Foto montagem: site Coração do Cerrado


Incrível. Fantástico. Extraordinário. Assim, era o nome de um programa de rádio (Tupi-RJ) nos anos dourados. Narrava fatos singulares e raros do cotidiano. A história da constituição e formação da região do Triângulo Mineiro, englobando o Alto Paranaíba, tem registros de acontecimentos similares. Fatos mirabolantes que desafiam o conhecimento atual. Se não estivessem em livros, registros históricos e narrados por autores de credibilidade, não passariam de lenda. O Triângulo quis ser país? O Triângulo desejou ser estado ou província? Dona Beja seria a responsável pela incorporação do Triângulo a Minas (antes, era território goiano)? Onde se localizavam as lideranças desses movimentos? Qual a importância de Patrocínio nesse contexto do Império?


O NASCIMENTO DO TRIÂNGULO – Tudo começou no século XVII, quando essa região pertencia à Capitania do Espírito Santo, depois São Paulo. Em 1748, as capitanias foram alteradas. Em 1748, o Triângulo, que tinha o nome de Sertão da Farinha Podre, deixava de pertencer a São Paulo e passava a integrar a capitania de Goiás. Em 1750, surgiu Desemboque (hoje, município de Sacramento), com intensa exploração de ouro. Em 1780, aparece Araxá, e, Patrocínio, com o nome de Salitre, em 1793. Esses três povoados formavam o Julgado de Desemboque, dentro do território de Goiás. Os moradores de Patrocínio comercializavam e interagiam mais com Paracatu (em Minas) e os araxaenses mais com São João Del Rei (em Minas). O ouro de Desemboque acabou e os fazendeiros de PTC e Araxá tinham que pagar imposto de fronteira (MG e GO), e, os mercados mineiros eram mais próximos do que os goianos. Tudo isso gerou um movimento de integração do Triângulo a Minas.

CRIAÇÃO DO 2º JULGADO – Em 1811, Patrocínio passou a pertencer o Julgado (juiz, justiça) de Araxá. Em 1816, com um abaixo-assinado, fazendeiros da região foram até o Rio de Janeiro solicitar a D. João VI, a anexação do Triângulo a Minas para não pagar impostos de fronteira, e, por ter os mercados consumidores mais próximos, inclusive Ouro Preto era mais perto do que Goiás Velho (a capital). E foram atendidos. O engenheiro alemão Eschwege e o cientista francês Saint-Hilaire, a pedido dos portugueses, estiveram em Patrocínio e Araxá. Em resumo, a partir de 1816, o Triângulo é ligado administrativamente a Paracatu.

INDEPENDÊNCIA À VISTA – Em 1830, os moradores, sobretudo de Araxá e Patrocínio, sonhavam, pensavam e começavam com as ações para a autonomia (separação de Paracatu). Seria município (grande município de Araxá)? Seria Província?? Ou seria Nação? Por ser o povoado maior do grande município de Paracatu, Araxá transformou-se no centro de debates e mobilizações, visando a independência do Triângulo de Paracatu. A extensa região da Farinha Podre seria um grande município. Ou uma província (estado). Ou um país (nação).

IMPOSSÍVEL QUASE POSSÍVEL – Segundo o gabaritado historiador araxaense Ernesto Rosa, como os povoados não tiveram o seu desejo aceito pelo Império (separação de Paracatu), partiram, sem autorização, para a autonomia. Alguns moradores da região desejavam a criação de um município autônomo (de Paracatu), mas continuando a região ligada a Minas. Outros, defendiam que o Triângulo deveria ser uma nova Província (novo Estado), com o nome de Província do Triângulo. Os mais radicais, mais aguerridos, queriam que a região se tornasse independente do Brasil. Em 11/11/1830, no Largo da Matriz de Araxá, moradores de quase todos os povoados da Farinha Podre decidiram, em assembleia geral, desvincular a região de Paracatu. Totalmente à revelia do Governo. Assim, por rebelião, o Sertão da Farinha Podre (Triângulo) tornou-se independente política e administrativamente. Foi formada a primeira câmara municipal, com sede em Araxá. E houve a prisão dos representantes oficiais do governo. Como também foi escrita carta à Câmara de Paracatu comunicando a decisão da novel região. Em 1831, o Governo Imperial aceitou o novo município (Araxá e seus distritos de Uberaba, Desemboque e Patrocínio).

