O escritor e repórter Luiz Antônio Costa, relembra em seu livro, “O Som da Memória”, sob o título: “A MAIOR TRAGÉDIA DA HISTÓRIA DE PATROCÍNIO"
Um trágico acidente ocorrido em 15 de agosto de 1973, envolvendo patrocinenses em viagem para Romaria, (chamada naquele tempo de cidade de Água Suja). 17 pessoas perderam a vida.
O fato foi, registrado na época nas páginas do Jornal de Patrocínio, (que então contava com apenas dois meses e meio de fundação.)
Um caminhão Alfa Romeo, ano 58, saiu de Patrocínio às três horas da manhã, conduzindo mais de 50 pessoas para a tradicional festa religiosa de agosto em Romaria.
Na localidade de Macaúbas, cerca de 24 Km de Patrocínio, o caminhão se desgovernou “vindo a capotar” ( luiz, apurou, posteriormente para a publicação do referido livro, que o veículo teria caído direto numa vala da Br 365 que se encontrava em construção)…
17 patrocinenses, lamentavelmente perderam a vida.
Entre os quais, o próprio motorista, Ramiro Francisco de Brito, esposa e filhos faleceram no local.
Além dos acidentes fatais, cerca de 36 pessoas ficaram gravemente feridas.
A Santa Casa de Patrocínio, ficou lotada, tal qual um hospital em tempos de guerra, médicos e enfermeiros em força tarefa se desdobraram socorrendo as vítimas.
A população perplexa e comovida não queria acreditar na fatalidade ocorrida.
Eu tinha então 12 anos. Alguém se lembra? Perdeu algum parente? Ou foi alguém que sobreviveu como que por milagre...
Há 50 anos…Uma página de dor e lágrimas. Sem dúvida o dia mais triste na história de Patrocínio e região. ( Anuncio antes, caso a cidade queira fazer algum evento póstumo...Uma oração, uma lágrima, um minuto de silêncio...)
ALGUMAS MANIFESTAÇÕES VIA FACEBOOK
- Marcelo Houston Ptc:
“Lembro de meu pai comentar que estava passando no local e ajudou a socorrer as vítimas, ele era motorista do expresso União e fazia a linha Patrocinio/Uberlândia.”
- Cássia Beatriz:
“Nossa ,eu era pequena, nós morávamos perto deles,vizinhos,Sr Ramiro, Dona Emília, os filhos, e eu perdi nesse acidente minha madrinha, Terezinha, triste lembranças.”
- Rosangela da Silva Vilela:
“Lembro dimais, na epoca a filha do Ramiro estudava na minha classe.Na igreja Santa Luzia vários caixoes , muito triste. “
- Ivani Nascimento Silva:
“Minha prima que morava comigo”.
Ivan da Cunha:
“Até hoje guardo na memória..
Lamentável em todos os sentidos..”
- Cláudio Mendes dos Santos:
“O caminhão não era este, e ele capotou, voou e bateu de frente no barranco.”
- Carlos Alberto:
“Era um FNM do Sr. Ramires. Isto mesmo Cláudio?”
- Cláudio Mendes:
“sim”
- Carlos Alberto:
“Ramiro irmão do Sr. João Branco”
- Cleide Brito Souza:
“Sou filha do João Branco. Presenciei o acidente. Perdemos , tio, tia, 2 primas, marido e filho de uma prima. Cinco filhos do tio Ramiro estavam no acidente mas sobreviveram. Hoje são pessoas maravilhosas que venceram na vida. Um exemplo de união.”
- Vicente de Paulo Costa:
Vi minha mãe receber a notícia de falecimento de meu irmão João Batista da Costa nunca vi
tanto desespero e tristeza muito triste relembrar.
- Humberto Correia:
“Lembro-me, como se fosse hoje esse trágico acidente, estava eu na época com 8 anos.
O saudoso Humberto Cortes, anunciava através da Rádio Difusora AM 590 kHz a triste notícia, deixando toda cidade enlutada.
Na época, morava na Vila Constantino, hoje Bairro.
O tempo nublado, cinzento deixava ainda mais triste e apreensivos, amigos, familiares e conhecidos dos romeiros acidentadas e falecidos.
O motorista do caminhão, senhor Ramiro, segundo relato teve a direção do FNM prensada contra o seu peito.
Na época, faltou sinalização (imperícia) no corte da estrada vindo o caminhão. cair no local, meio a uma armadilha.
Naquela época, ao que parece, ninguém ajuizou nenhum tipo de ação contra a construtora, nem o Estado, responsável pelo asfaltamento da BR 365.
Alguns vizinhos nossos, Milton Magalhães, só não estavam entre os acidentados e os mortos, porque erraram a hora, outros o relógio (Despertador) não tocou.
A notícia a época foi veiculada em nível nacional, era uma manhã de quarta feira, 15 de agosto de 1973.”
- Cleide Brito Souza:
“Isso mesmo. Estavam construindo a 365 e não tinha nenhuma sinalização. Foi muito triste.”
- Maria trindade Bessa:
“Muito triste. A cidade estava em luto num silêncio profundo!”
