No Município a cor/raça branca é predominante, com quase 52%. Da tão criticada população apurada de 89.826 habitantes, 46.318 são brancos ou seja 51,56%. Foto: Arquivo | Rede Hoje



Histórico. Dia 26/12/23 um evento passaria despercebido, mas fiquei sabendo, e era ruim guardar só pra mim essa notícia. 
Eis que uma comitiva familiar com cerca de cinco carros deixaram a Capital Mineira em direção à Caldas Novas.

Até ai tudo normal. Trivial até. Este mesmo caminho era percorrido desde o século 18, pelos bandeirantes.

Naquele tempo “ Picadas de Goiás”, hoje Br 365; naquele tempo, buscava-se ouro e prata; hoje, lazer e descanso, por que ninguém é de ferro.

Acontece que nestes 200 anos, nenhuma comitiva teve um integrante mais ilustre: Falo de EUSTÁQUIO AMARAL- Nosso, “MENESTREL RANGELIANO” Sim, ele fez parte desta expedição familiar. (Garanto que ele gostaria de vir para o nosso Hotel Serra Negra, mas lá hoje é só cobras, escorpiões, lagartos. Escombros.)

Histórico, pois a última visita de Amaral à “SANTA TERRINHA,” deu-se a oito anos.

À época, sua saudosa esposa, IRENE VAZ AMARAL,( como sempre faziam, uma vez por ano) veio junto. Pela primeira vez ela não integrou o grupo presente fisicamente.

Neste 26, portanto, Eustáquio Amaral e cia, almoçaram na “ Santa Terrinha”. Fazendo o mesmo, dia 02, data do regresso.

A grande ironia é que, obedecendo ordens superiores familiares, fiz o caminho inverso. Estive em Belo Horizonte/ Ouro Preto…

Só de saber que “ Menestrel Rangeliano” um dos patrocinenses mais ilustres de todos os tempos, por algumas horas, numa visita beija-flor, respirou o nosso ar, pisou o nosso chão, bebeu da nossa água, comer da nossa comida, é um néctar para o meu coração. Imagina para o coração dele…

Ontem nos falamos por mais de uma hora ao telefone. Ele já estava em Belo Horizonte eu de cá me convalescendo de um gripão. Que prosa boa, fluente, bairrista, amistosa, fraternal. Sua passagem pela “Santa Terrinha”, foi breve, mas proveitosa. Lá estava “Menestrel, de boas” almoçando com familiares no Restaurante Traira’s, pensando que passaria anônimo. Passou por alguns desavisados, mas não por uma jovem senhora com o olhar cor de doce de cidra: ANDREIA RIEIRO DE ALMEIDA , Superintendente do Hospital do Câncer em Patrocínio. “- Mas aquele é o Dr Eustáquio Amaral!” exclamou ela para o filho que lhe acompanhava. Daqui a pouco me chagava no Wats uma foto, com ele : “ Milton, Olha quem eu encontrei aqui no Traira’s!” Há tempos, Andreia acompanha a saga da construção do hospital com admirável determinação e garra. Ela sabe da importância da recente participação do Dr Eustáquio Amaral, para a instituição e para a saúde de Patrocínio. Numa foto ela visita ele, em Belo Horizonte; na outra, o encontro casualmente na “Santa Terrinha”. Seu abraço foi, portanto representativo.

Menestrel” com o tempo contado. Não abriu mão de levar um Café Constante; uma passadinha pelo “Estádio Pedro Alves do Nascimento” “Aqui é o estádio onde o Galo vai perder para o CAP” ( E olha que ele é um torcedor do Clube Atlético Mineiro, mas aqui a paixão pelo Timão Grená sempre falou mais alto.) Uma passadinha na sua Av. José Maria Alkmim. Via a sua lendária casa amarela. Passou pela João Alves do Nascimento. Viu prédios que não conhecia. Conferiu brevemente, a preservação histórica, a arborização. Respirou fundo... E eis que a revoada de beija- flores já deixava o jardim pela Dom Almir Marques...

Menestrel Rangeliano” pisou na “Santa Terrinha”...




Tanto este quando o abaixo são aviões da Real na época. Fotos:site
 
Aviação Comercial

Aéreo. É o meio de transporte mais confortável e rápido para médias e grandes distâncias. Isso não é novidade. Todavia, até existir a empresa Gol, fundada pelo empresário genuinamente patrocinense Nenê Constantino e filhos, em agosto de 2000, inusitado é dizer que, Patrocínio contou com linhas aéreas comerciais. E até já foi centro regional de embarque e desembarque de passageiros. Além, é claro, de ter sediado, na região, os primeiros primitivos “Teco-teco”, desde há mais de 80 anos.