SURGIMENTO DE NOVOS MUNICÍPIOS – Pouco depois (1836), à beira da Estrada de Anhanguera (ligando São Paulo com Goiás), foi criado o município de Uberaba. Então, metade do Triângulo era Uberaba, e, a outra metade Araxá. Quatro anos depois (1840), Patrocínio se emancipou, tornando-se maior do que Araxá, em termos de território. Em 1866, o Triângulo tinha seis municípios Prata (o maior), Uberaba, Araxá, Estrela do Sul, Patos e Patrocínio. Estrela do Sul e Patos, mesmo emancipando de PTC, eram maiores do que PTC em área.


E DONA BEJA? – Há versões. Duas se destacam. Uma que Beja, raptada pelo ouvidor Joaquim Inácio, vivendo com ele em Paracatu, por cinco anos, em 1816, fez pedido especial ao ouvidor e autoridades portuguesas para que o Triângulo voltasse para Minas. Outra, do historiador Ernesto Rosa, de que a anexação do Triângulo se deveu aos fazendeiros de, sobretudo, Araxá, e, Patrocínio, motivados pelos impostos. A versão de Beja é mais bonita e teatral. A de Ernesto é documental.

QUEM É – O historiador e professor Ernesto Rosa faleceu em 06/1/2022, aos 85 anos. Escritor araxaense carismático, trabalhou também em São Paulo, inclusive na TV Cultura. Autor do livro “Sertão da Farinha Podre”, que é a história do Triângulo Mineiro. É dele a tese que a região triangulina é fruto de dois eixos de desenvolvimento. Um eixo é Desemboque (ouro), Araxá e Patrocínio. Esses dois povoados devido ao sal natural para o gado (águas salobras). No século XVIII (1701) somente existiam esses três povoados no Triângulo. O outro eixo é na estrada Anhanguera, passando por onde é hoje Uberaba, Uberlândia e Araguari, em direção a Goiás. “História da Melodia” é outro livro exitoso desse autor.

POR FIM – Essa modalidade de movimento ocorrida no começo do Império, prosperou no final do Império e no século XX. O debate da criação do Estado do Triângulo é a prova desse sentimento regional.

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Conhece (oxi), que pergunta, claro que yes, né? o Filme “Cantando na Chuva". Lembra-se da cena antológica (que anta, lógico que se lembra) em que um ator com o nome de mulher, (Gene Kelly) recebe um beijinho de sua darling, dispensa o táxi, fecha o guarda-chuva, sai chutando poça d’ água, cantando e dançando na chuva. Trepa no poste, rodopia, sapateia no meio da rua, explodindo de felicidade. Só sossega o rabo quando chega um guarda. Ainda olha para o guarda como quem diz: “ vai me prender por ser feliz?”

Não há no mundo quem não tenha a trilha sonora na cabeça.
Este filme já completou 71 anos e nunca saiu de cartaz. Por que? Porque chuva sugere alegria, pede dança.

Tem uma cena que não sai de minha memória. Lá na localidade de Barra do Salitre, onde nasci, quando ocorria as primeiras chuvas, os bezerrinhos de meu avô na invernada do açude iam á loucura. Pulando e berrando pra lá e pra cá com o rabinho nas costas.

Baixava um "singin'in the rain" nos bichinhos que dava gosto ver a cena.
Eu que nasci com a alma dançarina, (só a alma, tá, meu corpo perde para uma alavanca) a exemplo deles, também saio dançando ao meu modo, quando chove. Vendo as gotas cairem do céu, sinto um ballet de Bolshoi atuando dentro do meu coração. Contentamento divinal.


"Deus visita a terra e a refresca." Diz o salmista Davi.

