Ser você mesmo.
Ser autêntico é quase impossível. Visionário e inovador é, no mínimo, uma contravenção social.
Para não parecer ridículos, todos temos de repetir processos, seguir padrões de moda, usar o mesmo figurino, moral, cultural, intelectual, religioso e até político.
Hoje seguimos a pegada da manada. Com a morte do Rei Pelé, surgiu até um novo tipo social: O "fiscal de velório" Discutia-se, quem estava lá e quem deveria estar lá...
Ou seja, enchafurdamos numa mediocridade existencial sem limites. Tudo nivelado por baixo...
Ora. Todos somos seres humanos, mas não somos exemplares da mesma edição. Temos digitais diferentes. Gente isso é muiiito rico: Em bilhões de anos no passado, em bilhões de anos no futuro, nunca existiu e nunca vai existir alguém igual a você e igual mim. Isto não é uma verdade; é um soco no pé do ouvido. Não vivemos por ninguém e ninguém vai viver por nós.
Myles Munroe, resumiu:
"O lugar mais rico deste planeta não são os campos de petróleo do Kwait, do Iraque ou da Arábia Saudita.
Tampouco, as minas de ouro e de diamantes da África do Sul, as minas de Urânio da União Soviética e as minas de prata da África.
Embora isso seja surpreendente, os depósitos mais ricos de nosso planeta podem ser encontrados a alguns quarteirões da sua casa. Eles estão no cemitério local. Enterrados embaixo do solo.
Dentro das paredes daqueles túmulos estão sonhos que nunca se realizaram, canções que nunca foram escritas, pinturas que nunca encheram uma tela, ideias que nunca foram compartilhadas, visões que nunca se tornaram realidade, invenções que nunca foram experimentadas, planos que nunca passaram da “prancheta” mental e propósitos que nunca foram realizados.
Nossos cemitérios estão cheios de um potencial que permaneceu inerte. Que tragédia!”
Por Deus e pelo que há de mais sagrado, seja forte, seja você mesmo. Nade contra a corrente. Enfrente a neblina intoxicante da mediocridade. Não leve para o túmulo uma ideia, uma intuição, ou um projeto (aparentemente absurdo) que pode vir a ser útil para a comunidade/ humanidade.
Até o jeito diferente de João Gilberto bater no violão, criando a Bossa Nova, enfrentou, inicialmente muita resistência. " Como assim, só "um banquinho e um violão"? Ele seguiu apontando para a lua..
Tem um insight, um jeito melhor de viver em seu bairro.. em nosso Planeta.. Por favor, não leve conhecimento, cidadania, direitos, beleza... Não leva uma canção nova para o cemitério com você...
Lembre-se, desde que o mundo é mundo, se diz:
Toda ideia nova passa por três estágios.
No primeiro, ela é ridicularizada.
No segundo, é rejeitada com violência.
No terceiro, é aceita como evidente por si própria.
Prefeito Renato de Freitas, faleceu em 1998, de câncer no intestino, aos 71, anos. Imperioso dizer: 50 anos depois, a Rodoviária de Uberlândia, lá está imponente desafiando a posteridade.
Símbolo de um projeto que não foi para o "campo santo" com o autor da ideia...E aí..
Viagem. A pelo tempo tem sabor especial. Um jovem gosto por onde apenas a imaginação consegue ir. Patrocínio no começo dos anos 30 (há noventa anos) é um bom destino (dessa viagem). Inauguração da União Operária, a incrível escola que preparava o aluno para os raros cursos superiores da época no Brasil, o “retratista” alemão e a presença de inúmeros holandeses inesquecíveis. Isso são alguns pontos deste passeio surreal.
PONTA PÉ INICIAL DOS OPERÁRIOS – Dia 1º de janeiro de 1934, a (então) majestosa sede da União Operária de Patrocínio foi inaugurada. À Rua 15 de novembro (hoje, Rua Presidente Vargas), quase Largo da Matriz. O presidente da União Operária era Orlando Barbosa (alfaiate, ex-prefeito). Juiz da Comarca dr. Martins de Oliveira, presidiu a solenidade. O orador oficial foi dr. Vicente Soares (médico e, depois prefeito).