- Maria do Carmo Xavier:
“Muito triste, lembro de ir em velório próximo da cadeia antiga,mas; aquela antiga
mesmo; fundos bairro S Vicente”.
- José Manuel de Souza:
“Eu lembro como se fosse hoje deste triste acidente. “
Imagem de The Pixelman | Pixabay
Já que vou falar de escritores, livros, crônicas, notícias, aproveito para, antes, explicar porque escolhi este nome “Dente-de-leão” para minhas crônicas do cotidiano.
“Quase todo mundo já soprou um dente-de-leão e observou suas sementes voarem ao sabor do vento. Graças ao formato semelhante ao de um paraquedas, com uma haste presa a um tufo de 100 filamentos (pappus), elas conseguem percorrer longas distâncias antes de caírem no chão. Foi assim que a espécie conseguiu se espalhar pelo mundo”. Explica uma reportagem da Revista de Pesquisa da Fapesp
A escolha se deu por uma razão simples: eu sou um espalhador de informações, opiniões e, por consequência, de ideias. Tal qual o dente-de-leão, só que ao invés de sementes, espalho palavras (que acabam sendo a mesma coisa de forma diferente), que não sei onde vão parar, nem o efeito que vão produzir. Por isso tenho muito cuidado nas coisas que escrevo.
Vamos ao tema de hoje:
Terça-feira desta semana, 25 de julho, foi celebrado o Dia Nacional do Escritor! Em Patrocínio a Sociedade Amigos da Biblioteca (SAB) está realizando uma semana dedicada aos escritores com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo e Biblioteca Pública Municipal. E nesta sexta-feira, dia 28 de julho, às 19h, na Biblioteca Pública Municipal, o 1º Sarau Cultural Livre programação haverá.
“As páginas dos livros, os conhecimentos acumulados ao longo dos séculos, a imaginação que transporta os leitores a mundos desconhecidos e as histórias que os conectam a diferentes realidades e experiências humanas, devem ser preservadas. A preservação literária promovida pelo acervo da biblioteca é um investimento no desenvolvimento humano, na construção de uma sociedade mais influente, crítica e criativa. É uma celebração do poder das palavras para transformar vidas, nutrir mentes e inspirar corações”, diz o texto de divulgação da SAB, com o qual concordo sem mover uma vírgula.
No dia 25 de julho de 1960 é a realizado o Primeiro Festival do Escritor Brasileiro, organizado pela União Brasileira dos Escritores (UBE) sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado — um dos grandes nomes da literatura no Brasil. Tomou-se então, esta data, como o “Dia do Escritor” no Brasil.
O objetivo é ressaltar a importância do trabalho dos escritores e escritoras que, através dos livros, jornais e revistas, formatos digitais (como e-books, sites e blogs) da escrita transmitem conhecimento, cultura, contam histórias, criam personagens e transformam as pessoas e o mundo.
No universo infantil, por ser uma fase de desenvolvimento, o contato precoce da criança com os livros desperta nela o interesse pela leitura, estimulando a fala, a criatividade, a capacidade de raciocínio e proporcionando um universo lúdico através de fábulas, cores e ilustrações. Ler e escrever são hábitos que serão levados para a vida toda e os livros são a base dessa aprendizagem.
Os escritores são homenageados em duas datas: dia 25 de julho, quando, no Brasil, é comemorado o Dia Nacional do Escritor e no dia 13 de outubro, no Dia Mundial do Escritor.
Devemos cobrar mais apoio sobre as dificuldades da classe no Brasil. E precisamos lutar para melhorar as condições dos escritores atuais e incentivar o aparecimento de novo. Não é só os recursos financeiros que promovem este incentivo, mas também a divulgação de seus trabalhos e à proteção de seus direitos de autor.
Aqui na Rede Hoje temos portas abertas para divulgar as obras de qualquer que seja o escritor: novo ou velho, iniciante ou veterano, com ou sem recurso. Assim, creio que estamos fazendo a nossa parte, pois, na condição de escritor, sei o que espera a todos do ramo quando tem uma história pra contar.
Parabéns à SAB que faz um trabalho fundamental para manutenção dos nossos escritores e aparecimento de novos. À Secretaria de Cultura que incentiva como pode as nossas artes e, principalmente, parabéns a todos os escritores do mundo e, especialmente aos patrocinenses que são muitos e diversos. Todos nós merecemos essa comemoração.