A chuva — sobretudo as primeiras — depois de um longo e tenebroso inverno - mexe com todos os nossos sentidos. Visão, audição, tato, mas também o olfato.

Falo de PETRICHOR.

Se você já sabe o significado, me desculpe. Se não sabe lá vai:
É o aroma da chuva na terra seca, ou o perfume da poeira após a chuva. A palavra é construída a partir do grego, petros, que significa 'pedra' + ichor, o fluido que flui nas veias dos deuses na mitologia grega. É definido como "o perfume distintivo que acompanha a primeira chuva após um longo e seco período de calor". O termo foi cunhado em 1964 por dois pesquisadores australianos, Bear e Thomas, para um artigo na revista Nature.

Gosto não se discute. Cheiro também, não. Há um tempo , ouvindo uma entrevista com As Galvão, ouvi a Marilene,( que lamentavelmente, faleceu com Alzheimer)

Dizia ela que adorava cheiro de cocô de vaca. Pensei: “ eca! como pode!”

Por incrível que pareça, um colega meu dizia exatamente isto. E seguiu seu plano de vida, se tornou fazendeiro. Um dia fui visita-lo, encontrei- o no meio do gado no curral. Pensa num homem feliz. Cheiro ajuda a realizar sonhos.

Cheiro faz viajar no tempo. Uma pesquisa concluiu que o cheiro é um gatilho mais poderoso para a lembrança de memórias do que visão e audição. Para se ter uma ideia as pessoas guardam memórias de 35% dos odores que sentem, 5% do que vêem, 2% do que ouvem, e 1% do que tocam.

Quem nunca lembrou de uma pessoa, situação, ou lugar, ao sentir um perfume? O cheiro do café da mamãe; o cheiro do pão de queijo da vovó. O suor do papai depois do trabalho; o cheiro de livro novo. Cheirinho de nenêm. O cheiro de roupa limpa; cheiro de vinho tinto; o cheiro de incenso. Cheiro de poeira; o cheiro de dama da noite; o cheiro de chiclete de tuti fruti no Cine Patrocínio…

Sabia que até as cidades também tem os seus cheiros característicos?

Quando chove, nossa Patrocínio tem um cheiro de...de não sei explicar... só dela.

Pretrichor: Saudade do cheiro de chuva.


Economia. Muitas vezes, os dados, as informações econômicas surpreendem. O famoso PIB, o Produto Interno Bruto, apresenta surpresas, sobretudo, em Patrocínio e região. O último estudo sobre o PIB patrocinense demonstra mais componentes positivos do que negativos. Tudo que é produzido em PTC (bens e serviços) somam R$ 3,3 bilhões. A parte do PIB que mais produziu é uma variável inesperada. Pouco conhecida, pouco comentada. A parte que menos contribuiu com a formação do PIB já é bastante conhecida. É o “calcanhar de Aquiles” (debilidade, origem da história grega) do desenvolvimento de Patrocínio. IBGE e Fundação João Pinheiro são as fontes.

SIMPLIFICANDO O “ECONOMÊS– PIB de um lugar (país, município, região) é a soma do Valor Adicionado Bruto da Agropecuária (+) Indústria (+) Serviços. E mais, soma a isso os impostos das vendas finais e deduz os subsídios concedidos. Resumindo a prosa: Agropecuária (+) Indústria (+) Serviço (público e privado) (+) Impostos correspondem ao PIB.

PTC ENTRE OS DEZ MAIS – De 2019 para 2020, Patrocínio obteve o 10º lugar em Minas, quanto aos municípios com maiores ganhos na participação no PIB estadual. Ou seja, Patrocínio, em percentual, é uma das dez cidades mineiras que mais cresceram na constituição do PIB, nesse século. Que mais aumenta a sua participação no PIB.

EXPLICANDO EM NÚMEROS – Itabirito é o município que mais aumentou a participação na composição do PIB mineiro. Passou de 0,4% para 1%. Mais que dobrou. Depois vem Mariana (de 0,3% para 0,5%). Em ordem, seguem Uberaba, Congonhas, Extrema, Ouro Preto, Paracatu, Perdizes, Três Marias e Patrocínio. A terra do glorioso CAP passou de 0,4% para 0,5%. Conclusão: PTC aumentou a sua participação no PIB de MG em 0,1%. Diga-se de passagem, em tempo de pandemia também.