EMPRESAS QUE POUSAVAM EM PATROCÍNIO – Anos 50. No começo da década, havia a linha aérea BH, Patos de Minas, Patrocínio e Uberlândia. O mapa de rotas da Viabrás-Viação Aérea Brasil S/A e Nacional a mostrava. Mas, entre os patrocinenses, as empresas conhecidas foram a Real e Nacional.

SAGA AÉREA – A empresa Real Aerovias existiu de 1946 a 1955, no Brasil. A Transportes Aéreos Nacional, sua direta concorrente, existiu também, no mesmo período. A Viabrás (1942-1955), após acidente fatal (Goiás), com um avião DC-3, em 1952, entrou em decadência, sendo adquirida, em 1955, pela sua parceira (desde 1949), a Nacional. Assim, por ser coligada, em Patrocínio quem atuou, inicialmente, foi a Nacional, nos primeiros anos da década de 50, nessa linha.

A REAL AEROVIAS E OUTROS DESTINOS – Até 1955, provavelmente atuaram em Patrocínio a Nacional (parceira da Viabrás) e a Real. A ligação de Patrocínio com Araguari, Uberaba e BH, deve ter sido explorada pela Real (este autor conheceu gente que viajava para Araguari, pela Real). Na verdade, de 1956 a 1961, existiu apenas a Real (adquirira a Nacional e a Viabrás). Portanto, essa empresa (Real) permaneceu no ar de 1946 a 1961, quando foi comprada pela Varig.

COMO ERAM OS AVIÕES – O DC-3 era a aeronave que pousava no “Campo de Viação” (nome dado aos aeroportos, pista de chão, nos Anos Dourados). O de Patrocínio situava-se na atual Av. Faria Pereira com Rodovia para BH (lado esquerdo para quem se dirige ao bairro Serra Negra). Esses aviões foram produzidos de 1936 a 1950, com capacidade para 21 a 32 passageiros. Seis janelas de cada lado, duas hélices, dois tripulantes e velocidade “de cruzeiro” de 310 km/h. Portanto, durava cerca de uma hora a viagem BH-PTC. Uma das quatro aeronaves existentes na empresa sempre servia a Patrocínio (PP-KAA ou PP-KAB ou PP-KAC ou PP-KAD).



PASSAGENS E PASSAGEIROS – O escritório da Nacional, depois Real, era na Praça Santa Luzia (pista da Rua Presidente Vargas). Lá, as passagens eram adquiridas pelos patrocinenses e por gente de outras cidades, que desejavam chegar mais rápido, sobretudo, a BH e Uberaba (centro médico e educacional do Triângulo Mineiro, naquele tempo). Por exemplo, Coromandel, Serra do Salitre, Monte Carmelo (a partir, dos meados dos anos 50, havia em alguns dias, voos de Monte Carmelo para BH e Araguari, também).

CONHECIDOS PATROCINENSES NOS AVIÕES – Em 1958 e 1959, alguns patrocinenses estudavam no Colégio Diocesano, de Uberaba. Tais como: os irmãos José Maurício (hoje, cirurgião plástico famoso em BH) e Totonho Figueiredo (craque do futebol, hoje residindo na cidade), ambos filhos do médico José Figueiredo, e, João Borges Alves (filho de Elmiro Alves do Nascimento, residente na cidade). Esses estudantes e seus familiares usavam os voos da Nacional-Real. A passagem custava CR$ 15,00 (quinze cruzeiros). Barata, pois o internato no curso primário (Diocesano) custava CR$ 150,00 (moeda da época). Ou seja, 10 vezes mais do que o custo da passagem.


O AEROPORTO DE PATROCÍNIO – Como o avião Douglas DC-3 exigia 700 metros de pista para decolar e aterrissar, a pista de chão e muito capim era de quase 800 metros. Havia um hangar de madeira, onde tinha dois pequenos aviões estacionados (Teco-teco). Às vezes, acontecia de ter uma terceira aeronave pequena no lado externo do hangar. O gerente de tudo isso, nos anos 50/60, era Abrahão Nader (irmão da médica Nalzira Nader), que quando o DC-3 estava chegando, ele tinha que tirar animais da pista (cavalo, vaca, carneiro, etc.).

PRIMÓRDIO DA AVIAÇÃO PATROCINENSE – No período 1941/42/43, surgiu em Patrocínio o seu primeiro piloto e instrutor aeronáutico, Elias Alves da Cunha (família Manoel Nunes). Em 1943, foi inaugurado oficialmente o “Campo de Avião” (nome antigo de pequeno aeroporto), com dois aviões, modelo Paulistinha (Teco-teco). Pertenciam a Hélio Marinsek e a Elias Alves da Cunha, que também era mecânico aeronáutico. Wanda Pereira, tornou-se a primeira mulher a pilotar, no Município. Juntamente, com Etelvina Barbosa Cunha, esposa de Elias, o “descobridor” do avião para Patrocínio.