Teto de 20% das vagas nas corporações para policiais mulheres ignora o fato de que as demandantes buscam ajuda da policial fardada no momento em que estão diante de episódios agudos de violência. É na figura de outra mulher que as vítimas enxergam proteção e segurança para relatar o que lhes ocorreu
JULIANA LEMES DA CRUZ
Doutora em Política Social – UFF, cabo na PMMG e conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Reprodução
Livro. É muito bom conhecer algum clássico da literatura. E quando esse livro faz referência à terra natal a emoção aumenta. Independente da época. ‘‘A Vila do Patrocínio está em uma das mais lindas e aprazíveis situações. Ocupa o alto e os lançantes de uma colina de pendor suave, encostada de um lado ao topo de uma serra, e gozando pelos outros lados da mais risonha e extrema perspectiva de largos e formosos horizontes.’’ Assim, o notável e imortal da Academia Brasileira de Letras, escritor Bernardo Guimarães, descreve, inicialmente, Patrocínio em seu livro O Garimpeiro (1872). Nesse capítulo sobre a cavalhada, Bernardo, que muito bem conhecia o Município, narra a festa que ocorria no Largo da Matriz (de N. S. do Patrocínio), cuja vila mal ia até onde é hoje a Praça Honorato Borges. O centro era o eixo Largo da Matriz - largo onde é hoje a Praça Tiradentes (antiga cadeia pública). A sinopse do livro, mais citações, descrições do município antigo e razões da intimidade de Bernardo Guimarães com a terra de seu outro ídolo, o célebre Índio Afonso, fazem parte da cultura patrocinense oculta. Ou pouco sabida.
*** A VISÃO DA REGIÃO POR GUIMARÃES - A paisagem existente entre Patrocínio, Araxá e Bagagem (hoje Estrela do Sul) encantava o escritor. ‘‘Quem uma vez tenha percorrido esses férteis e pitorescos sertões nunca mais os perde da lembrança’’, escreve Guimarães em ‘‘O Garimpeiro’’. A casa do personagem Major, no romance, situava-se entre Patrocínio e Bagagem, em um maravilhoso vale. No sertão qualquer fazendeiro abastado tinha um elevado posto na Guarda Nacional. Por isso, a história de Patrocínio mostra número expressivo de coronel, capitão, major e capitão. Todos homenageados pelo Império.
*** CAVALHADA, TIPO PORTUGUESA - Nessa época, Patrocínio já era festeira. As casas da vila eram insuficientes para abrigar tanta gente, vinda das fazendas e arraialetes, distantes, no máximo, 10 léguas (60km), que ficavam despovoados nos dias de festas. A arena, onde ocorriam as cavalhadas, era no meio do largo da Matriz, o centro socioeconômico do Município. A cavalhada tornara-se a maior festa de então. Ranchos improvisados e cobertos de capim, rapazes montados em lindos poldros ou em mulas ajaezadas de prataria desfilando pelas poucas ruas da vila. Isso é o primeiro cenário para o romance.
*** RESUMO DO LIVRO - A obra de Bernardo Guimarães ‘‘O Garimpeiro’’ é dividida em dezessete capítulos. Com cenas reais e cenas criadas pelo autor, similar à outra fantástica obra ‘‘O Índio Afonso.’’ A razão maior da história/romance é o amor/paixão entre o peão Elias, humilde, de Uberaba, e a bela jovem, filha de importante fazendeiro de Patrocínio. Tendo a maravilhosa paisagem e as dificuldades da vida no garimpo, como palco da narrativa. Elias ama e deseja se casar com Lúcia. Mas para conquistar o direito de ser o marido de Lúcia, ele troca o duro trabalho de peão pela vida de riscos nos garimpos da região de Patrocínio. Esses garimpos se localizavam basicamente onde é hoje Coromandel e Estrela do Sul. Ambos os municípios pertenceram ao município de Patrocínio, naquela ocasião.
*** MAIS CONTEÚDO - O livro, romance de ficção regional, narra a vida sertaneja, com os seus hábitos e costumes bem mineiros. Por isso, é uma bem sucedida história sobre os garimpos e as festas de Patrocínio. A natureza, que os patrocinenses das recentes e atuais gerações a dilapidaram, é descrita com riqueza. Esse romance é um dos livros que deram origem ao ‘‘Regionalismo’’, na literatura brasileira.
*** ALGUMAS PALAVRAS USADAS À ÉPOCA - Janta (falada até hoje pelos mineiros) ao invés de jantar. Cavalo doutrinado no lugar de cavalo ensinado. Mequetrefe (trapaceiro, sem valor), grupiara (depósito de cascalho em local elevado), pinta (na mineração), etc.
*** PRINCIPAIS PERSONAGENS - Os patrocinenses Lúcia e o seu rico pai, Major. O jovem e pobre uberabense Elias. Leonel, um moço trapaceiro, ex-noivo de Lúcia. Simão, amigo rico de Elias, que ao morrer, deu diamantes para ele (Elias).
*** RAZÕES DE BERNARDO GOSTAR DE PATROCÍNIO - O escritor/poeta, natural de Ouro Preto (capital de Minas Gerais) foi juiz em Catalão, em duas oportunidades, entre 1852 a 1864. Para tanto, usava a famosa Picada de Goiás, uma estrada para tropeiros. Em Patrocínio, hospedava-se na Pousada da Rua das Pedras, pertencente à Antônio Alves de Oliveira, localizada na região do ribeirão Rangel, onde é hoje o começo do Bairro Morada Nova. Em 1852/1853, o seu irmão foi juiz na Vila de N. S. do Patrocínio, cujo nome era Joaquim Caetano da Silva Guimarães. Com tanta afinidade, Bernardo Guimarães, colocou Patrocínio em duas de suas grandes obras: ‘‘O Garimpeiro’’ e ‘‘Índio Afonso’’. Verdadeiros bestsellers. Dois romances onde se misturam a realidade e a idealidade.