RAZÕES PARA O AUMENTO – Itabirito, Ouro Preto, Congonhas e Mariana são devidos o minério de ferro. Três Marias é consequência da Cemig e à metalurgia do zinco. Paracatu é resultado do feijão, carvão vegetal e indústrias ligadas ao agronegócio. O bom vizinho Perdizes teve contexto favorável com o milho, sorgo, trigo e batata, além da fábrica Bem Brasil (batata). Já Patrocínio, justifica o seu aumento na participação por causa da soja, cebola e principalmente trigo. Além desse desempenho, PTC é o líder absoluto na produção/preço do café arábica e o vice-líder também absoluto, na produção de leite no Estado.

BELA E FANTÁSTICA POSIÇÃO NO AGRO – Patrocínio foi o município de Minas que mais aumentou participação na formação do Valor Adicionado Bruto da Agropecuária – “VAB da Agropecuária” (VAB é um dos três grandes componentes do PIB). O líder Unaí caiu de 3% para 2,6%. Uberaba, Paracatu e Uberlândia mantiveram-se no mesmo patamar. Patrocínio, de maneira espetacular, saltou de 1,1% para 1,5%. Deixou na “poeira” (para trás), Perdizes, Coromandel, João Pinheiro, Buritis e até Patos de Minas. À frente, PTC já avista Uberlândia no VAB-Agropecuário (Uberlândia caiu 0,1% em face do milho, sorgo, suinocultura e avicultura). Hoje, Patrocínio é o 5º lugar em MG e Uberlândia o 4º no VAB Agro.

SERVIÇOS PRIVADOS, QUEM DIRIA? – O VAB referente aos serviços prestados pela rede particular (nada que é público) participou na constituição PIB de Patrocínio, indicado em reais, quase a metade do PIB total. Ou seja, de R$ 3,3 bilhões do PIB de PTC, R$ 1,52 bilhão saiu dos serviços privados. Quem pensou que seria advinda a maior parcela do Agronegócio enganou-se. Embora, é bom salientar que o Agro exige também imensuráveis serviços na cidade.

TESOURO AGRO – O valor de R$ 609 milhões da Agropecuária proporciona o 2º lugar na composição do PIB patrocinense. Os outros três componentes são os Serviços Públicos (R$ 440 milhões), a pacata Indústria (R$ 392 milhões), e, os Impostos sobre os produtos finais (R$ 330 milhões). Não se pode esquecer que o 1º maior componente, Serviços Privados corresponderam a R$ 1,52 bilhão. Sob a liderança de Patrocínio, porém agrupando PTC, Perdizes, Monte Carmelo, Serra do Salitre, Patos de Minas e Buritis tem se os municípios que mais avançam no agro em MG. Algo em torno de 6,5% da produção rural dos 853 municípios mineiros é devido a esses seis municípios. A tendência é aumentar o percentual de participação desse grupo progressista.

PATROCÍNIO NO RANKING ESTADUAL DO PIB – No PIB, em reais, PTC posiciona-se em 35º lugar. O que é satisfatório. Já no PIB per capita (média por pessoa) é o 118º. Isso é muito ruim. Indica que há concentração da riqueza no Município. Pois, apresenta que o “patrocinense médio” ganha R$ 3.000,00 por mês. No VAB-Agro é o 5º lugar, superado apenas por Unaí, Uberaba, Paracatu e Uberlândia. No VAB-Indústria ocupa o 76º lugar, o que é ruim (faltam indústrias). No VAB-Serviços Privados (28º) e no VAB-Serviços Públicos (35º), considerados bons. E no último componente do PIB, Impostos, PTC é o 42º lugar em MG. O que é aceitável. Esses números são o verdadeiro progresso da amada Patrocínio. Precisa evoluir em alguns aspectos.


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