POR FIM – Esta crônica foi motivada por conversa deste autor com o escritor de Coromandel, José Humberto, e, com o grande jornalista patrocinense Márcio Araújo (irmão do saudoso Marcelino Araújo). Atualmente, José Humberto escreve o livro sobre “Cem anos de Coromandel, como Município” (pequena parte desta crônica fez parte da referida conversa).




Hoje, Patrocínio tem suas companhias de teatro. Arve’Luz Teatro e Poesia, Cia Máxima de Teatro, CIA. Sonhos Teatrais, Cia Borboletas no Aquário, Grupo de Teatro Sónois, Coletivo Recomendado, só que me lembro. São respeitados, ganhadores de prêmios e só não são inteiramente profissionais porque os atores, diretores e técnicos têm outras atividades. O maior nome do teatro em Patrocínio é Flávio Arvelos, ninguém contesta isso. Mas existem outras dezenas de pessoas, formadas pelo Flávio, ou não, ligadas as artes cênicas na cidade. E as artes cênicas sempre foram uma das características do patrocinense.

No primeiro ano da década de 1960, tenho apenas seis anos. Em Patrocínio, duas coisas fervilham: o cinema e o teatro (bem menos frequente). Também pudera, são as únicas fontes de lazer da cidade para quem não gosta de futebol – os adeptos do esporte ainda têm o Patrocínio Esporte, semiprofissional, para ver.

Na ocasião, todos os cinemas têm “teatro” também na denominação porque, além da tela, possuem grandes palcos e até coxia (bastidores, o lugar fora do palco em que o elenco aguarda sua deixa para entrar em cena). É o caso do Cine “Teatro” Rosário e, depois, do Cine “Teatro” Patrocínio. Ali, de vez em quando, são apresentadas peças, montadas por companhias vindas de outras regiões. É mais frequente a apresentação dos artistas locais.


Segundo o grande locutor sertanejo, Humberto Côrtes, certo dia a cidade vai viver um desses seus grandes momentos. A apresentação de uma peça dos atores locais. Os artistas são professores, gente do comércio, jornalistas, entre outros.

Quase sempre, o rádio (que na época tem os artistas próprios, que se apresentam no radioteatro) fornece o maior número de artistas e figurantes. O Humberto Côrtes é um deles. O Assis Filho, brilhante locutor esportivo, cantor e artista, é outro.

O Cine Teatro Rosário está lotado. Todos os 500 lugares ocupados. O burburinho do público abrindo as cadeiras, conversando, deixa qualquer ator nervoso. Imagine quem vai entrar no palco pela primeira vez? É o caso do Humberto Côrtes.

Começa o espetáculo. Cena vai, cena vem, e o Humberto na coxia, esperando sua hora de entrar. Lá pelas tantas, para aumentar seu nervosismo, falta algo fundamental no palco. A cena é do experiente e tranquilo Assis Filho, que faz o papel de um marido traído. O texto da peça manda que a pessoa que seria sua mulher na representação, tenha uma carta nas mãos, diga:

—Nossa, meu marido não pode nem sonhar que recebi uma carta do Alfredo. Tenho que queimá-la!
E põe fogo na carta.
O problema é que o contrarregra se esqueceu de colocar a caixa de fósforos ou o isqueiro no palco. Então, sem outra saída, a atriz rasga a suposta carta. O Assis entra no palco, como se estivesse entrando na sala do casal, vê a expressão da mulher, olha para os lados e deveria dizer:

—Nossa! Que cheiro de papel queimado!
Mas, quando entra no palco, faz todo aquele drama e não vê papel queimado, Assis acha a solução na criatividade, e diz:
- Nossa! Que cheiro de papel... rasgado!
Ninguém desconfia. O Assis volta para a coxia e reclama:
—Gente, me deixaram numa fria, tive que improvisar.
E é nesse momento que Humberto Côrtes vai entrar em cena. Ele olha por uma abertura da cortina e vê todo aquele movimento. Os parentes de toda a região, convidados para ver sua “performance”, ansiosos.
Ele pensa: - Tô perdido! Mas entra em cena.
Humberto faz o papel de um garçom que entra naquela sala de clima pesado, com uma bandeja de chocolates, e oferece à moça. Sua fala:
—Chocolates, senhorita?
Ele entra em cena, caminha trêmulo até a atriz e solta:
—Chocolita, senhorate?
Foi sua primeira e última atuação como ator de teatro. Daí pra frente, só atrás do microfone.

Crônica integrante do meu quinto livro — segundo da série — "O Som da Memória, A Volta", lançamento breve

Subcategorias

Todas as notícias