A ELITE COLABOROU... – Padre Joaquim Tiago tornou-se a razão da organização, na visão de Soares. Mas auxiliado por João Cândido de Aguiar (líder político), Joaquim Dias (comerciante), Joaquim Carlos dos Santos (historiador) e Oscar Barreira (comerciante). No final de seu lírico discurso, o famoso médico expressou: “... a vós, operários de Patrocínio que ensopais de suor a terra bendita, num trabalho sem tréguas nem descanso, cabe em grande estilo o futuro da Pátria Amada... Eu louvo, eu bendigo a minha Pátria nos operários, que trabalham mansos e passivos... na União Operária de Patrocínio.” E hoje, infelizmente essa sede não existe mais...
NOVA MATRIZ COMEÇOU NA CASA OPERÁRIA – Em janeiro de 1934, sob a coordenação do prefeito Honório Abreu, na sede dos Operários, foi constituída a comissão para a construção da nova Igreja. Uma obra projetada para breve conclusão (ocorreu, em 1936). A tradicional igreja de duas torres seria (e foi) substituída pela atual edificação. Diversas lideranças católicas participaram da comissão. Destaque para João Alves do Nascimento (ex-prefeito), Elmiro Nascimento (político), Nelson Queiroz (fazendeiro), Bernardino Machado (delegado de Polícia), João Cândido de Aguiar (político), Cassimiro Santos (farmacêutico), Pedro Pereira (fazendeiro), Nonato Mathias (proprietário do Cine Odeon), Antônio Mansur (comerciante) e João Ferreira do Amaral (professor).
PATROCÍNIO JÁ TINHA BANCO... – No começo dos anos 30, a cidade era uma das poucas do Estado que sediava uma agência bancária. O primeiro banco em Patrocínio foi o Banco Commércio e Indústria de Minas Gerais, com matriz em Belo Horizonte, a então capital brasileira dos bancos.
LIDERANÇA REGIONAL NA EDUCAÇÃO – O Ginásio Dom Lustosa, dos padres holandeses, era reconhecido oficialmente no País. Internato e Externado eram oferecidos à região do Alto Paranaíba e Noroeste, principalmente. Primário e Ginasial, além da Instrução Militar, constavam dos anúncios em jornais. “Prepara candidatos para vestibulares das Escolas Superiores...” era a principal evidência dos anúncios (não havia, curso médio, tipo “científico”, à época). A escola também oferecia assistência médica e dentária aos alunos. A Escola Normal Nossa Senhora do Patrocínio, sobretudo para o sexo feminino, da mesma forma, possuía internato e externato, cursos primário e secundário, e, ensino especial de “dactylographia”, piano, violino e pintura.
VISITA DE PADRE EUSTÁQUIO POUCO CONHECIDA – Como exercício espiritual, estiveram hospedados no Ginásio Dom Lustosa (também moradia dos padres e alunos de outras cidades) diversos padres holandeses da Congregação Sagrados Corações. Dentre os quais, padre Norberto Poelman, provincial da Ordem e residente na Holanda, padre Marcos Erwick, de Niterói, e seis padres do colégio de Araguari (padre Willibrordo Meeder, que batizou este autor, anos mais tarde, e, está sepultado na igreja Matriz; padre Agostinho van Velsen, padre Nicácio van Diepen e outros). De Água Suja (Romaria), onde era o vigário, a estrela maior da companhia, padre Eustachio van Lieshout. O retiro espiritual na escola ocorreu na segunda quinzena de janeiro/34.
FOTÓGRAFO INTERNACIONAL NA CIDADE – Alois Feichtenberger é o nome (difícil de falar e escrever) do fotógrafo alemão. Hospedado em fevereiro/1934, na Pensão Tarquínio, ofertava fotos de “pic-nies”, carnaval, paisagens, vistas urbanas e “Photographias” de pessoas. Tudo com a perfeição alemã (esse é outro fato desconhecido dos patrocinenses, ocorrido na década de 30).
POR FIM – Esta viagem, com ajuda do jornal “O Commércio”, termina. Todavia, sigamos... com a incrível e gostosa história patrocinense.
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Foto restaurada pela revista Sagarana
Tempo. Ele inexoravelmente passa. Para todos e para tudo. Mas, ficam os fatos históricos. Patrocínio, no começo do século XX (século passado), possui alguns fatos ignorados na atualidade. A invasão de 1912 é um deles. Alemanha fez análise química de águas minerais de Serra Negra e Salitre é outro fato pouco conhecido. Com a ajuda do jornal “Cidade de Patrocínio” é possível visitar o Município entre 1911 e 1916. Lá se vão mais de 110 anos...
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